Casa portuguesa, Óbidos
Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
Reinaldo Ferreira (filho)
Porque é um dos fados que menos gosto, apesar da excelente letra, optei pela Serenata de Carlos Paredes.
Para celebrar os 35 anos de carreira de Rui Veloso aqui fica Paredes e Rui Veloso em Porto Sentido.
Claro, é para o João Menéres para a sua rubrica "Porto Meu".
Publicada hoje num breve intervalo após o comentário do Rogério. Sim, as letras do Carlos Tê são maravilhosas. Foquei Reinaldo Ferreira porque me pareceu que casava melhor com a fotografia.
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
És cascata, são-joanina
Erigida sobre o monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Carlos Tê
Claro, é para o João Menéres para a sua rubrica "Porto Meu".
Publicada hoje num breve intervalo após o comentário do Rogério. Sim, as letras do Carlos Tê são maravilhosas. Foquei Reinaldo Ferreira porque me pareceu que casava melhor com a fotografia.
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
És cascata, são-joanina
Erigida sobre o monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Carlos Tê
(1992)
Obrigado, Ana !
ResponderEliminarEsta é a única do Rui Veloso que gosto !
Também não aprecio nada o Pedro Abrunhosa...
Uma vez mais, muito obrigado.
Um beijo.
De nada, João.:))
EliminarEsta música é um achado.
Beijinho.
Sobre Carlos Paredes, a solo e emparceirando com Rui Veloso, não falemos
ResponderEliminarSobre o "Porto Sentido" tocado em parceria, não falemos
Sobre uma letra que lhe agrada, num fado que não lhe agrada nada, não falemos
Poderíamos falar das (maravilhosas) letras de Carlos Tê
Ninguém fala
e eu me interrogo: porquê?
Rogério,
EliminarO Carlos Tê escreve muitíssimo bem e a letra de Porto Sentido é muito bonita mas não casava tão bem com a foto.
Quanto a Reinaldo Ferreira, o seu poema pode dizer-se datado, pois pertence a uma época já ultrapassada (felizmente). Penso que o filho do Reporter X só podia escrever com ironia...
Em suma, o Carlos Tê não veio à baila porque a foto não trata do casario do Porto.
Boa noite.:))
Vou contar um segredo - a versão de Porto Sentido que aqui publica é uma das escolhidas para uma rubrica que tenho às quintas-feiras no blogue (Intemporais).
ResponderEliminarMas não conte nada a ninguém que ainda falta muito tempo para ser publicada.
Beijinhos
Pedro,
EliminarTentei encontrar o blog mas não consegui.
Beijinhos.:))
Bonita fotografia, Ana.
ResponderEliminarJá não vou a Óbidos há 10 anos, parece-me.
Beijinho!
Sandra,
EliminarVale sempre a pena revisitar e beber uma ginja no copo de chocolate.:))
Beijinho.
Um post bem português, Ana!
ResponderEliminarSão tão bonitas estas casas...
Amália, Rui Veloso, Carlos Paredes... do melhor!
Um beijinho (português).:))
Obrigada, Cláudia.
EliminarGosto muito destes vivos azuis ou amarelos. Acho que gosto mais dos amarelos.
Beijinhos.:))
Belos poemas, embora goste mais do "Porto Sentido". A casa de Óbidos é linda. Beijinhos, Ana!
ResponderEliminarTambém gosto mais, Margarida.:))
EliminarObrigada.
Beijinhos.
Gostei imenso da foto! Só fui a Óbidos uma ou duas vezes. Gostei muitíssimo:)
ResponderEliminarUm beijinho:)
Isabel,
ResponderEliminarÓbidos é especial.
Beijinhos.:))
As casas, daqui e dali, o reflexo dum certo jeito de ser português...
ResponderEliminarUm beijinho, Ana :)
AC,
ResponderEliminarÉ esse o espírito.
Beijinho.:))
A casa portuguesa com certeza! O equilíbrio das proporções o enquadramento, as cores, a singeleza conferem à casa portuguesa mais personalidade e beleza que o casario parido nas últimas décadas. Mas deve ser recuperada e adaptada aos tempos actuais conferindo-lhe condições de conforto condizentes com o nosso estilo de vida.
ResponderEliminarNa música e nas letras: a primeira a d'"a alegria da pobreza ... e só amor pão e vinho..." tem aquele espírito redutor e miserável que infelizmente condiciona ainda grande parte da população; O Carlos Tê faz com mestria na suas letras o retrato físico e social da nossa realidade. O Paredes foi um virtuoso da guitarra portuguesa.
Boa semana
Não é outro blogue, ana.
ResponderEliminarÉ uma rubrica que tenho no blogue às quintas-feiras e que se chama Intemporais
Belo post! Muitos Parabéns :)
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