29/07/2010

Vinheta 8 - Quase de partida...

Quase de partida... voo até Budapeste à procura de alimento, "para nascer e morrer a todo instante"* . Viajar é para mim a mais deliciosa forma de se viver. Gostava de ser rica para não ter casa e passar todo tempo a viajar, a minha casa seria o mundo!
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Julgo que o meu amor pelas viagens tem muito a ver com o que afirma Montaigne:
Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens: que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro.
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Ponte Széchenyi Lánchíd, sobre o Rio Danúbio, Budapeste

*" Viajar é nascer e morrer a todo o instante".

Victor Hugo

Sigur Ros - Glósóli música

Conheci há uns tempos depois de ouvir na Casa Improvável.
Deambulações antes das férias




Vicent Van Gogh!

Depois de passar pelo Bibliofilia entre Parênteses que avivou esta memória, junto-me a R nesta homenagem. Vicent Van Gogh faleceu a 29 de Julho de 1890.
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"Após a experiência dos ataques repetidos, convém-me a humildade. Assim pois: paciência. Sofrer sem se queixar é a única lição que se deve aprender nesta vida."
Vincent Van Gogh (wikipedia)


28/07/2010

Marcel Duchamp - uma homenagem.

Duchamp que nasceu em Blainville-Crevon a 28 de julho de 1887.
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Marcel Duchamp: "Elle a chaud au cul".

xLápis sobre uma reprodução de Mona Lisa


L.H.O.O.Q., ."readymade" feito em 1919. 19,7 x 12,4 cm, colecção particular

Pode ser criticável o que Marcel Duchamp fez, num postal, ao célebre quadro de Leonardo da Vinci. Com a sua atitude mostra irreverência, desafio da ordem, revela o inconformismo, como ele próprio sugere para não se conformar com o seu gosto. Em pleno movimento dadaísta ele resolveu agir sobre um "clássico" renascentista, o que chocou o mundo burguês conservador.
Pessoalmente, não é dos quadros do Leonardo da Vinci que mais aprecio mas é belo. Duchamp entusiasmou-me com a sua irreverência.

27/07/2010

O mar um grande búzio...

Hoje entrei num espaço da blogosfera que me aqueceu a alma. Em sintonia com ele nasceu este dia que se pautou por um curto passeio até ao mar, tranquilo e azul. A calmaria era tanta que a ordem se estabeleceu em detrimento do caos do pensamento.
Na praia a areia tórrida, cheia de gente, trouxe o silêncio entrecortado pelo som do mar. Este tornou-se um grande búzio a narrar histórias de naufrágios, de aventuras, de vitórias, de mitos, de reis e de rainhas, de piratas e de homens vulgares que o domavam na sua faina.
Fechei os olhos e parti.

Se um dia...

Parque das Nações, Lisboa, 2009


Se um dia uma gaivota me dissesse
para ir nas suas asas,
ia!

Goldfish!

Depois de MR ter colocado um quadro de Charles Courtney Curran no Prosimetron procurei-o e encontrei este que me deliciou. Porque é que escolhemos uma pintura? O que é que nos atrai? A beleza? A singularidade? Não sei dizer porque gostei desta pintura, mas gostei.


Curran was born in 1861, in Hartford, Kentucky, but in 1881 moved to Sandusky, Ohio. After studying one year at the Cincinnati School of Design, he began a distinguished career when he moved to New York City in 1882 and enrolled in the National Academy of Design. There he studied under Walter Satterlee

Charles Courtney Curran, Goldfish



Gosto da luz da pintura e da atmosfera romântica!

Agrupa-se este pintor na pintura impressionista, através do quadro acima não parece mas ele evoluiu nesse sentido!

26/07/2010

Pearl Jam - Just Breathe!

Muitas vezes é preciso fechar os olhos e respirar o silêncio!

Bernard Shaw - Clock!

Bernard Sahw nasceu a 26 de Julho de 1856. Em sua memória escolhi o poema Clock graças a um anónimo que há uns tempos me fez pensar sobre os relógios, o tempo e a morte. Obrigada.

Salvador Dali, Nobility of Time , Londres
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Salvador Dali, Nobility of Time

MENDRISIO, SWITZERLAND - The Stratton Foundation and the Dalí Universe will exhibit a sculpture dedicated to the renowned artist and master of surrealism, Salvador Dalí. For the 2009 world championship in Mendrisio, Switzerland

CLOCK.

