29/01/2009

Poema

PACIÊNCIAS

Há os que passam o tempo
desenrolando sobre a mesa
tapetes de paciências.

Assim Tolstoi
de noite se aquietava
após as suas homéricas
batalhas contra o invasor.

Assim calma e dignamente
tecem e bordam as mulheres.

António Osório (1933)

Casa das Sementes - Poesia escolhida, in Poemário, Lisboa: Assírio & Alvim, 2009

René Lalique, as jóias Arte Nova







René Jules Lalique nasceu em Ay, Marne, França, a 6 de Abril de 1860 e morreu a 5 de Maio de 1945. ficou reconhecido internacionalmente pelas suas criações de jóias originais, frascos de perfume, copos, taças, candelabros, relógios, etc., dentro do estilo modernista, Art nouveau e Art déco. A fábrica que fundou funciona ainda e o seu nome ficou associado à criatividade e à qualidade.
Grande admirador e coleccionador da obra de Lalique foi Calouste Gulbenkian, de origem arménia radicado em Portugal, que criou o Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa, onde se expõe uma parte importante da obra de René Lalique.

28/01/2009

Jackson Pollock, em memória do seu nascimento

The Moon-Woman, 1942
Oil on canvas, 69 x 43 in; Peggy Guggenheim Collection, Venice
Jackson Pollock nasceu a 28 de Janeiro, de 1912, em Cody, Wyoming, Estados Unidos da América. Pintor do expressionismo abstracto Nova Iorquino. Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual a tinta respingava sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não usava pincéis. As obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Pollock é o expoente máximo da action painting (pintura de acção).
A sua esfera da arte é o inconsciente: os signos são um prolongamento do seu interior. Pollock nunca saiu dos Estados Unidos. Morreu a 11 de Agosto de 1956.

Wassily Kandinsky, Sea Battle

Wassily Kandinsky, Improvisation 31 (Sea Battle), 1913, National Gallery of Art
1913

Wassily Kandinsky, (Василий Кандинский,) nasceu em Moscovo a 16 de Dezembro de 1866 e morreu em Neuilly-sur-Seine, a 13 de Dezembro de 1944. Professor da Bauhaus e introdutor da abstraccionismo na pintura.
Na década de 1910 Kandinsky desenvolve seus primeiros estudos não figurativos, fazendo com que seja considerado o primeiro pintor ocidental a produzir uma tela abstracta. Algumas das suas obras desta época, como "Murnau - Jardim I" (1910) e "Grüngasse em Murnau" (1909) mostram a influência dos Verões que Kandinsky passava em Murnau nessa época, notando-se um crescente abstraccionismo nas suas paisagens. Outra influência nas suas pinturas foi a música do compositor Arnold Schönberg.
Em constante contato com os artistas da vanguarda, passa a leccionar na Bauhaus até 1933 quando a escola é fechada pelo governo nazi. Muda-se para Paris e aí viveu até o fim de sua vida.

27/01/2009

Jóias anos 20


Jóias anos 20: a beleza do design,
Pendente 1927 ; broche 1927 e Brincos 1928.









Dalai-Lama pensamento

Perguntaram ao Dalai-Lama...

"O que mais o surpreende na Humanidade?"

E ele respondeu:
"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido".

Le Corbusier, Viagem do Oriente 3

Palácio de Schönbrunn , a Gloriette do parque vista a partir da fonte de Neptuno

VIENA

“Os ricos para ajudar os pobres, divertem-se. Respeitemo-los! Seria ridículo que eles também se entediassem. Com isso os pobres seriam privados do espectáculo de seus divertimentos e nem a menor parcela da humanidade se alegraria. (…)
Assim, hoje é “Blumen Tag”, festa das flores, transbordamento de cores e ostentaçãode luxo. As ruas que levam ao Prater estão repletas de uma multidão imunda. (…)
Viena vale por esta música ( que aproveitei muito outrora, quando Mahler regia a orquestra) e por sua arquitectura barroca. Elas desaparecem hoje, as nobres igrejas, as casas principescas dos séculos XVII e XVIII, sob a invasão da engenharia moderna, o ambiente é massacrado sem piedade e precisamos buscar refúgio nos retiros dos velhos parques à francesa – Schoenbrunn, e quase melhor ainda, os jardins de Baldevere. (…)
De modo que, em última instância, a impressão de Viena permanece tristonha, mais uma vez e não obstante esforços de assimilação sinceros, abafados por uma atmosfera de grandeza financeira sem gosto, que pesa, esmaga e ofusca. Tristonha permanece a Viena de hoje, para nós que apenas passamos por ela, sem penetrar até sua alma”


Le Corbusier - A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Nayfi, 2007 (apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro), p. 29-35.

