14/03/2012

De regresso a Virgínia Woolf





[Orlando] Não defrontava apenas com os problemas que têm confundido os maiores sábios, como « Que é o amor? Que é a amizade? Que é a verdade?» - mas logo que pensava nisso, todo o seu passado, que lhe parecia tão longo e múltiplo, precipitara-se naquele segundo prestes a cair, dilatava-o até umas doze vezes o seu tamanho natural, coloria-o com mil cores e enchia-o com todos os resíduos do universo. Em tais pensamentos (ou como se queira chamar) empregou meses e anos da sua vida. Não seria exagero dizer que saía do almoço com trinta anos, e voltava para o jantar com cinquenta e cinco, pelo menos. Algumas semanas acrescentaram um século à sua idade; outras, não mais de três segundos, no máximo. Em suma, a tarefa de avaliar a extensão da vida humana (não nos atrevemos a falar nos animais) excede a nossa capacidade, pois tão depressa afirmamos que dura séculos, logo nos recordam que é mais breve que o cair de uma pétala de rosa.



Virgínia Woolf, Orlando, Lisboa: Livros do Brasil, sd., p. 69. (Introdução de Cecília Meireles)

Virgínia Woolf oferece-nos:
- Interrogações que são intemporais;
- A natureza humana em todas as acepções da palavra;
- A descrição pormenorizada do ambiente que cria;
- A beleza do silêncio e do ruído das personagens.

Em suma, lança-nos na angústia de mergulharmos ao mais íntimo de nós.

Virgínia Woolf foi uma proeminente figura do modernismo londrino. Nasceu ainda, durante o período vitoriano, em Londres a 25 de Janeiro de 1882.

Como aquariana, seguindo o livrinho que
uma amiga me ofereceu, podemos considerar a escritora: inteligente, com gosto pela inovação e pautando-se por um pensamento progressista.


Obrigada pelo livrinho que aumentou a minha colecção de mini-livros. :)


Horas, um filme maravilhoso de Stephen Daldry baseado no livro de Michael Cunningham e que foca a figura de Virgínia Woolf e o seu livro Mrs Dalloway, o primeiro livro que li da escritora.

8 comentários:

  1. "Quem tem medo de Virginia Woolf?", não é, ana?
    Bjs

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  2. Que bem que soube recordar "Orlando", a minha obra favorita desta escritora...

    bjs

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  3. eu faz tempo que li practicamente tudo de Virginia Wolf, mas acho que vou ler outra vez, gostei muito dela,e estou de acordo com V.jorge, o que mais gostei foi de Orlando!!!!

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  4. Confesso qie nunca li nada dela - mas fiquei com vontade. O excerto é muito bonito dá que pensar. Bjs!

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  5. Já vi o filme e esta cena final é inesquecível.

    "Orlando" tenho de reler.

    Obrigada!

    L.B.

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  6. Pedro,
    :))))
    Beijinho.

    Virgínia,
    Estou a gostar muito de ler este livro. Compreendo porque é o seu favorito.
    Beijinho.:)

    Myra,
    tem sido uma surpresa agradável ler este livro.
    Beijinho.:)

    Margarida,
    Vai gostar é interessante. Li Mrs Dalloway, um livro de Contos, penso que foi tudo e gostei.
    Beijinho. :)

    Lígia,
    Obrigada pela visita. `s vezes é bom relermos um livro que l~emos há muito a perspectiva é sempre diferente.
    Abraço. :)

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Vi o filme e gostei muito. Já li algumas coisas da Virgínia Woolf e tenho para aí mais uns quantos livros dela. Por enquanto, continuarão no monte, à espera de vez.
    Beijinhos

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