There are twelve numbers on the face of my clock,
I know that it's happy for it goes tick tock.
It has two hands, one large, one quite small,
They go round and round as it hangs on the wall,
I think you know that they are playing a game,
Each time that I look, it is always the same.
They chase each other day after day,
Around they go from June until May.
What are they doing to tell the time?
Copying one another with hands that mime.
As they pass each number they seem to say,
Please don't hinder me, I'm still on my way.
The large hand says it's really not fair,
I seem to be doing more than my share.
The little hand laughs and said what fun,
I love seeing you go past always on the run.
Some people you know don't like my old clock,
But it keeps me happy, as it goes TICK TOCK.

Bernard Shaw.

25/07/2010

Gatos ...1

Arthur Heyer nasceu 28 de Fevereiro de 1872 em Haarhausen, Alemanha; faleceu em 1931 em Budapeste. O seu gosto pelos animais leva-o a pintá-los. Adoro gatos e estes estão muito entretidos.
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Arthur Heyer,White Cats Watching Goldfish

Óleo sobre tela

24/07/2010

Into my Arms

Alguma nostalgia... lembrei-me de Nick Cave.

Vinheta 7 - Marcel Duchamp!

A partir de hoje, e durante a próxima semana, a vinheta é dedicada a Marcel Duchamp que nasceu em Blainville-Crevon a 28 de julho de 1887 e faleceu em 1968 em Neully-sur-Seine.
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Marcel Duchamp, Retrato de Jogadores de Xadrez, 1911
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xÓleo sobre tela, 108 x 101 cm, The Philadelphia Museum of Art, Filadefia, EUA
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Marcel Duchamp desistiu da pintura em 1915, deixou a França e foi para Nova Iorque. Ficou conhecido pela invenção dos ready-made, que são objectos utilitários industrialmente produzidos e transformados em arte, como fez com a escultura: O Chafariz, um urinol. Para tal, colocou-o numa base, datou-o e assinou-o.
A sua obra é inserida no Dadaísmo, de uma forma breve, era um movimento anti-artístico, provocativamente literário, divertidamente musical, radicalmente político (anti-parlamentar) e filosófico.
Pessoalmente gosto de algumas das suas pinturas como a que está acima representada que é cubista.
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"Forcei-me a mim próprio a contradizer-me
para evitar conformar-me com o meu próprio gosto"
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Marcel Duchamp
Notas retiradas de Dietmar Elger, Dadaísmo, London: Taschen, 2004, p.6 e 80.

Uma janela...nada mais!

A beleza de uma janela ofuscada pelos jogos do poder.
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Ghostwriter, Escritor Fantasma, de Roman Polanski


Um belo filme de suspanse que recebeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim.

Entre o elenco do filme destacam-se Ewan McGregor, o fantasma, e Pierce Brosnan, o ex-primeiro Ministro.

23/07/2010

Pensamento

I celebrate myself,
And what I assume you shall assume.
For every atom belonging to me as good belongs to you.

Walt Whtman, Leaves of Grass, New York: Dover Publications, 2007, p. 21

Amália Rodrigues!

A Amália que terá nascido neste dia 23 de Julho, segundo constam os registos.

Poema de Pedro Homem de Melo Povo que Lavas no Rio.


POVO QUE LAVAS NO RIO

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Poema de Pedro Homem de Melo

22/07/2010

Vasco Santana!

Este Senhor fez parte da minha infância.

Vasco Santana canta o Fado do Estudante no filme Canção de Lisboa

Flowers!

Depois de ler o comentário de Presépio com Vista para o Canal e de ouvir a maravilhosa canção coloquei aqui. O meu agradecimento.

As flores no budismo são contempladas, maravilhadas, lótus é a flor de excelência. A virtude e as flores para acompanhar o pensamento de hoje.

FLOWERS
(...)
The perfume of sandalwood,
Rosebay or jasmine
Cannot travel against the wind.

But the fragrance of virtue
Travels even against the wind,
As far as the ends of the world

How much finer
Is the fragrance of virtue
Than of sandalwood, rosebay,
Of the blue lotus or jasmine

The fragrance of sandalwood
rosebay
Does not travel far.
But the fragrance of virtue
Rises to the heaven.

(...)

