Por vezes julgo que a serenidade só se pode alcançar atrás de uma porta assim:
Porta das Siervas de S. José, Casa de Santa Teresa de Jesus, Salamanca
Vivo sin vivir en mí
Sólo con la confianza
vivo de que he de morir,
porque muriendo, el vivir
me asegura mi esperanza. 35
Muerte do el vivir se alcanza,
no te tardes, que te espero,
que muero porque no muero.
Mira que el amor es fuerte,
vida, no me seas molesta; 40
mira que sólo te resta,
para ganarte, perderte.
Venga ya la dulce muerte,
el morir venga ligero,
que muero porque no muero. 45
Aquella vida de arriba
es la vida verdadera;
hasta que esta vida muera,
no se goza estando viva.
Muerte, no me seas esquiva; 50
viva muriendo primero,
que muero porque no muero.
Vida, ¿qué puedo yo darle
a mi Dios, que vive en mí,
si no es el perderte a ti 55
para mejor a Él gozarle?
Quiero muriendo alcanzarle,
pues tanto a mi Amado quiero,
que muero porque no muero.
Vivo sin vivir en mí
Vivo sin vivir en mí,
y de tal manera espero,
que muero porque no muero.
Vivo ya fuera de mí
después que muero de amor; 5
porque vivo en el Señor,
que me quiso para sí;
cuando el corazón le di
puse en él este letrero:
que muero porque no muero. 10
Esta divina prisión
del amor con que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo,
y libre mi corazón;
y causa en mí tal pasión 15
ver a Dios mi prisionero,
que muero porque no muero.
¡Ay, qué larga es esta vida!
¡Qué duros estos destierros,
esta cárcel, estos hierros 20
en que el alma está metida!
Sólo esperar la salida
me causa dolor tan fiero,
que muero porque no muero.
¡Ay, qué vida tan amarga 25
do no se goza el Señor!
Porque si es dulce el amor,
no lo es la esperanza larga.
Quíteme Dios esta carga,
más pesada que el acero, 30
que muero porque no muero.
Sólo con la confianza
vivo de que he de morir,
porque muriendo, el vivir
me asegura mi esperanza. 35
Muerte do el vivir se alcanza,
no te tardes, que te espero,
que muero porque no muero.
Mira que el amor es fuerte,
vida, no me seas molesta; 40
mira que sólo te resta,
para ganarte, perderte.
Venga ya la dulce muerte,
el morir venga ligero,
que muero porque no muero. 45
Aquella vida de arriba
es la vida verdadera;
hasta que esta vida muera,
no se goza estando viva.
Muerte, no me seas esquiva; 50
viva muriendo primero,
que muero porque no muero.
Vida, ¿qué puedo yo darle
a mi Dios, que vive en mí,
si no es el perderte a ti 55
para mejor a Él gozarle?
Quiero muriendo alcanzarle,
pues tanto a mi Amado quiero,
que muero porque no muero.
in Lira Mística, Poesías Completas
Santa Teresa de Jesus e San Juan de la Cruz, 6ª edición, (Introducciones Alberto Barrientos y José Vicente Rodríguez),Madrid: Editorial de Espiritualidad, 2011, p. 29-31.
A tela é uma cópia e está na Casa das Servas de S. José de Santa Teresa.
As magníficas postagens que fazes, Ana !
ResponderEliminarMuito obrigado.
Um beijo.
João,
EliminarEu é que agradeço o incentivo.
Beijinho. :))
Só a sensibilidade da ana poderia ter como resultado um post como este.
ResponderEliminarBeijinhos
Obrigada, Pedro.
EliminarBeijinho. :))
Bonito, isto
ResponderEliminarRogério,
EliminarSanta Teresa de Ávila escrevia muito bem.
Um abraço. :))
A Ana traz-nos um ar diferente, não habitual, hoje em dia, que, alegadamente, abafa a individualidade do ser; no entanto, perante a complexidade e o caos que se desenvolvem na sociedade, o apelo para o isolamento e a vivência de experiências místicas ganha dimensão. É resposta para a intranquilidade de muito boa gente (?).
ResponderEliminarBom trabalho: fotografia, poesia, melodia.
Agostinho,
EliminarObrigada, tenho um carinho especial por esta mulher/santa. :))
Boa noite!
Tudo muito belo
ResponderEliminarem comunhão de bens
:)))
ResponderEliminarObrigada.
Um abraço!
Gostei muito escadas grossas em madeira... e a porta, sim, remete sempre para um ideal, algo inatingível, porque desconhecido... talvez também a serenidade se possa ter no meio do barulho, desde que saibamos estar sintonizados com o quarto da paz...
ResponderEliminarbeijo amigo
Daniel,
ResponderEliminarObrigada pelas palavras e pelo ruído sereno. :))
Beijinho.
Quando muito jovem fui educado num local de ensino religioso, o qual se encontrava próximo de um Convento da Ordem das Carmelitas Descalças, habitado por religiosas, na sua maioria espanholas.
ResponderEliminarA solidão daquelas mulheres, longe da sua pátria e isoladas de tudo e de todos, levava-as a receber num determinado dia as crianças que viviam ao lado, igualmente solitárias e isoladas das suas famílias.
A regra religiosa, creio que severa, leva-as a receberem-nos por detrás de gradeamentos quadriculados, metálicos, como prisioneiras que eram, e pesados reposteiros, o que não nos permitia nem sequer lobrigá-las, no entanto perguntavam-nos coisas do nosso dia-a-dia, admoestavam, incentivavam (adivinho que eram conhecedoras dos nossos (in)sucessos, medos ou patifarias), ofertavam-nos pequenas coisas, por elas mesmas confecionadas, e cujo intimismo nos fazia sentir mais próximos do aconchego familiar.
Julgo que o seu papel foi importante para alguns de nós, se não todos.
Ainda hoje consigo recordar, e não o consigo fazer sem nostalgia, o cheiro a cera, o branco pristino das paredes a contrastar com o soalho brilhante, castanho escuro, refletor, as rosas que perfumavam e inundavam o ambiente (o claustro do convento era um jardim coalhado de flores), a limpeza perfeita de todos os objetos, as iguarias que nos esperavam no final da "audiência", e o livro que por vezes nos calhava, premiando o sucesso de final de ano.
É evidente que não se pode extrapolar este tipo de comportamento para todas as religiosas (já ouvi relatos de arrepiar o cabelo, que, aliás, não tenho), mas ficou-me a paciência resignada das palavras escolhidas de quem não foi mãe (quiçá alguma tivesse sido, não o sei), mas a quem não faltava uma sensibilidade especial e maternal, para lidar com crianças, ainda que talvez não tivessem o saber para escrever textos tão bonitos como o que apresenta.
Estas fotos que acrescentou levou-me numa viagem ao passado, e, para não variar, alongo-me
Manel
Manuel,
ResponderEliminarAinda bem que se alongou e que ofereceu esta história interessante que viveu.
A minha passagem pelo "reposteiro e pelo quadriculado" foi muito efémera, numa visita breve e sem essa vivência de carinho e de sabedoria, mesmo que singela. Estou a recuar uns anos quando tentei, numa visita ao Carmelo de Coimbra, falar com a irmã Lúcia, em vão.
Nesta casa que visitei em Salamanca estive mais tempo. A visita guiada por uma serva de S. José de Santa Teresa foi narrada com beleza. Nela contou com fervor a passagem da sua mentora por aquela cidade e as vicissitudes porque passou. A visita terminou ao cimo das escadas que se vê na fotografia, na capela, onde ouvi precisamente este belo poema místico de Santa Teresa de Ávila.
Boa noite e obrigada. :))