Details, “Portrait of an African Slave Woman,”
atribuído a Annibale Carracci, c. 1580,
BARBARA, ESCRAVA
Ajoelhara a negra suspirando
Postas as mãos, os labios contrahidos,
Diziam as canções dos seus gemidos
Mais do que os prantos com que estava olhando.
Camões fitava o espaço, meditando,
Bem longe o coração, longe os sentidos;
E de seus olhos, para a dôr nascidos,
As perolas caiam, deslisando.
Um queixume da negra, compungente,
Acordara o poeta, que sonhava
Com a patria querida e o amor ausente.
Ella co'os olhos n'elle comtemplava,
Elle co'os olhos n'ella era indifferente,
Que todo aquelle mal outra o causava.
Ernesto Pires, Camões e o Amor. Porto: João E. Cruz Coutinho, 1884, s/nº p.
O livro custava na época 300 Reis. Foi uma das minhas últimas aquisição, veio do Porto da Livraria Lumière.
Ernesto Pires, Camões e o Amor. Porto: João E. Cruz Coutinho, 1884, s/nº p.
O livro custava na época 300 Reis. Foi uma das minhas últimas aquisição, veio do Porto da Livraria Lumière.
Boa noite, Ana, bom trabalho!
ResponderEliminarGostei, acima de tudo, do retrato da escrava que, apesar dessa condição, apresenta um porte digno de rainha; incrível a expressão do olhar e da boca.
Não conhecia o poeta. O livrinho é uma preciosidade que terá custado uma "nota preta".
O Coro dos Escravos é universalmente conhecido e do agrado do grande público. Também já o cantei.
Boa tarde, Agostinho.
ResponderEliminarEntão, também é cantor? Fabuloso.:))
Fiquei apaixonada pela tela pelos motivos que evoca.
:))
Sim, Ana, a Bárbara escrava de Carracci é de facto impressionante, como a é no poema de Camões e neste (desconhecido para mim) poeta que descobriu na Livraria Lumière (LUZ!!!!).
ResponderEliminarUm beijo
A lírica camoneana é algo a que eu nunca fui indiferente, após ter tido um competente professor de Português no, agora antiquíssimo, 5º ano(hoje 9º), o qual era também autor de uns "Lusíadas" anotados, que, à altura, eram considerados como obra adotada nos Liceus.
ResponderEliminarA luz que imprimia às palavras do escritor era só possível porque ele as vivia e entendia como se dele fossem.
Só assim consigo perceber que um rapaz de 14 anos gostasse de ler e explorar não só o épico como a restante lírica, porque não me parecem muito adaptados a esta faixa etária.
Quanto ao "Va pensiero" do Nabucco só me traz à memória bons momentos passados numa noite quente de verão, tendo os banhos de Caracala como cenário.
Inesquecível!
Obrigado por me ter aqui servido o passado "à la carte"
Manel
Aquelas montras são a nossa desgraça!!Ah!Ah!Ah!
ResponderEliminarGostei da foto.
E de tudo o resto!
Um beijinho :)
Maria João,
ResponderEliminarUma verdadeira LUZ!:)))
Gostei muito do poema e da tela.
Beijinho. :))
Manuel,
Também gostei muito de aprender e ler os Lusíadas e tem razão o professor ajuda muito. Os alunos têm menos maturidade mas podem ficar com um cheirinho para mais tarde redescobrirem, não é?
Fico contente por despertar boas memórias.
Boa noite!:))
Isabel,
É isso mesmo. Aquelas montras arrasam. :))
Obrigada.
Beijinho. :))
Ana, gostei de tudo que colocou, mas o pormenor do amor-perfeito...
ResponderEliminarAmigas, obrigada pelas palagras gentis.
Um beijinho.:))