21/02/2014

Torre de Menagem

Torre de Menagem, Bragança

Torre de Névoa

Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar,
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia.

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então: “Que fantasia,

Criança doida e crente! Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu! ...”

Calaram-se os poetas, tristemente ...
E é desde então que eu choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu! ...

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas" (link)


7 comentários:

  1. Uma boa conjugação entre a Torre, a Florbela e o Henry Purcell !
    Tudo cheio de lamentos...


    Um beijo, ANA.

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  2. Bragança, sobretudo esta de granito, vai muito bem com Purcell, e este não poderia ser melhor interpretado que por Jaroussky.
    Quando a acompanhar se junta a poesia, mais abertamente dramática, da Florbela Espanca, então o conjunto é muito bem conseguido.
    Manel

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  3. Um belo soneto sem dúvida... E a fotografia é muito bonita e Purcell, claro!
    Bom weekend!

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  4. Erga-se uma torre de palavras
    por onde a alma se escape.

    Com uma sugestiva fotografia, um soneto perfeito de Espanca esta mensagem tem o climax no tema musical de Purcell.

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  5. Obrigada, João.
    Beijinho. :))

    Manuel,
    Obrigada.
    Boa noite. :))

    Maria João,
    Obrigada, boa semana. :))
    Beijinho.

    Obrigada,
    Agostinho.
    Boa noite. :))

    Margarida,
    Boa semana!
    Obrigada. Um beijinho. :))

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  6. A minha mãe era da região de Bragança e conheço muito bem a cidade. O poema vai muito bem com a distância e o isolamento desta cidade. Aliás, talvez por ter um feitio insular, identifico-me muito com a solidão destas terras frias do Nordeste

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