23/05/2011

Uma questão de conceito

Vi uma andorinha em voo rasante porque passou ao meu lado. A Primavera no seu auge mostrou-se branca e negra, a cor da andorinha. Pensei: que pena não ter aqui a máquina para a eternizar! Todavia, o que nós queremos que seja eterno, eterno será porque não é a película que a retém mas sim, a memória, a ideia, o conceito. O conceito não é necessariamente a realidade.
Associei os meus pensamentos a Chagall e Lowry.

Chagall, Child with a dove,1977-78.



Oil on canvas. 65 x 54 . Private collection


A gaivota – varredora do infinito, caçadora de estrelas comestíveis – salvei-a nesse dia – era eu rapaz – quando ela, entalada numa vedação junto de um rochedo, se debatia e acabaria por morrer cega pela neve. Embora me atacasse, tirei-a sem a magoar, puxando-lhe os pés com estas mãos, e durante um momento maravilhoso, ergui-a à luz do Sol, antes que ela se desprendesse, desfraldando as asas angélicas sobre o estuário gelado.

Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p. 150



8 comentários:

  1. Este post é quanto a mim perfeito. TrÊs elementos, três obras, três génios que muito estimo.




    Jinhos.

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  2. Ana,

    Obrigado por este post....adorei!

    Beijinhos

    Blue

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  3. JJ,
    Muito obrigada!
    Bjs. :))

    Blue,
    Muito obrigada!
    Bjs. :))

    Margarida,
    Muito obrigadaa!:))

    Estava com falta de inspiração mas queria registar o voo da gaivota. Modifiquei um pouco o post inicial. :)))

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  4. Fiquei com a sua andorinha nos olhos...
    E com o Chagall, sempre genial.
    Um beijinho de boa noite
    M.J

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  5. MJ Palcão,
    As andorinhas são tão bonitas, não são?
    Projectam um voo rápido e por vezes de forma caótica. Gosto muito.
    Aguardo pelo seu olhar, :)))
    Beijinhos!:)

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