22/09/2018

Caminhos de pedras


(...) estou a ficar enfeitiçada por este sossego, os caminhos de pedras brancas com plátanos, trepadeiras, de folhas verdes e vermelhas, o pinhal de Camarido, as casas fechadas, compostas, em frente ao  mar, o sol e a sua estradade luz e de sons nas águas quase paradas. Penso que hei-de  acabar a vida numa cabana ao pé do mar. E sempre a praia me pareceu melhor no outono.
Carta a Jacinto Prado Coelho, 1 de outubro 1971.
Viajar com... 
Maria Ondina Braga, Coleção: Viajar com... Os Caminhos da Literatura, Texto de Isabel Mateus. Braga: Opera Omnia, Cultura do Norte, 2012, p. 22.

Adquiri este livro na Livraria Lumière. Obrigada Cláudia por me dar a conhecer esta colecção.


08/09/2018

Vontades ou pensamentos?

Dança ao vento



Tudo que faço ou medito

Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço —

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

13-9-1933

Fernando Pessoa, Poesias, (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995), p. 177.

04/09/2018

Perda irreparável - Amor ou desamor?








Amor ou desamor pela História?

O Fogo um dos elementos químicos estudados desde sempre, o fogo que aquece, solda, contribui para a evolução do Homem, também, destrói a Natureza, Casas, Vidas, destrói Memórias. 
Uma simples reacção química faz desaparecer 200 anos e  séculos de História guardados. 
A História que para alguns é tão pouco valorizada, como se comprova nas notícias com a falta de preocupação pela segurança dos edifícios históricos, ou fiscalização sobre a mesma. 
Eis, pois, que desaparece assim a cultura de dois povos, de um povo, de vários e múltiplos povos e identidades. 

As Memórias, a Cultura, pouco importam no imediato. Só quando são irrecuperáveis é que se tornam valiosas.
O dinheiro é para investir de acordo com a "moda" do modelo económico em voga, experiências... interesses... investimento no imediato, no que lucra com horizonte definido.
O mesmo se passa com a Educação, a cultura Clássica está a morrer aos poucos, não interessa porque é difícil, não provoca efeitos estatísticos de acordo com o que se quer provar. Não arde com o fogo, arde com mudanças de secretaria. 
Lamento não ter visitado este museu. Tinha-o na lista para uma futura viagem que ainda não se tinha proporcionado. Jamais o conhecerei. 
Se nada estava digitalizado em lugar seguro, também não pode ser um dia enviado para o Universo, uma quimera que o Homem alimenta.


01/09/2018

Porta fechada.

Porta branca hipnótica


Não vou deixar a porta entreaberta.
Vou escancará-la ou fechá-la de vez.
Porque pelos vãos, brechas e fendas...
passam semiventos, meias-verdades 
e muita insensatez.


Cecília Meirelles, Poesia Completa. Editora Nova Fronteira, Dezembro de 2001


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