19/11/2011

Para onde caminhamos...

Gustave Caillebotte, Interior Of A Studio With Stove




Um livro, uma perspectiva, um enigma.


Li Viagem ao País da Manhã de Hermann Hesse, um escritor que já não lia há muito tempo. É uma história interessante mas estranha, uma frase que retive foi a seguinte:

Para onde caminhamos, afinal? Sempre para casa.

Hermann Hesse, A Viagem ao País da Manhã, Cavalo de Ferro, 2011, ([Berlim, 1932], Trad. Mónica Dias). p. 15.

17 comentários:

  1. Não conheço seus livros, mas pela frase posso lhe afirmar: Ele sabia do que falava.

    beijinho
    zerafim

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  2. Não li o livro, pelo que desconheço o contexto em que a frase está inserida.

    Mas penso que por muito que se viaje, por muito tempo que estejamos ausentes, a nossa casa é sempre a n/ casa. O porto de abrigo, o local onde nos reconhecemos, onde nos sentimos protegidos.

    Se formos para o sentido figurado, bem, pode-se depreender que por muitas "máscaras" (caminhos) que o Homem tenha ou utilize no dia a dia, volta ou regressa sempre à sua essência, ao seu verdadeiro eu (casa).

    Um beijinho

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  3. Zerafim,
    Hermann Hesse escreveu dois livros quanto a mim belíssimos: Sidharta e O Jogo das Pérolas de Vidro. Li outros mas estes dois foi os que me deixaram mais tocada.
    Beijinhos. :)

    Cláudia,
    Não podia estar mais de acordo. Tudo o que verbalizou é o que eu penso.
    Gostei da palavra "máscaras" com o conteúdo de "caminhos", uma imagem muito bonita.
    Beijinhos. :)

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  4. Ana,

    Há quem defenda que o ser humano anda sempre mascarado, por vezes utiliza diversas máscaras consoante o contexto ou as pessoas com quem está. Que nunca mostra a sua verdadeira personalidade, o seu verdadeiro eu.

    Dava para escrever muito sobre o assunto, mas em certa medida concordo com tal afirmação. Ou para não magoarmos os outros, ou para não entrarmos em conflito, ou por fraqueza,...

    Muitas vezes nem connosco somos genuínos!!

    Bem, espero não gerar aqui uma "discussão" sobre o assunto.

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  5. Caminhamos para casa.
    De regresso para o local de onde partimos.
    E todos caminhamos para a mesma casa. Independentemente da raça, cor, religião...

    As máscaras Cláudia, eu também acho que sempre, todos, em alguma situação, as usamos. Mesmo quem procura a sinceridade e a verdade o mais possível, por esses motivos que indica, às vezes também as usa.
    Para quê magoar alguém se podemos evitar, ou criar conflitos...?

    Bom fim-de-semana

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  6. É, o assunto rende boas xícaras de café ou de chá. Já lí Sidharta e realmente me maravilhei, ouvi beles comentários sobre outros livros do autor, entretanto, compreendo quando zerafim diz: "ele sabia do que falava".
    Acho, que vai muito de cultura, da religião ou dos posicionamentos que se toma na vida. Entro então em harmonia com o pensamento da Zerafim e da Isabel. Vindo dos rhom, nossa casa é sobretudo o lugar de onde viemos e nunca onde estamos ou o que temos no momento. O porto seguro que a Claudia menciona.
    Me recordo, pelo que acompanhei bem do SER e do TER que a Isabel postou em série a uns tempos atrás.
    E se não sabemos de onde viemos o mais justo e correto seria pensar que não podemos viver sem as faces nescessárias - a palavra máscaras não me soa bem nesse contesto, pelo qual não a uso. Não há como estar inteiro onde sobram sentimentos e como dar exatidão a eles? isso me ultrapassa.
    Nenhuma parede é a casa de um rhom - mesmo os que já não vivem em vurdóns.
    Pretendo um dia chegar em casa.

    um grande beijo,

    Elisa

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  7. Não conheço os livros de que fala.
    O vídeo que aqui colocou é lindíssimo. A saga de "O senhor dos Anéis". Um filme que tem paisagens maravilhosas, monstros horríveis, mas que acima de tudo nos ensina que uma promessa cumpre-se até ao fim, independentemente de termos a vida em perigo.
    A banda sonora destes filmes é magnífica!
    Beijo

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  8. É uma frase muito bonita, a de Hesse. Fez-me recordar palavras de Saramago, no seu "A Viagem do Elefante": "Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam". Para mim, "casa" é isto mesmo :)
    Um beijinho e um bom domingo!

