07/07/2014

A Chave

O Museu da Inocência, de Orhan Pamuk , é o livro que ando a ler. A partir da sua escrita nasceu o museu em Istambul. Do livro para a realidade.
Tantos objectos, flores, pedras, fotografias [hoje, nem tanto pois guardam-se em arquivos de imagem] e pequenos nadas que coleccionamos fazem parte do nosso quotidiano e contam uma história. As imagens são retiradas do Google. Escolhi as chaves e o relógio por dois motivos especiais:
- A chave porque ela abre as portas da memória e simboliza a vitória sobre enigmas.
- O relógio indicador das horas porque elas marcam o nosso caminho e não voltam atrás e ainda, porque um dos meus sonhos era ter uma caixinha de música com uma bailarina como se vê na imagem.
- A flor, o cavalinho, o coração... porque são pequenos objectos que colocamos numa caixa.
- O vestido, o leque, o colar... porque há vestidos e adereços que marcam pequenas alegrias

A curiosidade sobre este livro partiu do registo de MR, a quem agradeço.


Imagens do Museu da Inocência, Istambul


Se num sonho um homem pudesse atravessar o Paraíso, sendo-lhe oferecida uma flor como garantia de a sua alma ter realmente ali estado, e ao acordar visse a flor na sua mão... Sim? E depois? 

dos cadernos de Samuel Tayler Coleridge  [poeta, crítico e ensaísta inglês].

Citação no início do livro. Orhan Pamuk, O Museu da Inocência. Lisboa: Editorial Presença. 2010, s/nº p. 


21 comentários:

  1. Borges pega nesse trecho e com ele constrói uma teoria da literatura, em "La flor de Coleridge":

    "Esas consideraciones (implícitas, desde luego, en el panteísmo) permitirían un inacabable debate; yo, ahora, las invoco para ejecutar un modesto propósito: la historia de la evolución de una idea, a través de los textos heterogéneos de tres autores. El primer texto es una nota de Coleridge; ignoro si éste la escribió a fines del siglo XVIII, o a principios del XIX. Dice, literalmente:
    “Si un hombre atravesara el Paraíso en un sueño, y le dieran una flor como prueba de que había estado allí, y si al despertar encontrara esa flor en su mano… ¿entonces, qué?”.
    No sé que opinará mi lector de esa imaginación; yo la juzgo perfecta. Usarla como base de otras invenciones felices, parece previamente imposible; tiene la integridad y la unidad de un terminus ad quem, de una meta. Claro está que lo es; en el orden de la literatura, como en los otros, no hay acto que no sea coronación de una infinita serie de causas y manantial de una infinita serie de efectos. Detrás de la invención de Coleridge está la general y antigua invención de las generaciones de amantes que pidieron como prenda una flor."

    Boa noite, ana :)

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  2. Também tive uma boa colecção de chaves...mas já não tenho.
    Bela postagem, ANA !

    Um beijo.

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  3. Xilre,
    Obrigada pelo trecho de Borges.
    Tenho a colecção completa das obras de Jorge Luís Borges mas em Português. Não há dúvida que ler na sua língua original tem outro encanto.
    Um dia destes trago-o aqui.
    Bom dia!:))

    João,
    Que giro! Guardo apenas uma chave, a da casa do Talasnal (Serra da Lousã). É uma chave gigante e de ferro. Também tinha várias chaves numa gaveta perdidas mas não era uma colecção.
    Beijinho e um bom dia!:))

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  4. Que maravilha! Gostava de ler o livro. E também gosto de chaves. Bom dia!

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  5. Não conheço Pamuk... Mas adorei o excerto do poema de Coleridge de que gosto imenso!
    Não sei se o problema da tradução existe ou não...
    "Se num sonho um homem pudesse atravessar o Paraíso, sendo-lhe oferecida uma flor como garantia de a sua alma ter realmente ali estado, e ao acordar visse a flor na sua mão... Sim? E depois? "
    Ou:
    "Dice, literalmente:
    “Si un hombre atravesara el Paraíso en un sueño, y le dieran una flor como prueba de que había estado allí, y si al despertar encontrara esa flor en su mano… ¿entonces, qué?”...
    As duas versões são lindas....
    beijos

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  6. Depois... o sonho ter-se-ia tornado realidade.

