28/07/2011

Desígnio - A Ilha

Detalhe de A Dama e o Unicórnio, Musée de Cluny,

(Conjunto de seis tapeçarias do século XV)




A Ilha


Do que podemos inferir que há afinal um desígnio nas nossas vidas, e, se esperarmos o suficiente, seremos compelidos a vermos esse tal desígnio revelar-se, tal como observamos um tecelão, apenas podemos ver, num relance, um emaranhado de fios; todavia se formos pacientes, começam a surgir ante o nosso olhar flores, unicórnios empinados, torres.


J. M. Coetzee, A Ilha, Lisboa: Dom Quixote, 2004, p. 105




Todas as ilhas nos fazem sonhar, umas mais do que outras. Coetzee leva-nos a pensar na ilha que habitamos na cidade onde vivemos.
"A Ilha" é um livro triste, viaja-se ao interior de nós mesmos, à procura...

9 comentários:

  1. Viajar ao interior de nós mesmos à procura, deveria ser libertador, e não triste.

    Mas é triste pensar que se vive numa ilha dentro da cidade.

    um post muito bonito

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  2. Conhecer-se a si mesma, nossa mais difícil missão. Nossa missão, nossa ilha particular, as vezesdifícil, outras nem tanto.
    As tapeçarias são lindas.
    Os unicornis são lindos.

    5 mil beijos.

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  3. Uma imagem literária muito bonita, ana.

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  4. Isabel,
    julgo que somos todos uma ilha dentro da cidade, da vila ou da aldeia. Às vezes somos mais que outras.
    Obrigada por gostares.
    Beijinhos.:)


    Cozinha dos Vurdóns,
    As tapeçarias são lindas e a história delas são os sentidos...
    E sim, por verzes é difícil.

    5 Beijinhos um para cada! :)))))

    Pedro,
    Ainda bem que gostou. Gostei do livro mas é melancólico.
    Abraço! :)

    Margarida,
    :)Obrigada. O livro é interessante.
    Beijinhos :)

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  5. Olá, Ana

    Quando se falou de Globalização, a fase de euforia, o mundo era uma aldeia.

    Mais tarde, alguém levantou uma questão prática: se todos habitamos a mesma aldeia, afinal quem são os nossos vizinhos?

    Uma ilha, pela sua natureza, seria -- Em teoria, é claro -- o local mais confortável para se viver.
    Sobretudo se ela estivesse isolada.
    Quem rompesse as regras da socialização básica seria punido, todos tomariam conhecimento dessa ocorrência e não lhe restaria senão corrigir-se.
    Para aonde fugiria ele.

    Problema: e se alguém -- Um alien?! -- invadisse a ilha -- Mas alguém, dos nossos, poderia ver a sua condição transfigurada em alien para nos atacar? -- e infligisse a dor e o pesar à comunidade?

    O tecelão que olha para os novelos e imagina enredos para a sua tela e nos deslumbra, será um virtuoso.
    Será um Homem Bom por nos proporcionar tamanhas amenidades e tanta alegria com a sua arte.

    Mas se o novelo se transformar num imenso e inesgotável arame farpado?

    Bjs, Ana

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  6. JPD,
    As utopias são isso mesmo probabilidades optimizadas e categorizadas.
    A escolha parte de nós.
    O tecelão ameniza com a sua beleza mas os fios são tratados pelos homens a quem é dado o livre arbítrio. Na escolha há dois caminhos:
    - A seda e cor;
    - O arame farpado.

    A dama do Unicórnio escolheu as cores, as flores e os 5 sentidos (audição, paladar, visão, olfacto e tacto) mais o seu desejo. A dama vive numa ilha.

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  7. Tem um modo sempre belo de apresentar as coisas.
    Ilhas somos todos, não é? na tal corrente da vida. E levamos a vida a tentar perceber por quê e o quê?
    Quem somos, de onde vimos, para onde vamos?
    Dizia Gide que a procura era mais interessante do que a descoberta em si...
    Beijinhos
    falcão

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  8. JM,
    Muito obrigada pela citação de Gide.
    Talvez vá à procura dele. Tudo o que diz é belo.
    Beijinhos. :)

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