13/09/2014

"habitar o coração dos homens"

o frio parecia sempre
habitar o coração dos homens
como se ser inverno fosse próprio de existir
tudo cheirava a homem e ao seu princípio

Pedro Teixeira Neves, A Morte Milagreira
Colecção "100 Anos da Grande Guerra"
Lisboa: Glaciar, 2014, p.11

Otto Schubert, postal que enviou durante a 1ª Guerra Mundial para a família. (link)

Da pequena colecção de seis volumes, "100 Anos da Grande Guerra", só li quatro livros. Entre os quais saliento: "A Morte Milagreira" de Pedro Teixeira Neves cujo autor foi uma verdadeira revelação. 
Anoto também o livro de Luísa Beltrão: "Moscas nos Olhos"  que me deu prazer ler. Aliás, foi mesmo o que mais gostei. 
Contudo, de Pedro Teixeira ficou um sabor interessante, daqueles que o café deixa. Sim. Vou ter que ler mais livros deste escritor/jornalista que possui no rol um que me chama a atenção: "Uma Visita a Bosch".




Jean Crotti, La Femme à la torque rouge, 1915


[...] não me cortes as asas,preciso de estar contigo, de partilhar a vida contigo.
...
Na guerra, tudo se dilui na luta básica pela sobrevivência, mas quando ela acaba, as guerras internas tomam de novo conta de nós, ambíguas, enredadas. (p. 91)

Luísa Beltrão, Moscas nos Olhos, Filippa na Grande Guerra. Colecção "100 Anos da Grande Guerra", Lisboa: Glaciar, 2014, p. 32 e 91.

Os títulos da colecção são:
- Um Gosto pela Perfeição de Francisco José Viegas;
- Moscas nos Olhos, Filippa na Grande Guerra de Luísa Beltrão;
- A Guerra Nunca Acaba de Manuel Jorge Marmelo;
- A Morte Milagreira de Pedro Teixeira Neves;
A Secretária de Sidónio Pais de Rita Ferro e
Benigno de João Tordo. Os dois últimos são os que me falta ler.

[Quantos não caíram na neve?]

13 comentários:

  1. Aninhasamiga

    Já li os seis, aliás coleccionei-os; em cada sexta-feira quando ia ao supermercado - não digo qual mas é o daquele senhor que põe os €€€€ na Holanda... - e o senhor da papelaria mos guardava com um pos-it amarelo: Dr. Antunes.

    São uma visão especial e interessante sobre a Grande Guerra de 14/18. E não digo de qual gostei mais por não querer ser acusado de plágio à "proprietária" deste (In)cultura.

    Porém acabo de reler "Salgueiro Maia - um Capitão de Abril" e volto a ler "Uma rã no charco" de Almeida Santos (que foi cortado pela censura salazarenta)

    Nestas coisas de livros ando sempre acompanhado deles. Daqui e dali deste autor e daquele autor. Mas leio nos intervalos do que escrevo. Adoro escrever, como sabes querida Amiga. E ando muito chateado por não encontrar editor ou editora que publique o meu ex-novo livro de crónicas por mim vividas que saem na nossa Travessa.

    Aos quase 73 anos que faço daqui a oito dias, 20 deste mês, não posso, nem quero desanimar. Mas se conheceres (ou as/os tuas/teus Amigas/os) uma editora honesta (que publicite a obra e que pague os direitos de autor, sff indica-me a cuja-dita. Muito obrigado.

    Qjs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Amigo Henrique,
      Pode dizer que por mim não há plágio mas sim diálogo e partilha. Confesso que fiquei curiosa. Já estou a ler o da Rita Ferro.
      Sabe, que nunca li "Uma rã no charco"? Se calhar é imperdoável.
      Vou tentar ver se me lembro de alguma editora para lhe indicar mas não sou expert no assunto.
      Beijinhos. :))

      Eliminar
  2. À noite, punha-se a escutar. Apurava o ouvido, e parecia-lhe que os canhões se tinham evaporado. Ouvia então a canção dos púcaros a rodarem sem parar, com o vento vindo do mar, por entre pinheirais. Dilatava as narinas e sentia os cheiros da maresia, da resina, da caruma, do feno. Mirava as mãos e via cereal, trigo e milho, a escorrer-lhe por entre os dedos, a mó sem parar, a farinha, o pó alvíssimo.
    Não via a cor parda do lamaçal em que estava enterrado.