26/01/2009

Canção do Céu Azul

Van Gogh, Starry Night

Eia, eia, eia...
o mar está em cima,
o mar está em cima,
a lua está em cima.


À volta nadam estrelas.
É o céu azul.
Eia, eia, eia, é o céu azul que está em cima.
Nadam estrelas.


Paez, in Poemas Ameríndios
Assírio & Alvim, Poemário 2009
(Poemas traduzidos por Herberto Helder)

Gianni Schichi, Ópera de Giacomo Puccini.

Callas e a ópera Gianni Schichi: a ária que mais me encantou
"O Mio Babbino Caro",
colocada no post anterior.
A ópera Gianni Schichi, é considerada uma das mais belas obras de Giacomo Puccini. Feita especialmente para a voz feminina de soprano, foi imortalizada quando interpretada pela premiada e respeitada Maria Callas e, posteriormente, por Montserrat Caballé.
Ópera em um acto de Giacomo Puccini, com libreto de Giovacchino Forzano, baseado no Canto XXX do Inferno da Divina Comédia de Dante Alighieri. Única ópera cómica de Puccini.
PERSONAGENS
Gianni Schicchi - barítono
Lauretta, sua filha - soprano
Os parentes de Buoso Donati:A velha
Zita, prima de Buoso - contralto
Rinuccio, neto de Zita, noivo de Lauretta - tenor
Gherardo, sobrinho de Buoso - tenor
Nella, esposa de Gherardo - soprano
Gherardino, filho de Gherardo e de Nella - 7 anos de idade
Betto di Segna, outro parente - barítono
Simone, parente - baixo
Marco, outro parente - baixo
La Ciesca, outro parente- soprano
Amantio di Nicolao, notário - baixo
Mestre Spinelloccio, médico - baixo
Pinellino, sapateiro - barítono
Guccio, pintor de paredes - barítono

Callas, o rosto e o olhar

A Callas pela sua belíssima voz!

Maria Callas nasceu em Nova Iorque, a 2 de Dezembro de 1923 e morreu em Paris, a 16 de Setembro de 1977.


O mio babbino caro
O mio babbino caro
Mi piace è bello, bello
Vo' andare in Porta Rossa
a comperar l'anello!
Sì, sì, ci voglio andare!
e se l'amassi indarno,
andrei sul Ponte Vecchio,
ma per buttarmi in Arno!
Mi struggo e mi tormento!
O Dio, vorrei morir!
Babbo, pietà, pietà!
Babbo, pietà, pietà!

Bombons

Les bonbons

São rosas Senhor?
Não são bombons porque as rosas são perecíveis!

Les Bonbons, Jacques Brel

J'vous ai apporté des bonbons
Parc' que les fleurs c'est périssable
Puis les bonbons c'est tell'ment bon
Bien qu'les fleurs soient plus présentables
Surtout quand elles sont en boutons
J'vous ai apporté des bonbons.

J'espèr' qu'on pourra se prom'ner
Qu' Madam' votr' mère ne dira rien
On ira voir passer les trains
À huit heur's je vous ramèn'rai
Quel beau dimanch' pour la saison
J'vous ai apporté des bonbons.

Si vous saviez c'que je suis fier
De vous voir pendue à mon bras
Les gens me regard'nt de travers
Y'en a mêm' qui rient derrièr' moi
Le monde est plein de polissons
J'vous ai apporté des bonbons.

Oh ! Oui ! Germaine est moins bien qu'vous
Oh ! Oui ! Germaine elle est moins belle
C'est vrai qu'Germaine a des ch'veux roux
C'est vrai qu'Germaine elle est cruelle
Ça vous avez mille fois raisons
J'vous ai apporté des bonbons.

