09/08/2014

Rosas



A filha do destino, de Benazir Bhutto, é um registo na primeira pessoa, a narração de uma vida inteira de luta pela democracia e liberdade no Paquistão.   


Quando a minha mãe e eu iniciamos o nosso segundo mês de detenção em Al -Murtaza os jardins estão a morrer. Antes da prisão e morte do meu pai [Zulfikar Ali Bhutto], precisávamos de dez empregados para manter os grandes jardins e cuidar dos exteriores. Porém, desde que Al-Murtaza foi convertida numa subprisão para a minha mãe e para mim, o regime de Zia só permite a entrada de três jardineiros. Eu junto-me à luta para manter os jardins vivos.
Não  sou capaz de observar as flores a murchar, especialmente as rosas do meu pai. Sempre que ele viajava para o estrangeiro, trazia variedades novas e exóticas para plantar no nosso jardim - rosas violeta, rosas cor de tangerina, rosas que nem sequer se assemelhavam a rosas mas eram tão perfeitamente esculpidas que pareciam ter sido criadas a partir de barro. Agora as roseiras começam a murchar e a ficar castanhas por falta de cuidados.
Durante o calor forte do Verão, eu estou diariamente no jardim às sete da manhã, a ajudar os jardineiros a levar as pesadas mangueiras de lona de canteiro em canteiro. (...) 
As horas mais felizes da minha vida foram passadas no meio das rosas e à sombra fresca das árvores de fruto em Al-Murtaza.

Benazir Bhutto, A filha do destino. Lisboa: Dom Quixote, 2009, p. 75.

Rosas e um relógio, ode ao tempo, em dia de aniversário do (In)Cultura

Willem Van Aeslt, Detalhe Floral Still Life with Pocket Watch, 1668,
Rijksmuseum, Amesterdão






18 comentários:

  1. Nunca perco um aniversário
    Mas rosas, rosas não trago

    Só um beijo
    e um desejo

    Escreva, ou cite
    mas fique

    :)

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  2. Para a Ana os meus parabéns pelo carinho com que trata o (In)Cultura, uma rosa e um beijo.


    Perfume da saudade

    Partir de uma flor
    na mão de uma criança
    então esboços de cor

    simbolicamente
    pela mão duma criança
    o início de um jardim

    deslumbrantemente

    hoje de rosas
    de Benazir Bhutto
    a filha do destino

    perfume da saudade


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  3. Um ramo de rosas (virtual, mas elas também existem neste espaço) de parabéns para a Ana e o seu magnífico jardim de palavras, imagens, sons.

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  4. Seis aninhos já é uma data bem significativa!
    Parabéns e que continues a mostrar coisas interessantes!

    Um beijinho :)

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  5. Mar Arável,
    Neste caso sim. :))
    Um abraço!

    Rogério,
    Obrigada. :))
    Um abraço!

    Agostinho,
    Muito obrigada.
    Sairá um dia destes. :))
    Um abraço!

    Xilre,
    Obrigada. :))
    Um abraço!

    MR,
    Muito obrigada.
    Beijinho. :))

    Isabel,
    O tempo voa. Muito obrigada.
    Beijinho. :))

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  6. Muitos Parabéns, Ana, por este espaço tão bonito e, sobretudo, pela tua grande sensibilidade.
    Beijinho amigo! :-)

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  7. O (In)Cultura é visita obrigatória.
    Primeiro pela amizade com e pela Ana e pela qualidade, beleza e elegãncia deste blog.

    Um brinde e longos anos.

    Um beijinho e parabéns por este "cantinho" maravilhoso.:))

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  8. Ao (In)cultura deixo rosas de todas as cores e um beijo de admiração.

    Parabéns!


    Lídia

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  9. Comemorar o 6º aniversário do (IN)CULTURA num sábado de férias não se faz !...
    Apanhaste-me mesmo por acaso !

    Deixo-te um beijo de parabéns ( tudo o resto já tu sabes !

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  10. Sandra,
    Muito obrigada.
    Beijinho amigo.:))

    Cláudia,
    Muito obrigada pelas suas palavras. :))
    Beijinho.

    Lídia,
    Muito obrigada pelas cores das suas rosas. :))
    Beijinho.

    João,
    Muito obrigada pela sua presença. :))
    E bons banhos.
    Beijinho.

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  11. Nunca irei perceber as guerras e esta febre pelo poder.

    Obrigado pela partilha.

    Beijinhos

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  12. Olá Ana,

    Parabéns por este belo cantinho e obrigado por partilha-lo connosco.
    Espero que continue por aqui muito tempo,blogs destes fazem a diferença.

    Abraço grande

    P.S. já tenho o livro, lembra-se? Vou começar a ler

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  13. Tal como alguém aqui escreveu, "blogs destes fazem mesmo a diferença".
    Os parabéns pelo espaço que aqui mantém, e que não sabia que eram já seis anos!
    Percebo perfeitamente o que Benazir Bhutto escreve sobre o manter estas rosas.
    Nós, que, em comparação, temos tão poucas, ainda que muito bonitas e cheirosas, porque antigas, passamos a vida a regá-las pacientemente, cada final de semana, para que se mantenham a fazer o que sempre têm feito: espalhar alegria e beleza por quem delas gosta.
    Elas pagam-nos com mil e um odores e cores mil que, nestas noites frescas do Alentejo (continuo a usar cobertor!), nos fazem felizes
    Manel

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  14. Pérola,
    Obrigada pela sua passagem. :))
    Beijinho.

    Argos,
    Não me lembro qual é o livro. Mas desejo que lhe dê prazer a sua leitura.
    Um abraço grato. :))

    Manuel,
    É mesmo isso dão alegria e prazer. A sua fragrância estimula a alma. :))
    Obrigada pelas suas palavras gentis.
    Boa noite!:))

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  15. Ana,

    Um simples obrigada será suficiente para lhe dizer do apreço que tenho por este seu cantinho?
    Obrigada, pois, acompanhado dos mais que merecidos parabéns.
    Por favor fique outros seis anos. É um favor que faz a todos nós.
    Beijinho.

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  16. GL,
    Muito obrigada pelo seu carinho para com o (In)Cultura. :))
    Beijinho.

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