Marcello Mastroianni, foto retirada da net
Saudade do futuro
Quando somos rapazes, as terras que não conhecemos, e que tanto fantasiamos, parecem-nos cada vez mais belas e misteriosas, inclusivamente mais reais que as cidades onde vivemos. Talvez o fascínio tão profundo de viajar fique para sempre ligado a esta perspectiva fantástica que torna os lugares longínquos ao mesmo tempo misteriosos e mais reais do que os que temos à frente dos olhos.
Segundo Proust, « os paraísos melhores são os paraísos perdidos»
Marcello Mastroianni, Eu lembro-me, sim, bem me lembro, Lisboa: Teorema, 1997, p. 13
Pavarotti - Torna a Surriento!
Gostei muito deste pensamento. Contudo, comigo não é bem assim... Adoro viajar e fico geralmente fascinada com o que encontro nas viagens. Vivo muito o presente. Tenho algumas saudades do passado (mas não queria voltar para trás).
ResponderEliminarBom sábado!
Nem o Mastroianni nem o Proust se enganaram.
ResponderEliminarMas a verdade é que há paraísos que não estão perdidos: em Itália, claro!, mas a Itália é a Itália e depois há o resto...
Mas nesse resto há pérolas, milhões de pérolas...
"Nathanäel, je t'enseignerai la ferveur.
... Et si notre âme a valu quelque chose, c'est qu'elle a brûlé plus ardemment que quelques autres.
Je vous ai vus, grands champs baignés de la blancheur de l'aube; lacs bleus, je me suis baigné dans vos flots -et que chaque caresse de l'air riant m'ai fait sourire, voilà ce que je ne me lasserai pas de te redire, Nathanäel. Je t'enseignerai la ferveur".
André Gide
in "Les Nourritures Terrestres"
Ana
ResponderEliminarEste fragmento precioso vem ao meu encontro precisamente no dia em que regresso àquela que foi a minha casa nos últimos 6 anos para levar o resto das coisas para a actual, a Sul.
O inefável tem destas coisas. :)))))))
Jinhos.
Idealizar tem frequentemente esse efeito de elevar o objecto imaginado e de projectar nele as melhores expectativas. Contudo, é também verdade que raramente, ou mesmo nunca, o idealizado e o real coincidem. Prefiro admirar os paraísos tangíveis, que estão ao alcance da nossa experiência quotidiana.
ResponderEliminarDesejo-lhe a continuação de um excelente fim-de-semana, tão luminoso, cálido e reconfortante quanto este magnífico sol de Inverno. :)
Margarida,
ResponderEliminarTambém adoro viajar e também acho fascinante o que encontro mas há algo de verdade no que diz o Mastroianni.
Também não queria voltar para trás, julgo que quero mesmo um futuro porque ainda não é real e é misterioso como os países longínquos!
Bom sábado! :)
Manuel Poppe,
Concordo inteiramente consigo. Itália é Itália e depois há o resto.
Pérolas? Talvez. Pelo menos, procuro-as.
Obrigada por André Gide, é lindo o que transcreveu.
Bom sábado! :)
JJ,
Que bom que fui ao seu encontro!
Boa mudança.
Beijinhos. :)
R,
Não sei se haverá paraísos tangíveis. O quotidiano, ou melhor, a rotina mata-me!
Desejo também que aproveite este sol, embora frio que hoje nos ofertaram os deuses. Finalmente, acordaram.
Bom fim-de-semana! :)
Nós não nos conseguimos dissociar do passado, das memórias. Somos feitos de tudo isso, o que existiu de bom e de mau.Existem sempre mundos a descobrir, sejam exteriores ou interiores. A viagem à volta do mundo....e dentro do nosso mundo. Para conseguir fazer essa viagem existe um trabalho que a maioria das pessoas não o faz.A nossa libertação individual, sem ela...não existe a viagem exterior...os nossos olhos não vão alcançar, se continuarmos presos dentro de nós próprios. Existem mundos a descobrir...por vezes até podemos voltar aos mesmos sítios, e surge sempre algo diferente, mesmo que o mesmo esteja imaculado. Acho que não me vou alargar mais, daqui a pouco as minhas palavras ainda se tornam mais desconexas...:)
ResponderEliminarUm beijo grande Ana....
Blue