Et nous voilà sur la grand' place
Sur le kiosqu' on joue Mozart
Mais dites-moi qu' c'est par hasard
Qu'il y'a là votre ami Léon
Si vous voulez qu'je cède la place
J'avais apporté des bonbons.
Mais bonjour Mad'moisell' Germaine
J'vous ai apporté des bonbons
Parc' que les fleurs c'est périssable
Puis les bonbons c'est tell'ment bon
Bien qu'les fleurs soient plus présentables

Goa, rostos e olhares

Quando o sol aperta...





Mulher que olha intrigada..., na festa de S.Francisco Xavier, Velha Goa

Um sorriso aberto é como nos recebem logo de manhã! Pangim



No meio das sedas, um trocar de olhares. Pangim

Todas iguais, todas diferentes, Quem somos?, Pangim


25/01/2009

Geografia e Astronomia em Vermeer

O Geógrafo


c. 1668-1669



O Geógrafo representa um académico, de longos cabelos passados por trás das orelhas e envergando uma espécie de manto que lhe chega ao chão e que não era normal vestir-se todos os dias. Isto dá à figura um ar misterioso, como se fizesse parte dos eleitos. está ocupado na sua actividade de porta fechada. Está a servir-se de um compasso para verificar distâncias em cartas geográficas, de que não se consegue distinguir pormenores. Deteve-se e olha pensativamente para a janela: a luz que entra através dela ilumina-lhe a face, um sinal de inspiração.

Vermeer pintou o quadro quando se dava uma mudança radical no paradigma da ciência que procurava afastar-se da interferência divina. Ele talvez esteja próximo do nosso moderno entendimento das ciências exactas, uma vez que a carta naútica na parede aponta para usos práticos da ciência da navegação.

Vermeer mostrava um cuidado imenso pelo perfeccionismo com que rodeava o ambiente que pintava.

Nota - A carta náutica da parede, que não se vislumbra na imagem colocada, é a carta marítima da Europa de Willem Jansz.

SCHNEIDER, Norbert- Vermeer, a obra completa, Köln: Taschen, 2007, p.75.

Le Corbusier, Viagem ao Oriente 2

CARTA AOS AMIGOS DOS "ATELIERS D'ART" DE LA CHAX-DE-FONDS






"Meu Velho Perrin,



... Venho falar-lhe de vasos, de vasos rústicos, de cerâmica popular. (...)



Então, ou numa loja escura ou num porão pobre de Budapeste, ou ainda num sótão coberto de poeira nobre e anciã, à hora tórrida do meio dia, numa aldeia da planície húngara, foi a orgia total. Imagine só! Os vasos estavam ali, em seu alegre esplendor e em sua sadia robustez, e a beleza deles consolava-nos. (...)



A arte do camponês é uma impressionante criação de sensualismo estético. Se a arte se eleva acima das ciências, é precisamente porque ela excita, contra estas, a sensualidade, despertando profundos ecos no ser físico. Ela dá corpo - ao animal- sua parte justa e sabe elevar depois, sobre esta base sadia, própria à expansão da alegria, as mais nobres colunas.



Assim essa arte popular, como uma carícia quente e imutável, envolve a terra inteira, cobrindo-a com as mesmas flores, unindo ou confundindo as raças, os climas e os lugares. (...) A cor, ela também, não é descrição, mas evocação; simbólica sempre. É fim e não meio".






Le Corbusier - A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Nayfi, 2007 (apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro), p.17 a 28.

Françoise Hardy, Retratos....Olhares... 2









































Françoise Hardy foi me dada a conhecer

por uma tia que é da mesma idade dela.

Aprecio muito as suas canções.

As minhas ,favoritas são: Voilà (1967) Mon amie la rose(1964) e Peut-etre que je t'aime (1966) e mais...

Françoise Hardy nasceu em Paris, a 17 de Janeiro de 1944 é uma cantora e compositora francesa.
Françoise cresceu com a irmã, Michèle, e a mãe num pequeno apartamento em Paris. Quando terminou o ensino secundário, o seu pai ofereceu-lhe uma guitarra e Françoise começou a compor canções.









Jacques Brel, Retratos...Olhares...

















Como grande admiradora de Jacques Brel, compositor e cantor belga francófono, coloco aqui algumas das suas melhores fotografias. Gosto de todas as suas músicas mas são favoritas as seguintes: Ne me quitte pas de 1959 e Les Bonbons de 1964.
Jacques Romain Georges Brel nasceu em Schaarbeek, Bélgica em 8 de Abril de 1929 e morreu em Bobigny,a 9 de Outubro de 1978.

