O Natal chegou mais cedo para seis mulheres de pescadores de Caxinas (Vila do Conde) que viram resgatar do mar revolto os seus homens perdidos há três dias.
Há alegrias que nos fazem esquecer os dias nefastos e pensar que aquele Menino Jesus (Guardador de Rebanhos) de Alberto Caeiro afinal vai aparecendo.
Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio
de luz que me trespassa. Tomo então apontamentos rápidos – seis
linhas – um tipo – uma paisagem. Foi assim que coligi este livro,
juntando-lhe algumas páginas de memórias. Meia dúzia de
esboços afinal, que, como certos quadrinhos do ar livre, são
melhores quando ficam por acabar. Estas linhas de saudade
aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno
a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco
prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente
a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a
para sempre. – Eu também nunca mais a esqueci...
Há alegrias que nos fazem esquecer os dias nefastos e pensar que aquele Menino Jesus (Guardador de Rebanhos) de Alberto Caeiro afinal vai aparecendo.
Júlio Resende, Mulheres de Pescadores, 1951
Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio
de luz que me trespassa. Tomo então apontamentos rápidos – seis
linhas – um tipo – uma paisagem. Foi assim que coligi este livro,
juntando-lhe algumas páginas de memórias. Meia dúzia de
esboços afinal, que, como certos quadrinhos do ar livre, são
melhores quando ficam por acabar. Estas linhas de saudade
aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno
a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco
prolongado... Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente
a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a
para sempre. – Eu também nunca mais a esqueci...
Nazaré, filme realizado por Manuel Guimarães, 1952.
Esta historia fez-me lembrar uma outra que se passou ha alguns anos. Lembra-se do filme "Tarde Demais" com o Vitor Norte? Esta, Gracas a Deus, teve um final feliz.
ResponderEliminarNão me lembro do filme, Sandra, não o vi. Mas irei investigar.
ResponderEliminarEsta história teve um fim feliz, sim. Um Natal anunciado antes da data festiva.
Beijinhos e bom Sábado!:)
Cara Ana, esta é uma composição perfeita em alusão ao acontecimento feliz que menciona. Quem já passou pelas Caxinas, sabe que é rara a casa onde não se encontra um familiar ou amigo enlutado pelas lides do mar. O resgate destas pessoas foi um acontecimento esperançoso e comovente. Como bem diz, a prova de um verdadeiro Natal.
ResponderEliminarDevolvo o agradecimento sincero e os votos de um feliz fim de semana.
Um abraço.
É verdade, ana: há alegrias de Natal que exprimem o seu verdadeiro espírito, deixando um rasto que materialismo algum é capaz de ultrapassar.
ResponderEliminarUm beijinho de bom fim de semana :)
Ana,
ResponderEliminarDeve haver poucas profissões como a de pescador, sempre de braço dado com o perigo. Compreendem-se, e de que maneira, as manifestações de alegria dos familiares, por mais uma vez terem fintado o destino.
Beijo :)
As mulheres dos pescadores e as dos militares em zonas de perigo têm muito em comum.
ResponderEliminarEste foi o melhor presente de Natal que jamais receberam. Como é bom ouvirmos boas notícias!
Abraço
R,
ResponderEliminarFiquei feliz por ver a felicidade dos familiares daqueles pescadores. Tocou-me!
Abraço e bom domingo. :)
Sara,
Foi um contentamento e é realmente o verdadeiro espírito de Natal.
Um beijinho e bom domingo! :)
AC,
O choro desta vez foi de alegria. Fez-me bem pensar que talvez o Menino tenha intercedido na salvação destes homens. É tido tão estarnho e difícil de compreender.
Bjs. :)
Catarina,
Pensei o exactamente o mesmo; que boas notícias.
Abraço! :)
Parece-nos que tem menino a brincar, a dançar e a fazer da vida, pequenos milagres.
ResponderEliminarO regresso é sempre divino
5 bjs
Parece milagre, ana.
ResponderEliminarPrecisamos tanto destes momentos felizes.
Bjs e votos de uma boa semana
Pois é Pedro, no meio de tanta crise foi uma dádiva.
ResponderEliminarBjs. :)