Dhammapada, The saying ofe the Budha, Shambhala, Boston & London, 1993, p. 16-17

Méav, and Hayley sing "The Last Rose of Summer" at the Slane Castle, Ireland.

Nadir Afonso no Museu do Chiado!

Fui ver a exposição de Nadir Afonso patente no Museu do Chiado, Lisboa. Gostei especialmente da influência ecípcia e escolhi Hórus para salientar o seu trabalho. A fotografia não podia incidir em nehum quadro em particular de forma que tirei da net a tela Horus!



Nadir Afonso nasceu em 1920, diplomou-se em Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.

Realizou as primeiras exposições como aluno da Escola de Belas-Artes participando em todas as exposições do Grupo dos Independentes até 1946.

Em 1946, estudou pintura na École des Beaux-Arts em Paris, e obteve por intermédio de Portinari uma bolsa de estudo do governo francês e até 1948 e em 1951 foi colaborador do arquitecto Le Corbusier e serviu-se algum tempo do atelier Fernand Léger. Do Brasil, a Paris e ao Porto passando por várias cidades retratou com o seu olhar a maneira particular de captar a realidade.

Notas retiradas da wikipedia.

Egyptian Music: Omar Khairat ( Fatma 3) music from the egyptian movie " the night of the arrest of Fatma - ليلة القبض على فاطمة " th the movie starred by the legendary egyptian actress Faten Hamama who was married to the international egyptian star omar sharif & introrduced him to the cinema

21/07/2010

Time: ando a precisar de ser um pouco mais doméstica!

Ando a precisar de ser mais doméstica. Será um desprestígio?

Naaaa...nãooo...

Time, Pink Floyd



Time letra e música de Roger Waters

Ticking away the moments that make up at all day
Fritter and waste the hours in an offhand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
And you are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
Racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on quiet desperation is the English way
The time is gone, the song is over, thought I'd something more to say


Home, home again
I like to be here when I can
And when I come home cold and tired
It’s good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.

As flores sorriram-me!

E o cansaço desvaneceu-se.



20/07/2010

The moon!

Neil Armstrong quando pousou na lua em 1969:
"Um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade"




Shivaree Goodnight Moon!

Livre ...

É livre aquele que discerniu a inanidade de todos os pontos de vista, e liberto aquele que daí tirou as consequências.

E. M. Cioran, Do Inconveniente de Ter Nascido, Lisboa: Letra Livre, 2010, p. 83

19/07/2010

Todos temos um calcanhar...

Todos temos um calcanhar como o "calcanhar de Aquiles"!
A fragilidade está onde menos se espera.

A família...um retrato!

Edgar Degas nasceu a 19 de Julho de 1834 e faleceu a 27 de Setembro de 1917.

Edgar Degas, Retrato da Família Bellelli, 1858-1867
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Museu d'Orsay, Paris, França

Ce ne sont pas seulement des portraits, des gens qui posent, c'est une scène de famille. Tout le drame de la personalité qui se juge.

Pierre Francastel, L'Impressionisme, Paris:Denöel, 1974, p.96.

18/07/2010

Viva Caravaggio 3

Ao som do alaúde bons sonhos!
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Para terminar este dia de homenagem escolhi esta tela pela beleza do jovem que toca alaúde para espantar a sua tristeza.
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Caravaggio, O tocador de alaúde [com Flores] c-1595, wikipedia
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Óleo sobre tela 94 x 119 cm, Versão do Museu Hermitage, São Petersburgo.
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Detalhe a partir do acima exposto.
(...)

E eu sou Caravaggio,
que luto, denodadamente, com a arte
para que a tragédia,
sagrada ou profana,
se represente igual à sua gravidade,
cantem, ou não, os anjos as hossanas,
goste-se, ou não se goste, do que faço.

A vida é turbulência
– e é assim que chega às minhas telas,

e é assim que o que pinto,
entre claros e escuros,
me proclama.

Amadeu Baptista
(de Poemas de Caravaggio, inédito - vencedor do Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, 2007)

Joseph Haydn string quartet in D, Hob.III:49, op.50 no 6 Der Frosch the frog

Leipziger Streichquartett - Leipzig String Quartet

Viva Caravaggio 2

A vida é um jogo...Qual será a carta certa?
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Caravaggio's Card Players,1595 - 1596, from the Kimbell Art Museum, Fort Worth (Texas), at the Scuderie del Quirinale, Rome



Gosto imenso destes jovens jogadores!