Elis Regina, Fascinação


Composição: F.D.Marchetti / M.de Feraudy / (Versão Armando Louzada)

Os sonhos mais lindos, sonhei
De quimeras mil, um castelo ergui
E no teu olhar tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação amor
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olharTonto de emoção
Com sofreguidão
Mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação, amor

Dança em Deus



Deixa sem tardar, ao subires aos céus,
À terra o que é terra.
Em breve te juntarás ao Pai,
E, deus, dançarás em Deus.

Sinésio (370?-430?)

in Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro
23/1/09 Poemário da Assírio & Alvim, 2009

(tradução do grego por Maria Jorge Vilar de Figueiredo)

Marcel Proust, O Prazer da Leitura



Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust nasceu em Auteuil, 10 de Julho de 1871 e morreu em Paris, a 18 de Novembro de 1922.



"Não há talvez dias da nossa infância que tenhamos tão imensamente vivido como aqueles que julgámos passar sem tê-los vivido, aqueles que passámos com um livro preferido.Tudo quanto, ao que parecia, os enchia para os outros, e qe afastávamos como um obstáculo vulgar a um prazer divino: a brincadeira para a qual um amigo nos vinha buscar na passagem mais interessante, a abelha, ou o raio de sol incomodativos que nos obrigavam a erguer os olhos da página ou a mudar de lugar, as provisões para o lanche que nos obrigavam a levar e que deixávamos ao nosso lado no banco, sem lhes tocar, enquanto, sobre a nossa cabeça, o sol diminuia de intensidade no céu azul, o jantar que motivara o regresso a casa e durante o qual só pensávamos em nos levantarmos da mesa para acabar, imediatamente a seguir, o capitulo interrompido, tudo isto, que a leitura nos devia ter impedido de perceber como algo mais do que a falta de oportunidade, ela pelo contrário gravava em nós uma recordação de tal modo doce (de tal modo preciosa no nosso entendimento actual do que o que líamos então com amor) que, se ainda hoje nos acontece folhear esses livros de outrora, é apenas como sendo únicos calendários que guardámos dos dias passados, e com a esperança de ver reflectidas nas suas páginas as casas e os lagos que já não existem. (...)"


Proust, Marcel - O Prazer da Leitura, Lisboa:Editorial Teorema, 1997, p. 5-6.

24/01/2009

Mitologia e Arte, Ciclopes

Os Ciclopes



O Ciclope - Odilon Redon, c.191 Museu Kroller-Mueller, Otterlo



Os Ciclopes eram uma raça de gigantes com um olho no centro da testa. Hesíodo, poeta grego afirmou que eram filhos de Úrano (Céu) e de Geia (Terra). Em grupo de três eram denominados Bronteu (Trovão), Estérope ou Asterópe (Relampago) e Argeu (Raio). Juntamente com os Titãs foram presos no Tártaro por Saturno, que receava a cólera dos monstros. Foram libertos por Júpiter para o ajudarem a depor Saturno. Em agradecimento os Ciclopes deram os raios e trovões a Júpiter, um tridente para Neptuno e um barrete de invisibilidade para Plutão.

Outros autores antigos distribuíram diferentes funções e vidas a estes monstros. Alguns consideravam serem ferreiros dos deuses, descreveram-nos como pastores. Ulisses encontrou estes pastores num episódio da Odisseia de Homero. Ulisses tinha ficado preso na caverna de um Ciclope chamado Polifemo, que comia homens. Ulisses adormeceu o Polifemo com vinho para o adormecer e cegou-o. O pai de Polifemo, Neptuno, castigou o herói atrasando por muitos anos o seu regresso a casa.


O autor do quadro acima representado foi Bertrand-Jean Redon, conhecido como Odilon Redon (Bordeaux, 20 de abril de 1840 - Paris, 6 de julho de 1916). Ele foi um pintor e artista gráfico francês, considerado o mais importante dos pintores do Simbolismo, por ser o único que soube criar uma linguagem plástica particular e original.

A técnica mais utilizada por Redon era o pastel, que lhe permitia trabalhar as cores com texturas diferentes e bastante mescladas. Seu mundo de visões e sonhos, povoado de criaturas estranhas e às vezes monstruosas, fascinou os jovens do grupo nabis e influenciou significativamente os surrealistas.