    hajota

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agostinho,
      O seu cenário linguístico é perfeito.
      Bom fim-de-semana!:))

      Eliminar
  3. Gostava de ler o da Rita Ferro. Vou ver se o encontro, mas se calhar já não há...
    Beijinhos:)
    Bom fim-de-semana:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isabel,
      Vou ver se to arranjo aqui em Coimbra. Tenho um senhor que é uma jóia e encontra tudo o que peço.
      Beijinhos.:))

      Eliminar
    2. Muito obrigada, Ana.
      Hoje perguntei aqui em dois quiosques, mas não tinham. Às vezes é difícil encontrar números soltos dessas colecções. Ou fazemos a colecção toda, mandando guardar ou então já não se encontram, porque vêm poucos exemplares.

      Beijinhos:)

      Eliminar
    3. Isabel,
      Já to arranjei.
      O senhor do quiosque ainda tinha um. Que bom!:))
      Beijinho.

      Eliminar
    4. Muitíssimo obrigada, Ana. Agradeço-te:)
      Já te mando um mail...

      Bom domingo:)

      Eliminar
  4. Agradeço as sugestões de leitura. Só li, a "A Morte Milagreira", precisamente.
    Adamo...! Muito bom de ouvir. ao fim de tanto tempo, e perceber que ainda se sabe a letra.

    Um beijo

    ResponderEliminar
  5. Adamo, neste Tombe la Neige é melancólico como a tristeza dos homens que morreram pela pátria.
    Beijinho.:))

    ResponderEliminar
  6. Não tinha o conhecimento completo sobre a I Grande Guerra.
    Sei bastante mais da II, mas pouco desta, pelo que escolhi ler uma obra que a retratava, como foi o caso de "Os Thibault", de Roger Martin du Gard.
    Na verdade fiquei bastante mais elucidado, mas esta obra em três volumes tem um defeito, deveria ter sido cortada, como fazem muito autores, que depuram as suas obras. Nesta obra de du Gard, considerada uma das suas obras-primas, percebi perfeitamente o que esteve na génese deste conflito, assim como o seu desenvolvimento e consequências, mas em termos de ritmo e enredo, o autor cria muitos personagens que, depois, abandona a meio da obra sem que as ter aproveitado e caraterizado convenientemente, e dei por a mim a ficar cheio de pena pelo abandono desses personagens, os quais já povoavam o meu mundo e tecia-lhes futuros que se esfumaram na teia da escrita do autor.
    Alonga-se demais em alguns relatos, repete até à exaustão factos e acontecimentos chegando a uma minúcia pouco conducente a um ritmo apelativo para o leitor.
    Pouco depois li "O Mundo que eu Vi" de Stefan Zweig, uma obra fantástica, onde se aborda igualmente esta temática, abarcando agora também a II Grande Guerra, e foi o próprio Zweig que me elucidou sobre a diferença - primeiro escreve e depois começa a cortar até ficar com um texto totalmente depurado do que ele considera acessório.
    E a obra que li dele é absolutamente fantástica!!!! Um prazer para os sentidos e um dos melhores livros que tenho lido recentemente! Li e reli várias partes, tendo sempre encontrado ideias brilhantes e que, de certa forma, me abriram caminhos.
    Marguerite Yourcenar, outro dos meus "focos luminosos", confessa que passou uma vida inteira a escrever e a reescrever sempre os mesmos livros e temas, até ficarem reduzidos à sua "perfeição", pois perfeitos os considero eu.
    Du Gard, se o tivesse feito, talvez tivesse ficado com uma obra num único volume, mas de longe seria mais eficaz e teria dado a conhecer factos fundamentais para a compreensão do conflito, não levando os leitores à desistência (eu não desisti, pois raro o faço, mas não foi fácil terminar a sua leitura).
    Manel

    ResponderEliminar
  7. Manuel,
    Só agora vi o seu comentário.
    Tenho tido um tempo trabalhoso.
    Gostei muito do que narra. Reescrever até atingir a perfeição é sublime. Adoro a Margueritte Yourcenar mas não conheço a obra de Roger Martin du Gard. Fiquei curiosa e compreendo o que quer dizer com a depuração da escrita.
    A perfeição é uma busca constante e é um caminho tão duro a percorrer.:))
    Gostava de ter tempo para a reescrita. :))
    Obrigada.
    Boa noite!:))

    ResponderEliminar

Arquivo