25/01/2009

Le Corbusier, Viagem ao Oriente 2

CARTA AOS AMIGOS DOS "ATELIERS D'ART" DE LA CHAX-DE-FONDS






"Meu Velho Perrin,



... Venho falar-lhe de vasos, de vasos rústicos, de cerâmica popular. (...)



Então, ou numa loja escura ou num porão pobre de Budapeste, ou ainda num sótão coberto de poeira nobre e anciã, à hora tórrida do meio dia, numa aldeia da planície húngara, foi a orgia total. Imagine só! Os vasos estavam ali, em seu alegre esplendor e em sua sadia robustez, e a beleza deles consolava-nos. (...)



A arte do camponês é uma impressionante criação de sensualismo estético. Se a arte se eleva acima das ciências, é precisamente porque ela excita, contra estas, a sensualidade, despertando profundos ecos no ser físico. Ela dá corpo - ao animal- sua parte justa e sabe elevar depois, sobre esta base sadia, própria à expansão da alegria, as mais nobres colunas.



Assim essa arte popular, como uma carícia quente e imutável, envolve a terra inteira, cobrindo-a com as mesmas flores, unindo ou confundindo as raças, os climas e os lugares. (...) A cor, ela também, não é descrição, mas evocação; simbólica sempre. É fim e não meio".






Le Corbusier - A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Nayfi, 2007 (apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro), p.17 a 28.

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