Ninguém espera de nós a solução de um problema, o consolo de um bom conselho, a conclusão feita da experiência. Todos nos querem usar como câmara de eco da sua completa solidão e ouvi-los é apenas estar ali como uma espécie de espelho que lhes devolve o movimento dos lábios, mas não o som que eles emitem.A vida é um filme mudo, às vezes a cores, mas mudo, irremediavelmente mudo.
03/12/2015
"como câmara de eco"
Talbot Hughes, ECHO, 1900, daqui
Ninguém espera de nós a solução de um problema, o consolo de um bom conselho, a conclusão feita da experiência. Todos nos querem usar como câmara de eco da sua completa solidão e ouvi-los é apenas estar ali como uma espécie de espelho que lhes devolve o movimento dos lábios, mas não o som que eles emitem.A vida é um filme mudo, às vezes a cores, mas mudo, irremediavelmente mudo.
António Mega Ferreira, A Blusa Romena. Lisboa: Sextante, 2008, p 212.
Ninguém espera de nós a solução de um problema, o consolo de um bom conselho, a conclusão feita da experiência. Todos nos querem usar como câmara de eco da sua completa solidão e ouvi-los é apenas estar ali como uma espécie de espelho que lhes devolve o movimento dos lábios, mas não o som que eles emitem.A vida é um filme mudo, às vezes a cores, mas mudo, irremediavelmente mudo.
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Procure no Youtube a Adele com o Jimmy Fallon, ana.
ResponderEliminarE, já agora, a Miss Piggy Adele.
Vale a pena.
Beijinhos
Pedro,
EliminarVou seguir o seu conselho. Obrigada. :))
Beijinho.:))
Tenho de voltar com mais tempo que o Mega Ferreira merece.
ResponderEliminarbea,
EliminarSim, ele merece um tempo atento.
Li este livro há algum tempo mas guardei este registo, porque me encheu as medidas e neste momento cruza-se com o livro de Tordo.
Apesar de estar a gostar da escrita deste último autor, António Mega Ferreira é mais especial, quanto a mim.
João Tordo faz-me lembrar Paul Auster de quem li muitos livros há uns anos. Li que Auster foi uma referência para Tordo e, realmente, é um facto.
Boa noite. :))
"Como passar o sofrimento a alguém
ResponderEliminarSe não sente essa dor que nos doeu
Se o outro não é um outro eu?
Ainda que com tudo a parecer bem
Estamos sós numa estrada em desalinho
A tirar pedras nossas do caminho!"
GA
...mas os teus conselhos são tão preciosos! bjinho
Os teus versos são lindos, Graça.
EliminarJá conhecia e ligam muito bem com este registo.
Sou fã de António Mega Ferreira.
Beijinhos. :))
~~~
ResponderEliminar~ Um modo belíssimo e inteligente de concretizar o eco
e a muito Interessante teoria do eco e filme mudo de AMF.
Adele -
- cantora excecional - está cada vez mais bonita e doce...
~~~ L i n d o! ~~~
~~~ Beijinho. ~~~
Obrigada, Majo.
EliminarBeijinho. :))
Fiquei pensando no eco, mesmo sem ter lido a obra de Mega Ferreira. Será que é mesmo o que queremos dos outros, que sejam o eco da nossa voz? Diria que não. Que às vezes somos um tanto cobardes e gostávamos mesmo era da solução ou do conselho que a aponta ou a faz viável e o eco só nos perpetua as indecisões, os rancores, as alegrias. Tudo. Não acrescenta.
ResponderEliminarPorém, não havendo eco no outro, que é como quem diz, se o que lhe contamos resvala e não faz mossa, para quê dizer?! Se ele apenas nos repete...é um bocadinho inútil. E será que alguém desabafa só para obter essa atenção de nada?! Bom. Até pode ser. A solidão humana é uma coisa séria. Um promontório, às vezes. Num conto russo mais ou menos célebre, não havia um homem que desabafava com o cavalo? Era o único que o escutava. Portanto, pode-se até desabafar sem eco. O cavalo não dava conselhos, mas ouvia mansamente e fazia-lhe companhia. Talvez haja variações no ecoar. Quem sabe o cavalo era melhor que uma parede...
Não penso que a vida seja um filme mudo senão de vez em quando. Mas apreciei a perspectiva.
bea,
EliminarGosto muito de António Mmega Ferreira, pois tem uma sensibilidade extraordinária.
Gostei do que escreveu. O cavalo, personagem, é bem a imagem do espelho de AMF.
Boa noite. :))
Concordo com Bea. Eu quando falo a alguém dos meus problemas, tenho esperança que os outros, se tiverem boas ideias, que me ajudem. Ou se não puderem ajudar, pelo menos que me consolem. Mas achei o texto bonito, apesar do pessimismo. Bjs!
ResponderEliminarMargarida,
EliminarTambém concordo consigo. Porém, às vezes só nós próprios nos podemos ajudar, os outros podem dar-nos o afecto, o abraço, mas a resposta tem de estar dentro de nós.