Viva Caravaggio!

400 anos e a beleza mantem-se. O que é belo não morre!
Caravaggio, Detalhe Repouso na Fuga Para o Egipto,1596-97
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Galleria Panphili-Doria Roma

17/07/2010

Será de Caravaggio?

Diário do Vaticano anuncia descoberta de possível Caravaggio ver a notícia no link.

Faz amanhã 400 anos que faleceu Caravaggio. Do barroco é um dos meus pintores favoritos.

O possível quadro de Caravaggio é propriedade dos Jesuítas.

A praia...Van Gogh!

Vincent van Gogh, Beach with Figures and Sea with a Ship. August 1882.

Oil on paper on cardboard, Vincent van Gogh Foundation, Rijksmuseum, Amsterdam, Netherlands.

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A praia está deserta...
porque as pessoas não se conhecem.

Narcisos!

Ao Eduardo porque hoje é dia 17 de Julho.
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Caravaggio, Narciso, 1594-96
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Óleo sobre tela, 110 × 92 cm, Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma

three narcissus _ one
standing by the pond and one
its own reflection

four narcissus _ both
drift on the water away
from their reflections

one narcissus still
by the pond alone he stands
withering slowly

by the pond there are
no narcissus now _ only
hazy reflections

Eduardo Ribeiro, Among the wasps silence, twelve dozen haiku by a portuguese bum

16/07/2010

Vinheta 6 - Degas

Degas nasceu a 19 de Julho de 1834, em Paris e vai-nos acompanhar durante esta semana. Gosto muito desta tela de Degas por causa do olhar pensativo da senhora repousando algures no horizonte. Parece que ela está a gostar do que vê ou do sonho que está na sua cabeça. Edgar Degas faleceu a 27 de Setembro de 1917.
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Edgar Degas, Senhora Valpiçon e Crisântemos, 1865


Toute l'ouevre de Degas a pour base le conflit entre l'amour de la précision et le goût de l'éphèmere.
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Pierre Francastel, L'Immpressionisme, Paris: Denöel, 1974, p. 105.

Auto-Retrato - José Rodrigues

Para comemorar o aniversário de José Rodrigues (Carvalho) aqui fica o seu auto-retrato desenhado aos 19 anos.

O desenho revela um rapaz sonhador, belo e expressivo. Nos olhos Vê-se um sorriso.

Um poema do outro lado do mar!

Gostei deste poema de Ivan Bueno. Inspirou-se numa fotografia se clicarem no link podem vê-la.
Henri Matisse, Icarus, 1947 (?)

Illustration for the book 'Jazz', screen-print after gouache on paper cut-out.

Inquisição

Uma visão perfeita, celeste, vinha de cima e me chamou
Olhava-me o céu inquirindo-me da vida
Calado lhe olhava junto aos pássaros
Queria eu um voo, uma visão altiva, menos repetitiva

Olhava-me o céu repetindo-se na pergunta
Desafiando-me a responder o irrespondível
Irresponsável mania humana de tudo querer saber
E, nesta mania, constrói, destrói, mói, se dói

Pássaros na árvore miram o céu, miram a mim
Olhar inquiridor, estranham-me a falta de penas
Sentem pena por meu caminhar, compreendem céu
Voam seus voos belos e voltam à bela árvore

Nunca pararei de olhar o céu, de olhar as aves
Nem de questionar o irrespondível viver
Pois sempre serei inquirido pelo céu
Sempre terei a compaixão das aves

Tentarei, não como Ícaro, voar meu voo altivo
Ver o mundo de cima para entender-me pequeno
Ver-me no alto para entender-me baixo
Ver-me pássaro para entender-me humano

As nuvens passam, os pássaros aquietam-se pousados
A árvore inerte só em aparência fica imóvel como eu
Mas estamos vivos, eu e ela e também o céu
Que insistirá eternamente a me inquirir até o fim

Ivan Bueno

15/07/2010

Uma surpresa

Para Presépio no Canal pela lembrança do quadro:

De Nachtwacht van Rembrandt van Rijn

Não sei muito sobre este quadro irei pesquisar!

Rembrandt, um dia especial!