Pensamento

Pascal, pintura anónima



"A grandeza do homem é grande em se saber miserável.

Uma árvore não sabe que é miserável."


Pascal


Blaise Pascal nasceu em Clermont-Ferrand, Puy-de-Dôme, a 19 de Junho de 1623 e morreu em Paris, a 19 de Agosto de 1662. Foi um filósofo religioso, físico e matemático francês



Le Corbusier, A Viagem do Oriente 1

Ir-se-á escrever nesta rúbrica: Viagens, as impressões que Le Corbusier, arquitecto francês, do início do século XX, apreendeu durante a sua viagem de Dresden a Constantinopla, de Atenas a Pompeia e anotou num caderno, com uma série de desenhos que o ensinam a olhar e a ver.




Le Corbusier




Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudónimo de Le Corbusier, nasceu em La Chaux-de-Fonds, a 6, de Outubro, de 1887 e morreu em Roquebrune-Cap-Martin a 27, de Agosto, de 1965, foi um arquictecto, urbanista e pintor francês de origem suíça ligado ao Funcionalismo Modernista.


ALGUMAS IMPRESSÕES:

"Viajando assim longos meses, em países sempre novos".

... Agora partem para o Oriente, imaginamos que suas intenções são nada perder do que a estrada oferece à direita e à esquerda... Quantas impressões então, diversas e múltiplas!...

Era verdade: sob as pesadas abóbadas de Tiegarten ou ao longo dos canais do Spree, nos nossos passeios demorados, acontecia-nos, ao voltar de uma caminhada fatigante pelos dédalos de pedra das cidades velhas ou novas da Germânia, falar mal de um domo venerado, pôr um ponto de interrogação sobre uma famosa cidade deitada na planície à foz de um rio e dominada por um "burgo" excessivamente romântico, praguejar contra uma carranca medieval enquadrada numa moldura de torreões, fossos e muralhas denteadas... A essa visão teatralizada, opus uma outra, menos em moda porque felizmente menos conhecida. um sorriso sereno sob o céu azul colocado em volta de pedras esculpidas e de rebocos cuidadosamente pintados sobre trigais dourados, onde irrompem flores vermelhas, onde se intensifica o azul em estrelas profundas. Falei com entusiasmo de certas realizações modernas, e definitivamente, critiquei a Alemanha medieval em proveito das obras calmas de cem ou duzentos anos atrás...

Além do mais, enfim, se a beleza parece-me feita de harmonia, e não de largura, extensão, altura ou somas dispendidas, ou de brilho teatral, acrescento a essa maneira de ver uma maneira de ser jovem- pecado efémero -, jovem e portanto inclinado aos julgamentos temerários. (...) Esta viagem do Oriente, longe das confusas arquitecturas do Norte, reposta a um apelo persistente do sol, das grandes linhas dos mares azuis e das grandes paredes amplas dos templos - Constantinopla, Ásia Menor, Grécia, Itália meridional-, será como um vaso de contorno ideal, do qual saberão derramar-se os mais profundos sentimentos do coração...

Eis que são duas da madrugada, no barco branco que desce o imenso rio entre Budapeste e Belgrado..."




Le Corbusier - A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Nayfi, 2007 (apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro), p. 13 a 16.
Oscar Wilde

LA FUITE DE LA LUNE


O outer senses there is peace,
A dreamy peace on either hand,
Deep silence in the shadowy land,
Deep silence where the shadows cease.

Save for a cry that echoes shrill
From some lone bird disconsolate;
A corncrake calling to its mate;
The answer from the misty hill.

And suddenly the moon withdraws
Her sickle from the lightening skies,
And to her sombre cavern flies,
Wrapped in a veil of yellow gauze.


Oscar Wilde, 'La Fuite de la Lune' was originally published in the Irish Monthly, February, 1877, as part III of Lotus Leaves.

