11/08/2013

Silêncio Intacto e A Caixa Dourada (La Cage Dorée)


RoseAnn Hayes,Dente de Leão
Silêncio intacto

Sobe até ao cimo da manhã.
É lá que deves esperar-me,
grande intervalo de silêncio
musicado e fresco,
até que eu me liberte
do terror das palavras sedentárias
e aprenda, irmão mais novo dos insectos,
a linguagem, perfumada das flores.

 Albano Martins,(1967), Coração de Bússola, p. 31. retirado da Livraria Lumière
[Obrigada Cláudia].

Aproveito para homenagear com este poema um Senhor da literatura portuguesa que partiu recentemente, Urbano Tavares Rodrigues. [Entrou no grande silêncio]

A vida é como o dente-de-leão: passa breve e fugidia. 
Sopra-se na flor e evapora-se a sua essência nos montes, vales, rios e mar.
(Alterado às 11:10 h)

O poema de Albano Martins liga muito bem com outro momento que vivi: o do fado cantado num bar em Paris. Estou a falar do filme: A Caixa Dourada (La Cage Dorée) de Rúben Alves. Recomendo-o vivamente. Intitulado comédia... há momentos de riso e momentos de profundo olhar sobre a arte de ser português (parafraseando o nosso Teixeira de Pascoaes). 
Da película guardo:
- Inteligência;
- Sensibilidade,
- Surpresa, num brevíssimo momento de um jantar;
- Clarividência;
- Superioridade lusa, pró-italiana, e superioridade xenófoba mas tudo com ligeireza e bom gosto;
- Amor em duas frases sucintas: "Morra em Portugal" (fado) e "A meus pais" (dedicatória final de Rúben Alves).
Penitencio-me pela crítica efetuada a casas com azulejos e telhados nada condizentes com os do nosso país.




Dente-de-leão anos 80

18 comentários:

  1. Já viste...eu queria muito vê-lo, vamos ver se vem até cá, mas de qualquer maneira não vai ser já, uma vez que o Cine-Teatro este mês não tem cinema.

    Só tenho ouvido criticas positivas.

    Gostei do poema, que também já tinha lido no blogue da Lumière.

    Um beijinho

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  2. Quase ma passava a referência à homenagem...

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  3. Gostei muito do poema e da pintura. Tenho curiosidade em ver o filme. Beijinho.

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  4. Isabel,
    O filme retrata a essência de ser português.
    Beijinho. :))

    Rogério,
    Aceito a crítica: tem demasiada informação. Porém - o silêncio e o perfume das flores - estão presentes nos dois momentos. Na morte do Urbano Tavares Rodrigues /a morte e a vida/ e ainda no silêncio dos que partem porque no país não têm como ganhar o seu pão.
    Abraço. :))

    Margarida,
    É lindo, não é?
    Beijinho. :))

    Sandra,
    Obrigada. Vê o filme pois vais gostar. Uma emigração diferente da atual. 30 anos de vida em Paris.
    Beijinho. :))

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Fui hoje ver o filme e, acredite, senti um orgulhozinho grande na essência daquilo que nos caracteriza.
    Não me vou alongar , a Ana já fez uma análise/descrição muito completa.
    Em sintese, acrescento que me agradou particularmente a forma como Rubén Alves consegue mostrar que somos generosos, trabalhadores, só aparentemente servis.
    Saí de bem connosco enquanto povo, zangada, muito zangada com aqueles que nos querem destruir.
    Quando o filme terminou fui surpreendida pela reacção do público: uma enorme salva de palmas. Há anos que não assistia a uma manifestação destas.

    Urbano Tavares Rodrigues, o Homem que devia ser o exemplo a seguir, mas que a mediocridade impede.
    É tão dolorosa a sua partida!
    Quem teve a felicidade de o conhecer, de lidar com ele, nunca o esquecerá.

    Beijinho.

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  7. GL,
    As suas palavras definem muito bem a essência do filme de uma forma muito direta que me agrada.
    Saí verdadeiramente emocionada do filme. Deu-me muito prazer ver a alma lusa em terras para lá da Lusitânia.
    Beijinho. :))

    Mar Arável,
    Diz tudo.
    Abraço. :))

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  8. GL,
    As suas palavras definem muito bem a essência do filme de uma forma muito direta que me agrada.
    Saí verdadeiramente emocionada do filme. Deu-me muito prazer ver a alma lusa em terras para lá da Lusitânia.
    Beijinho. :))

    Mar Arável,
    Diz tudo.
    Abraço. :))

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  9. Ana, é muito interessante ver nosso país pelos olhos do emigrante. Quando há sensibilidade nesse descrever, desperta o que temos esquecido, talvez por estar sempre presente... Beijos, boa semana.

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  10. Vou publicar amanhã um post com Urbano Tavares Rodrigues como tema.
    Beijinho e votos de boa semana!

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  11. Jane,
    Tem toda a razão.
    Obrigada pela visita.
    Beijinhos. :))

    Pedro,
    Boa semana. Bj. :))

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  12. Ana,
    Fico satisfeita por ver aqui o poema de Albano Martins!
    É mais uma prova que foi uma escolha acertada!
    Vou tentar ver o filme que refere. Fiquei curiosa!
    Um beijinho.:))

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  13. Cláudia,
    Vai gostar do filme. Eu adorei.
    Beijinhos.:))

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  14. A aguarela é gira.

    É a Catarina Wallenstein que canta o fado no filme. Parece que nunca tinha cantado e não o faz nada mal.

    Boa noite!

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