Rembrandt nasceu a 15 de Julho de 1606 em Leiden e faleceu a 4 de Outubro de 1669 em Amesterdão (Holanda). Um pintor sui generis essencialmente por causa dos seus retratos. Gosto desta pintura porque ele deu mais ênfase ao estúdio que a si próprio.
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Rembrandt Harmensz. van Rijn, Artist in His Studio, 1629.
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Collection of Boston's Museum of Fine Art.

14/07/2010

Do Amor...

Paul Cézanne, O Amor em gesso (estudo para o amor em gesso). Gosto imenso deste estudo sobre Cúpido, de Cézanne

British Museum, Londres

De l’amour, de Stendhal:

O amor é como aquela a que no céu chamamos a Via Láctea, um montão brilhante formado por pequenas estrelas, cada uma das quais muitas vezes é uma nebulosa. Os livros anotaram quatrocentos ou quinhentos dos pequenos sentimentos sucessivos que compõem esta paixão, e só os mais grosseiros, errando com frequência e tomando o que é acessório por principal.

Italo Calvino, Porquê ler os Clássicos?, Lisboa: Teorema, 1991, p.118 [retirado do livro De l’amour, Premier essai de préface Ed Cluny 1938 p. 26]


Vissi d'arte ária do II Acto de Tosca, Giacomo Puccini, Soprano - Angela GHEORGHIU

A complexo mundo de Frida Khalo!

Frida Khalo foi uma pintora mexicana que teve uma vida atribulada por causa de um acidente grave. Passou muito tempo hospitalizada e foi sujeita a inúmeras cirúrgias. A sua arte manifesta muito da sua dor e insere-se no movimento "naíve art".
Casou-se com o pintor Diego Rivera por quem nutriu uma grande paixão.
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Frida Khalo, Moses (Nucleus of Creation) - 1945
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Oil on Masonite. 94 x 50.8 cm. Private collection

Esta pintura é de uma complexidade enorme pela simbologia e pelos numerosos retratados que compõem a história do quadro.

13/07/2010

Divagações...

Bola de sabão : a beleza do perecível.



A superficialidade mata...

Três sentidos sobre a imaginação.

René Magritte é um pintor belga ligado ao surrealismo, movimento artístico que aprecio sobremaneira. Tês sentidos da imaginação é o despertar da manhã cinzenta.
René Magritte, La Reproduction Interdicte, (A repropdução interdicta)1937
Óleo sobre tela, 81.3 cm × 65 cm, Museum Boijmans Van Beuningen, Roterdão

"O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado".
William Shakespeare

"É mais fácil para a imaginação compor um inferno com a dor, que um paraíso com o prazer ".
Antoine Rivarol.

"A imaginação tem todos os poderes: ela faz a beleza, a justiça, e a felicidade, que são os maiores poderes do mundo".
Blaise Pascal.
Citações retiradas do citador

12/07/2010

La fida ninfa, Vivaldi!

Sandrine Piau, "Il mio core a chi la diede", Vivaldi, La fida ninfa
dir. Jean-Christophe Spinosi, Ensemble Matheus


Beleza é Infinito!

Federic Cayley Robinson é um pintor e ilustrador britânico. Nesta pintura o que mais me agradou foi o luar tão radiante e os tons de azul.

Federic Cayley Robinson, Os Três Irmãos, c. 1897

1474

Allheio à Beleza - ninguém pode ser -
Pois a Beleza é Infinito -
E o poder de ser finito cessou
Antes de a Identidade ser alugada.

Emily Dickinson, Poemas e Cartas, Lisboa: Cotovia, 2000, p. 125

11/07/2010

Palavras leva-as o vento...

Ao falar com uma pessoa amiga sobre liberdade, dispus-me a discorrer sobre a palavra. Passei uns dias a acordar e a adormecer com ela. A que conclusões cheguei?

Barbara Powell, Crianças na Praia

Aguarela
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Liberdade é uma palavra vazia, já que ninguém consegue ser completamente livre. Não somos livres do passado nem dos elos criados ao longo da vida.

Igualdade, não somos iguais porque todos somos diferentes mas igualdade de direitos é também uma quimera!

Fraternidade, onde é que ela mora?

Crianças na Praia
Palavras leva-as o vento. Foi assim que este Domingo olhei para o sol!

A fisionomia da pintura!