    Obrigada, mais uma vez pela "dica". Vou procurar o livro.

    Um beijo

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  7. Margarida,
    É um livro interessante e por vezes angustiante.
    Vale a pena ler. Trouxe-o da biblioteca. :))
    Beijinho.

    Maria João,
    Este é o segundo livro dele que leio e estou a gostar.
    Obrigada pela forma como colocou as duas línguas e a beleza das mesmas. :))
    Beijinho.

    Lídia,
    Julgo que irá gostar é um livro de afectos.
    Beijinho. :))

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  8. Deve ser um livro interessante, mas a minha lista é infindável...

    Os objectos são importantes...contam histórias, alguns estão ligados a momentos importantes da vida.

    Estive a espreitar na net para ver se percebia; esse museu existe mesmo? Talvez só se perceba mesmo lendo o livro, não é?

    Um beijinho :)

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  9. Saber da chave foi fundamental para a concretização deste trabalho. Com ela na "mão" abrem-se cantos e recantos na mente e no coração de gente.
    Obrigado.

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  10. Isabel,
    Se clicares no link vês o museu num registo de MR.

    Ganhou um prémio.
    É um museu diferente do que estamos habituados, é pois um arquivo da história presente, da sociedade turca, de uma elite nos anos 70 (e com memórias anteriores. Digamos que é um museu do quotidiano.

    Em Conimbriga tenta-se recriar o quotidiano romano, neste museu o presente (século XX).
    Beijinho. :))

    Agostinho,
    Obrigada (sorrio).
    São digamos devaneios sobre um livro. Se reparar eu não transcrevi nada do mesmo a não ser uma citação de um poeta. Temos que entrar no livro para perceber cada objecto.
    Bom dia!:))

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  11. Ainda bem que está a gostar do livro. Eu sou uma grande fã de Pamuk.
    Gostei do seu post.
    Um dia hei de ir ver este museu. :-)

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  12. Que interessante! Gostava de visitar este museu. Obrigada pela partilha, Ana. Beijinho!

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  13. Do Orhan Pamuk li a obra fantástica que escreveu sobre Istambul, e fiquei completamente rendido.
    Este museu parece ser uma continuação, ainda que a um nível diferente, daquele livro sobre Istambul.
    Sei que Pamuk escreveu esta obra, praticamente autobiográfica, quando passava por severas situações de crise na sua vida, e que o livro lhe serviu como forma de o ancorar a uma realidade que, talvez, lhe tenha permitido sobreviver (mas aqui sou eu a imaginar coisas); talvez por isso é tão fantástica e é tão fácil sentirmo-nos próximo do que relata, ainda que num mundo totalmente diferente do nosso.
    Manel

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  14. MR,
    Obrigada. Estou a gostar muito. Também gostava de visitar este museu.
    Boa noite.:))

    Obrigada, Sandra.
    Havemos de visitar, temos que projectar os nossos sonhos mesmo que sejam adiados.
    Beijinho. :))

    Manuel,
    Este livro é interessante e de certo modo, angustiante. Merece ser lido com toda a nossa atenção.
    Boa noite. :))

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  15. Olá Ana,

    Confesso que fiquei muito curioso. Vou ler o livro e depois prometo voltar e deixar a minha opinião.

    Abraço

    P.S. já conheço este cantinho, costumo passar aqui via o "olhares" da "GL".

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  16. Argos,
    Seja bem-vindo.
    Obrigada pelo seu comentário. Aguardarei pela sua impressão.
    Um abraço.:))

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  17. Boa noite Ana,

    Lá no "Farol" somos três amigos que publicamos mais ou menos à vez.
    Um luso-espanhol com coração lisboeta(eu "Argos"), um hispano-francês (Poseidón) e a nossa menina portuguesa Tétis). Desta "mistura" nasceu um blog que navega ao sabor das nossas diferenças e gostos.

    outro abraço

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  18. Argos,
    Peço desculpa pois escrevi no registo da sua amiga. Mas o padre António Vieira é para mim especial.
    Não tinha reparado que o "Farol" era partilhado.
    Obrigada pela sua gentil informação.
    Abraço.:))

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  19. Agostinho,
    é um objecto precioso.
    Boa noite!:))

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  20. E fez muito bem, a "Tétis" é muito especial e tem bom gosto no que escolhe.

    Abraço

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