A luz e sombra em Vermeer

Vermeer,
A Rapariga com o Brinco de Pérola


Museu dos Mauritshuis, na Holanda. c.1665


Com a Rapariga com o Brinco de Pérola abre-se uma secção dedicada a Vermeer.
Johannes Vermeer nasceu em Delft, a 31 de Outubro de 1632 e morreu a 15 de Dezembro de 1675. Também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer. É o segundo pintor holandês mais famoso do século XVII.
Vermeer pintou predominantemente mulheres jovens que contam uma história, juntando as personagens a uma actividade. Os retratos de Vermeer apresentam a caracterização de uma personalidade individualizada.
Neste retrato, a menina, aparece com um fundo escuro, neutro, muito próximo do preto, o que estabelece um contraste muito plástico. Vista de lado, a rapariga olha para o observador; tem a boca levemente aberta como se falasse connosco. Ela tem a cabeça levemente inclinada, dando a impressão de estar perdida nos seus pensamentos. Contudo, fixa o olhar atentemente no observador.
A Luz e a sombra:
Os tons amarelo-acastanhado do casaco, sem adornos faz salientar o branco luminoso da gola. Outro contraste é formado pelo turbante azul, com uma ponta pendente amarelo-limão, como um véu sobre o ombro. Vermeer usou quase as cores puras. limitando a escala de tons. os vernizes da mesma cor da superfície criam sombras.
De beleza notável é o brilho que ele confere à face esquerda em oposição à menor luz que se vê na face direita. Esta é iluminada pelo brinco de pérola que dá luz à sombra do pescoço.
Este quadro do Vermeer deu origem a um belíssimo filme. Baseado em factos reais (e muitos ficcionais), o filme conta a história de Griet (Scarlett Johansson), uma menina pobre que é obrigada a trabalhar como empregada na casa do artista e pintor Johannes Vermeer (Colin Firth) para ajudar sua família. A menina acaba por, eventualmente, tornar-se a modelo da obra mais famosa de Vermeer, considerada mundialmente e respeitada como a "monalisa holandesa".

Pensamento


"A arte, felizmente, ainda não soube encobrir a verdade".
Oscar Wilde

Porque hoje é dia 24 de Janeiro...


Flores no Mercado de Mapussa, Goa


VIVESTE O CANTO

Viveste o canto,
abriste a flor,
vós, oh príncipes,
eu, Tochihuitzin, sou tecedor de plantas,
todas as flores
por aí caem.

Tochihuitzin Coyolchihuqui (séculos XIV-XV)
in Qinze Poetas Aztecas (antologia)
( tradução de José Agostinho Baptista)
24 de Janeiro de 2009, Poemário Assírio & Alvim 2009

Goa, as gentes e os costumes: os toucados



Goa e as flores



As flores para os toucados, os Santos e Divindades, no Mercado de Mapussa





O fio das flores e a arte de o construir, mulher sentada.






A trança florida e a arte de encantar


23/01/2009

Mitologia e Arte: Actéon

Tiziano Vecellio nasceu em Pieve di Cadore cerca de 1490 e morreu em Veneza a 27 de Agosto de 1576.
Reconhecido por seus contemporâneos como "o sol entre as estrelas", Tiziano foi um dos mais versáteis pintores italianos, igualmente bom em retratos ou paisagens, temas mitológicos ou religiosos.
Na composição deste quadro, Ticiano, com tratamento escuro retrata o tormentoso mito de Actéoin. A liberdade artística é colocada no acompanhamento de Diana à caçada, sendo o olho do observador conduzido pela sua flecha que transforma o príncipe em veado ao mesmo tempo que os cães o dilaceram.
Ticiano, Vecellio - A Morte de Actéon (1562), in the National Gallery, London.
755×699
História mítica:
Actéon era neto de Cadmo, rei de Tebas, enquanto caçava aventurou-se e inadvertidamente entrou no bosque sagrado de Diana, deusa da caça.
Diana banhava-se com as suas ninfas numa nascente quando Actéon a descobriu. A deusa virginal, envergonhada e ofendida por ter sido vista nua, atirou água para cima de Actéon transformando-o num veado. Deste modo, não poderia dizer a ninguém que a vira nua. Os cães que o acompanhavam na caçada, não reconhecendo o dono perseguiram-no e devotraram-no de uma forma selvagem. Esta é a história que conta Ovídeo em Metamorfoses.
Há duas abordagens principais da história. Alguns artistas mostraram Actéon no momento em que surpreende Diana a tomar banho, pelo que se concentraram na nudez da deusa. Outros representaram o episódio final da narrativa, Actéon é feito em pedaços pelos seus cães. Nesta situação mais dramática, o destaque tem início no terror e na aflição do neto de Cadmo.
Na metamorfose a que é sujeito, Actéon surge com hastes a aparecer na cabeça. Ticiano segue esta segunda corrente.

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