E. M. Cioran é um filósofo céptico e amargo, irónico e solitário. Hoje escolhi a sua afirmação sobre a arte e o fim dela, anunciada pela falta de ânimo do homem, e por este ter esgotado "os meios de expressão". Não creio nesta sua ideia mas faz-nos pensar na mediania e lutar para ir mais além. Os poetas e os pintores renovam-se. Juntei-o a Max Ernst que também sofreu com o desespero das guerras e o revelou em algumas das suas obras.
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Max ERNST. Le Punching Ball ou l'Immortalité de Buonarroti
Colagem

A fisionomia da pintura, da poesia, da música, daqui a um século? Ninguém é capaz de a imaginar. Tal como após a queda de Atenas ou de Roma, uma longa pausa interpor-se-á, devido ao esgotamento dos meios de expressão, bem como ao esgotamento da própria consciência. A humanidade para se reconciliar com o passado, ver-se-á obrigada a inventar uma segunda inocência, sem a qual nunca conseguirá renovar as artes.

E. M. Cioran, Do Inconveniente de Ter Nascido, Lisboa: Letra Livre, 2010, p. 43

Max Ernst, Aquis submersis 1919

54 cm × 43.8 cm
Städelsches Kunstinstitut und Städtische Galerie, Frankfurt

Escolhi Satie para trazer tranquilidade e serenidade.

Erik Satie - Gymnopédie No.1


10/07/2010

Camille Pissarro

Vi o auto-retrato de Camille Pissarro no Museu D'Orsay e gostei imenso.
Camille Pissarro nasceu a 10 de Julho de 1830 em Charlotte Amalie, Ilhas Virginia e foi para Paris aos 12 anos. Frequentou várias escolas de pintura deixo aqui apenas as que tiveram maior importância na sua obra: a École des Beaux-Arts e Academie Suisse.
Conheceu Jean-Baptiste-Camille Corot, Gustave Courbet e Charles-François Daubigny que influenciaram a sua obra.
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Camille Pissarro, Auto-retrato, 1873

Óleo sobre tela, 55x 46 cm, Museu D'Orsay, Paris

Two Women, Chating by the sea, St Thomas, 1856

Oil on canvas, 27, 7 x 41 cm, National Gallery of Art, Washintgon DC

09/07/2010

Vinheta 5 - José Rodrigues

A vinheta desta semana é em memória de um pintor português, José Rodrigues que nasceu em Lisboa a 16 de Julho de 1828. O dramatismo da cena e o conjunto formado por uma criança, um jovem e um homem parece representar três idades: a infância, a juventude e a idade adulta, impressionou-me.
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José Rodrigues (de Carvalho), Cego Rabequista, 1855
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Óleo sobre tela 170 X 122 cm, Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa

O cego rabequista foi considerada a sua obra mais famosa, pintada em 1855, foi exibida na Exposição Universal de Paris em 1855 e na Exposição Internacional do Porto em 1865, conquistando o segundo lugar. (wikipedia)


Tempestade

O Vento enchia o Mundo.
Mal deixava lugar para a tremenda voz das ondas.

Mas era o Mar apenas que se ouvia.

Sebastião da Gama, Pelo Sonho É Que Vamos, Lisboa: Ática,1992,p. 67.

Vinicius/Amália

Vinicius Moraes e a guitarra portuguesa. Lembrar Vinicius no dia em que partiu e foi ao encontro da sua Eurídice.
(19, Outubro, 1913- 9 Julho 1980)

A partir de uma gravação em casa de Amália Rodrigues num serão com Vinicius de Moraes, Natália Correia, David Mourão-Ferreira e José Carlos Ary dos Santos, em 1968

08/07/2010

Nina Simone e Chagall

O poema desta canção é lindo como é a paisagem azul de Chagall.
Feeling Good!


Chagall, Blue Landscape (1949)



Birds flying high
You know how I feel
Sun in the sky
You know how I feel
Reeds driftin' on by
You know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good

Fish in the sea
You know how I feel
River running free
You know how I feel
Blossom in the tree
You know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good

Dragonfly out in the sun you know what I mean, don't you know
Butterflies all havin' fun you know what I mean
Sleep in peace when the day is done, that's what I mean
And this old world is a new world
And a bold world
For me
Fooor me

Stars when you shine
You know how I feel
Scent of the pine
You know how I feel
Yeah freedom is mine
And I know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
hu
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
It's a new life
For me

And I'm feeling good

O sal da língua!