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  9. Cláudia,
    Não sei que dizer porque o que assinala é a verdade!`Sou adepta da verdade mas por vezes calo-me para não magoar ou fujo para não a deixar cair, e tudo para não magoar, nem fragilizar o outro. Muito obrigada pelo seu comentário e sensibilidade.
    Bejs. :)

    Isabel,
    Fizeste lembrar-me do filme: "2001, Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrik", um filme belo que é uma viagem sobre o ser humano.
    Evitar conflitos pode ser bom desde que não nos magoemos por isso. Obrigada pela tua sensibilidade.
    Bjs. :)

    Elisa,
    "nossa casa é sobretudo o lugar de onde viemos e nunca onde estamos ou o que temos no momento".
    Gostava de poder afirmar o que a Elisa diz. Nunca me importei com o "TER", sempre procurei o "SER" mas SER nem sempre nos permite fazer a viagem que precisamos sem termos que nos lembrar do momento.
    Adorava poder dizer e viver o seu pensamento.
    Obrigada pela sensibilidade com que pontua o qe escreve. :)
    1 Bj para a Elisa e outros 4. :)+ :))))

    Carlota,
    Em tempos idos ouvia Magna Carta que foi escolhida para o belíssimo filme do Senhor dos Anéis, obras que li e alimentaram a minha imaginação.
    Obrigada Carlota, Bjs. :)

    Sara,
    A frase de Hesse é para mim uma maravilha. É dor e alegria. A casa é sempre o ponto de partida da viagem e é sempre aonde se volta, é o porto seguro de Cláudia, mas nem sempre é fácil voltar a casa, porque pressupõe um passado e um presente e nem sempre casam bem as duas coisas.
    Gostava de partir.
    Bjs e obrigada pela sensibilidade. :)

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  10. Olá Ana! Boa ideia, lindo post!
    O "Sidharta" marcou milhares de adolescentes, jovens, adultos e continua a ter o seu efeito... (Até relendo, pelos vistos. Há muito que o não leio).
    Também foi do "Jogo das pérolas" que gostei muito.
    (um àparte: Deves ler Carlota)
    Voltar a casa...claro. Para descansar da viagem?
    Com o desejo forte de voltar a partir?
    Inconstantemente...
    Gostei muito de ler os comentários e ver como há um interesse tão grande em falar, "discutir" as ideias!
    Viva o Shidarta! Ajudou a este "encontro"!
    Também li Tolkien e gostei.

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  11. Não resisto em sublinhar a frase das amigas dos Vurdóns:
    "Não há como estar inteiro onde sobram sentimentos e como dar exatidão a eles? isso me ultrapassa.
    Nenhuma parede é a casa de um rhom - mesmo os que já não vivem em vurdóns.
    Pretendo um dia chegar em casa."
    De grande e humana profundidade.
    Penso numa frase citada por Claudio Magris no título de um seu livro:" Lontano da dove?", a propósito dos judeus.
    Sim, para tantos, "onde" a casa?
    Pode o mundo ser a casa? Ou ainda: a nossa casa é onde nos sentimos bem?
    Mas isto são outras (tristes) conversas...
    Que bom ouvi-las todas!
    (Só mulheres desta vez?)

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  12. MJ,
    O pensamento das nossas amigas da Cozinha dos Vurdóns é profundo, sim... e difícil de ultrapassar.
    "Não há como estar inteiro onde sobram sentimentos e como dar exatidão a eles? isso me ultrapassa".
    Quero permanecer inteira, vamos ver se a viagem não me fragiliza. Às vezes ficamos frágeis. Chegar a casa? ...

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  13. Um beijinho para MJ,
    E
    adorei ler Tolkien e o Sidharta foi o livro que mais gostei de Hesse. A Índia, um sonho... :)

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  14. ...a casa que somos com todas as divisões que temos dentro de nós.

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  15. Shidarta? Sim, Hesse sintetiza, ali, o seu humaníssimo pensamento e a sua esperança espiritual. Foi um autor que me deu coisas.

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  16. Augusto, um entre mil,
    Grata pela visita, bem-vindo.
    A casa com corredores e portas que não acabam. :)

    Manuel Poppe,
    Que bom vê-lo por aqui. :)
    Também a mim me deu coisas. Sidharta é um livro que recordo muitas vezes.
    Beijinho.

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  17. Pois eu, sem ter lido o livro em questão, penso que a nossa casa, aquela para onde em última análise caminhamos, é simplesmente a morte... Ou seja, a nossa fusão total e final com a alma cósmica.
    Desculpem-me discordar de vocês (já há muitos anos que li), mas lembro-me que na altura achei H. Hesse um pouco "xa-xa", ou "cha-cha" se preferirem.
    Seria por estar muito na moda e eu tender a ser do contra?
    Como posso eu saber, já passou uma eternidade e eu ainda não sei onde é a minha casa, como posso eu saber para onde caminho?
    Um beijo para a Ana e uma boa noite a todos.
    Rui

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