Beijinhos. :))
É bom ter alguém que nos saiba ouvir e entenda os nossos problemas, mesmo que não tenha a poção mágica.
ResponderEliminarRelembro aqui um poema do AMF :
Esquece-te de Mim, Amor
Esquece-te de mim, Amor,
das delícias que vivemos
na penumbra daquela casa,
Esquece-te.
Faz por esquecer
o momento em que chegámos,
assim como eu esqueço
que partiste,
mal chegámos,
para te esqueceres de mim,
esquecido já
de alguma vez
termos chegado.
in “Os Princípios do Fim”
Desculpa o espaço que te ocupei, Ana e a minha falta de tempo.
Um beijo muito amigo.
Que lindo, João.
EliminarObrigada.
Gosto muito que ocupe o espaço que quiser, nunca é muito.:))
Também ando atrapalhada com trabalho.
Beijinho. :))
Apesar de já ter lido excertos da obra de Mega Ferreira, confesso que ele não ocupa um lugar no meu Parnaso.
ResponderEliminarNo entanto, a parte que aqui transcreve está perfeitamente de acordo com o que penso sobre o que as pessoas esperam de mim enquanto ouvinte, ou melhor, confidente. Eu também me incluo neste conjunto.
Sei à partida que os outros não possuem o remédio para os meus problemas (quem dera! mas se alguém o tiver serei eu seguramente), por isso "uso-os" para exteriorizar esses mesmos problemas, para os escorraçar dos cantos escuros, envolventes e convenientes onde se escondem, e de onde me envenenam a vida, pois sinto que só me é possível combater o que está à minha frente, por muito que custe (e, a maior parte das vezes, custa).
Só assim me parece conseguir tornar percetível o que me preocupa e, quando possível, arranjar forma de o resolver (nem sempre é possível, claro, mas a esperança pode ser terrivelmente enganadora ...)
Exteriorizar é um processo de clarificação e escalpelização do que nos consome e os que elegemos como ouvintes nem sempre estão próximos de nós - é-me mais fácil falar com um desconhecido inócuo, mas ouvinte, que uma pessoa que me esteja emocionalmente próxima, e que provavelmente tentará ajudar através de um processo dinâmico, a maior parte das vezes apologista do canto da sereia do "coitadinho", o que, sei, não me é útil. Tentam "envolver-me em algodão em rama", e, na verdade, não é disso que necessito.
Antes existiam os homens da fé que, com uma penada, tudo desculpabilizavam, e ia-se para casa de consciência tranquila.
Hoje existem os profissionais, mas, tal como os homens da fé, é necessário acreditar neles!
Cada vez a situação me parece menos simplista.
Peço desculpa pela quantidade de espaço que lhe tomei.
Um bom final de semana :-)
Manel
Manuel,
EliminarGostei muito de ler o seu comentário. Não ocupou nada e se ocupasse, era muito bem ocupado pois, escreve tão bem.
Dá muito gosto ler a exposição do seu raciocínio.
Que pena o AMF não fazer parte do seu Parnaso. :)) Do meu faz porque ele toca em assuntos e temas que me encantam. Itália, para começar... e poderia ir por aí fora.
É bom haver gostos diferentes. Quanto ao seu eco, compreendo-o perfeitamente e concordo totalmente. Um "desconhecido inócuo" facilita uma abertura total pois não nos envolve em linho, para utilizar outra metáfora. :))
Temos que ser nós, sempre nós/eu, a resolver os nossos problemas pois somos apenas um indivíduo sem espelhos, recebemos, emanamos, choramos ou sorrimos mas no final, qualquer palavra amiga por muita ajuda que dê não se encontra connosco quando estamos sós.
Boa noite e muito obrigada pela sua presença. :))
Que bela imagem! Um beijo
ResponderEliminarObrigada, Maria João.
EliminarSaudades.
Beijinho. :))
Um post muito interessante, com alguns comentários de nota alta. A Ana, pelo que vai suscitando nos seus leitores, está de parabéns.
ResponderEliminarUm beijinho :)
AC,
EliminarObrigada, pelo seu comentário.
Espero que a partilha seja sempre a beleza em construção. Se calhar estou a ser vaidosa, perdoe-me.
Beijinho. :))
A beleza da imagem e, com a ajuda do AMF, mais uma oportunidade de reflexão.
ResponderEliminarQuem é que ouve (escuta) o que eu digo, quem é que sente o que eu sinto?
Temos a tendência de receitar panaceias prontas a usar, sem ter sequer compreendido o outro. O tempo... o chinfrim em que vivemos mergulhados.
O tempo tem-me feito intermitente.
Agostinho,
EliminarO tempo tem limitado as minhas visitas, a minha partilha.
Obrigada pelo seu comentário. É verdade, às vezes, estamos fechados em nós e não vimos os outros. Às vezes vimos os outros mas não sabemos como chegar-lhe.
Boa noite. :))