As palavras podem ser sal se não forem bem temperadas. Associei o poema de Eugénio de Andrade a Lewis Carrol porque as suas palavras estão para lá do que aparentam. Lisbeth Zwerger é uma ilustradora austríaca que aprecio.
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Lisbeth Zwerger, A Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas.


O sal da língua

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

Eugénio de Andrade, O sal da língua

O mundo é um livro...

Chris Peters é um pintor que vive em Los Angeles, Califórnia. Gostei desta tela por causa da sua simbologia:
- Os livros dão frutos e os frutos podem ser proibidos. Aprendi que não podemos saber todos os segredos do mundo.
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Chris Peters, Cobra, Maçãs e Livros


"O mundo é um livro onde o juízo eterno escreve os seus conceitos".

Tommaso Campanella in Italo Calvino, Porquê Ler os Clássicos?, Porto: Teorema, p. 81

07/07/2010

O espelho do filósofo...

Leonardo da Vinci, with the cited passage in da Vinci’s mirror script from the Codex Leicester in: The Notebooks of Leonardo Da Vinci, vol. ii, p. 179 (Jean Paul Richter ed. 1883)Retirado daqui


O filósofo observa e medita. É um espelho que pensa.

Guerra Junqueiro.
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Guerra Junqueiro faleceu a 7 de Julho de 1923.

Retirado do Citador

06/07/2010

Matilde Rosa Araújo

Rododendros

Li nos blogues Da Literatura e no Ler esta triste notícia: faleceu Rosa Matilde de Araújo. Resta dizer que foi num dia lindo de Verão.

HISTÓRIA DO SR. MAR

Deixa contar...
Era uma vez
O senhor Mar
Com uma onda...
Com muita onda...

E depois?
E depois...
Ondinha vai...
Ondinha vem...
Ondinha vai...
Ondinha vem...
E depois...

A menina adormeceu
Nos braços da sua Mãe...

Matilde Rosa Araújo, O Livro da Tila

Um quadro para fazer sonhar...

Gosto muito desta tela de Böcklin pela atmosfera misteriosa e romântica; pela luz que a atravessa e pela espiritualidade oferecida pelos ciprestes!
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Arnold Böcklin, A Ilha dos Mortos, 1880
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Têmpera envernizada sobre tela, 111 x 155cm, Kunstmuseum Basel, Basileia

Esta pintura teve cinco versões, tendo uma delas, a terceira, pertencido a Hitler .
A obra pretende dar uma visão do passado e do futuro. Ela nasceu do pedido de uma senhora de Frankfurt que encomendou um "quadro para fazer sonhar". Böcklin cumpriu o desejo.
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"Uma pequena ilha brilha sob os raios dourados do pôr-do-sol. Tem rochedos altos e sublimes, que cercam e protegem um pequeno bosque de ciprestes. Em frente aos rochedos vemos muros de mármore branco liso e brilhante, que se assemelham a campas de cemitério, entradas para um mundo subterrâneo dos mortos. (...) Naquela tranquilidade, com a superfície do mar como um espelho, aproxima-se um pequeno barco, com uma figura a remar, (...) por trás desta figura (...) vê-se uma pessoa vestida de branco de pé em frente a um sarcófago, coberta com um traje pálido."
Walter Schurian, Arte Fantástica, Lisboa: Taschen Público, p.26.

05/07/2010

Em torno da verdade.

Hoje li esta frase que me ficou a ecoar na cabeça:

Há verdades que se sentem mas que não se exprimem.

Deu-me uma vontade de gritar:
- Como é que é possível sentir e não se conseguir exprimir... se o caminho tende para a luz?
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M.C. Escher, Olho, 1946

