26/06/2011

Três arquétipos na "Ilha dos Amores"

Magritte, Les Reveries du Promeneur Solitaire, c.1926
Três arquétipos certos ou errados, não importa!


Ao longo dos tempos falar de mulheres era um tema recorrente na literatura, na arte e no cinema. O oposto é menos conseguido. Sem qualquer tipo de feminismo porque sou alérgica a essas manifestações, voilà:


- O predador. O homem predador gosta de ter sob a sua alçada a presa. Quanto mais ela é fugaz mais interesse desperta. Não aceita um não e é um sedutor. Seduz com malabarismos cavalheirescos. Os jogos são uma constante.


- O sonhador/sedutor. O homem sonhador/sedutor vagueia entre o sonho e a poesia e seduz a sua ninfa. Mas uma ninfa não chega. O amor é arrebatador nasce e morre num espaço de tempo. A paixão serve de pena que corre sobre o papel.


- O sonhador fiel. O homem sonhador fiel ama com paixão sobre as nuvens e segue a luz das estrelas. Sonha e faz sonhar. É um cavaleiro, um príncipe fiel à sua dama, ao seu amor, coisa rara!


Uma provocação para os visitantes masculinos. Digam de sua justiça sobre os três paradigmas! :)

Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.”


Luís Vaz de Camões, "A Ilha dos Amores. Canto IX, estrofe 83 " in Lusíadas

15 comentários:

  1. Margarida,
    Obrigada, foi um exercício de pensamentos.
    Bjs. :)

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  2. Boa noite, Ana

    Eu reconheço estes três arquétipos.

    Mas como encaro a sedução como algo mais ou menos intenso numa cumplicidade a dois, não sinto uma premência por aí além sobre o peso deles.

    Na actualidade, qualquer dos arquétipos perdeu o peso relativo do género.
    A sedução desencadeia-se sem que haja passividade de um ou outro género.

    O que acho verdadeiramente extraordinário é a sabedoria do nosso querido Luís Vaz e o engenho com que a colocou em poesia.

    Agora vou eu seduzir-te: mais uma excelente edição,Ana.
    Fim de elogio.

    Bjs

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  3. Sempre um renovar de conhecimentos chegar aqui Ana, saio sempre mais culta :)


    Boa semana, my dear!

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  4. Olá Ana,

    Resolvi colocar um comentário que nada tem a ver com este teu post, mas com um mais antigo.
    Perguntaste-me o que achei do filme ''The Tree of Life'' de Terrence Malick?
    Achei algo de magnífico,não gosto nem vou dissertar o que sinto, nem o que vi, sabes que não gosto de o fazer. Apenas digo que achei magnífico.
    Em nada concordo com o que sentiste sobre o filme.
    É bom, nenhum ser humano é igual ou sente de forma igual, ou vê as mesmas coisas.Somos todos diferentes. ;)
    Por isso existem gostos e sentires diferentes e formas de ver diferentes...também gosto de Stanley Kubrick ;)...e ele também podia voltar...faz falta.:)


    Um beijinho grande

    Blue

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  5. [Riso] Bom dia JPD,
    É claro que há cumplicidade a dois e que de alguma forma os arquétipos se entrecruzam.

    A "Ilha dos Amores" é um dos cantos maravilhosos dos Lusíadas.
    Obrigada pela sedução do elogio. :)))
    Bjs

    Dear Cris,
    Fico contente pela passagem por aqui e pela partilha. :)
    Boa semana!

    Blue,
    Ainda bem que há diferenças. As minhas expectativas eram altas, julgo que isso será um dos problemas. Estou a equacionar ir vê-lo mais uma vez.
    Que bom que passaste por aqui.
    Saudades! :))
    Bjs, Blue.

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  6. Ana,

    Quando não passo por aqui, é porque estou ausente do computador;)
    Não tem havido muito tempo...nem no meu espacinho tenho estado como gostaria...

    Um beijinho grande :)

    Blue

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  7. Venho aproveitar a deixa da Blue para dizer que também vou ver a Árvore da vida esta semana. Estou com muita vontade de ver. Depois digo alguma coisa, já que tem sido um tema recorrente aqui no seu blogue.
    Um beijinho Blue e outro para si Ana

    Isabel

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  8. Bem, eu ainda não vi a Àrvore da Vida. Tenho curiosidade. mas já daqui levo umas impressões - contrastantes...
    Os tais arquétipos é engraçado pensar em Camões, "com eles"!
    É natural: creio -que como bem diz a JPD- o nosso Luís Vaz sabia muito!!!
    Um beijinho

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  9. Isabel,
    Aguardarei a sua sensação e opinião com muito agrado.
    Bjs. :)

    MJ Falcão,
    A relação que fiz talvez seja abusiva mas achei que esta estrofe ligava bem com o meu pensamento.
    E de amor, julgo que Camões devia saber bastante... pelo menos é a ideia que fica do que estudei dele.
    Bjs e obrigada pelo comentário.
    :)

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  10. Olá Ana
    olhe, já fui ver o filme. Fui ver hoje a sessão da tarde.
    Gostei. É diferente do que eu ía à espera. Esperava um filme mais "concreto", menos subjectivo, mas gostei.
    Achei que tem belíssimas imagens e música muito bonita.
    Coloca questões importantes e deixa-nos a pensar sobre elas.

    Um beijinho
    Isabel

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  11. Isabel,
    Tem razão coloca questões pertinentes.
    Possivelmente terei que o olhar mais uma vez. Eu tinha colocado a fasquia muito alta, daí a minha sensação.
    Fico contente por ter sido momentos agradáveis. A mim não me desgadou mas esperava outra coisa.
    Bjs e obrigada por trazer a sua visão! :)

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  12. Será possível ser-se dois (ou até três, quatro...) ao mesmo tempo, porque não se encontra razão/justificação/correspondência para ser apenas um?
    Nos meus tempos de aluno, as passagens mais belas de Camões eram pura e simplesmente ignoradas, quase que tinham de ser lidas às escondidas...
    Saltavam-se as páginas e perdia-se o encanto!
    Boa noite!

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  13. Rui Morais de Sousa,
    Tem razão, um podem ser todos os arquétipos que inventei através de um exercício de pensamento.
    Mas também pode ser um só isolado tanto feminino como masculino.
    Quanto aos Lusíadas,
    Tive uma excelente professora mas também ela caiu nesse problema de só dar umas passagens do belíssimo poema que é a obra.
    Obrigada pela visita!:)

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