04/07/2010

Gianmaria Ortes

Barahona Possolo, Alma Cativa


Era uma vez um homem que pretendia calcular tudo. Prazeres, dores, virtudes, vícios, verdades, erros: para cada aspecto do sentir e do agir humanos este homem estava convencido de que podia estabelecer uma fórmula algébrica e um sistema de quantificação numérica. Combatia a desordem da existência e a indeterminação do pensamento com a arma da «exactidão geométrica», ou seja, de um estilo intelectual todo contraposições claras e consequências lógicas irrefutáveis. O desejo do prazer e o temor da força eram para ele as únicas certezas das quais se pode partir para penetrar no conhecimento do mundo humano: só por esta via podia chegar a estabelecer que até valores como a justiça e a abnegação tinham qualquer fundamento.
O mundo era um mecanismo de forças impiedosas; «o valor das opiniões são as riquezas, sendo manifesto que estas permutam e compram opiniões»; «o Homem é um feixe de ossos ligados entre si por meio de tendões, músculos e outras membranas». É natural que o autor destas máximas tenha vivido no século XVIII. (...) Giammaria Ortes, assim se chamava, era um padre seco e escorbútico, que opunha a espinhosa couraça da sua lógica aos prenúncios dos terramotos que serpenteavam pela Europa e que também se repercutiam nos alicerces da sua Veneza.

Italo Calvino, Porquê ler os Clássicos?, Lisboa: Teorema, 1991, p.111-112.

Jessye Norman - Je vivrai sans toi (Michel Legrand)

Sei de um rio


Sei de um rio e de um sonho. Hoje, vestiu-se o sonho nas cordas dedilhadas de uma guitarra.


O milagre das rosas - Lima de Freitas

Lima de Freitas, O milagre das Rosas, 1987.
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Ave Rosa Speciosa, Ave Mater Humilium
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Acrílico sobre madeira 1987

Milagre das Rosas, in "Mensagem" de Luis Vidal Lopes


"São rosas Senhor"

02/07/2010

Vinheta 4 - Rainha Santa Isabel de Portugal

Esta semana o mote da vinheta vai ser a Rainha Santa Isabel de Portugal.
A festa de Coimbra e da Rainha Santa celebra-se no dia 4 de Julho, dia em que morreu D. Isabel.
Santa Isabel de Portugal era filha do rei D. Pere III, de Aragão, e D. Constança, de Navarra, e casou-se com o rei D Dinis, em 1282. Terá nascido em 1269(?) e morreu a 4 Julho de 1336 em Estremoz. Recebeu o nome da tia-avó, Santa Isabel da Hungria.
O episódio sobejamente conhecido sobre a Rainha é o milagre das rosas. Todavia, este milagre foi originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel da Hungria. Provavelmente por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o mesmo nome e a mesma bondade perdura a ideia do milagre. Foi canonizada em 1626 pelo Papa Urbano VIII.

Notas retiradas do Dicionário de Santos Donald Attwater Pub Europa América 1983


Túmulo antigo mandado construir pela Rainha Santa onde esteve sepultada muito tempo. Hoje o seu corpo incorrupto encontra-se num túmulo relicário de prata e cristal no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Excerto do Sermão Panegírico da Rainha Santa, do Padre António Vieira


Impresso em Lisboa na Oficina Miguel Deslandes em 1682.

01/07/2010

...a meio caminho entre o cansaço e a beleza.

Li esta pequena história de Ondina Braga escrita em 3 páginas que não ousei transcrever na totalidade e estou em consonância perfeita com ela. Senti que a autora penetrou até ao interior dos meus pensamentos.
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Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra

Nunca penetrei numa clausura. Nunca desejei ser freira. Mas os conventos, os hábitos das monjas, o tilintar das campainhas que regulam os passos da comunidade, aquela ciência que cada religiosa guarda no olhar recatado ou no sorriso singularmente contente, tudo o que lhes diz respeito me impressiona.

Altos os muros dos conventos. Os tectos das salas, altos também. (Diz le Corbusier que os tectos baixos favorecem as paixões.) E um frio irremediável da casa, um frio que vem dos sobrados luzidios e nus, das cadeiras de espaldar duro, dos napperons e das flores de plástico. Um frio de escrupolosas limpezas, de manuais, de virtude. (...)
Inesquecíveis a penumbra do locutório, o relógio de tempo sempre errado, o desadorno das paredes, a ausência total de espelhos. Maus impulsos, se os havia, estavam emparedados, mal aflorando em gestos ou expressões. Para essas vidas de renúncia, a Natureza, talvez, o único refrigério: o mar e o monte em frente das janelas do convento, a obra do Altíssimo que se conservou pura porque não entrou na revolta dos anjos nem na dos homens. E tudo o mais a «porta estreita»: a obediência, a regra, o equilíbrio de quem julgou ter encontrado Deus a meio caminho entre o cansaço e a beleza.

Maria Ondina Braga, Estátua de Sal, Lisboa: Editor José Ribeiro, 1983, p.41

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