Nas férias, junto ao mar, os dias são maravilhosamente mais lentos...
Na praia... contemplando o mar e concentrando-me nas letras, palavras, poesia de escrita portuguesa.
Em terra, longe do mar, após tarefas quotidianas: limpezas e afins, a lembrança de como a poesia nos pode deslumbrar.
Desenho de Mário Botas para o livro de poesia de Manuel Cintra, Dentada de Pássaro.
CAI-ME com estrondo na pele a solidão dos astros.
Estrondo completo, inteiro, sem entrelinhas.
Fico de corpo rebentado, recebendo o silêncio após colocar
pés sobre minas de guerra, minas de vida, esquecidas
por estes caminhos cerzidos no caminho abrupto do céu.
estão todas as veias escancaradas, feitas nascentes, e borbota
o sangue dirigindo-se em jorro ao traço que o céu
come na terra. Onde me encontro com o vazio redondo,
cheio de lágrimas, vento e mim.
Neste peito lento és uma gruta quente, perfurando-me do
coração ao sexo em marés regulares. Reconheço-te na
palma antiga da mesma mão, a tua agora atirada em fantasma
para esta praia de tempo onde vim saudar grãos,
um por um. Bebo, como um adolescente, o ar agonizante
do verão, carregando-me o peito de outono e de carne.
E espalmo-te com minúcia no rebordo dos meus lábios.
De todos os meus lábios.
Até me tornar boca.
Manuel Cintra, Dentada de Pássaro. Lisboa: edição do autor, distribuição etc, com vinheta da capa e "hors-texte" de Mário Botas (700 exemplares), p. 5.
Gosto imenso de Mário Botas!
ResponderEliminarNão conheço o livro em causa.
Bom descanso!
Um beijinho.
Cláudia,
ResponderEliminarEste livro arranjei-o na Feira do Livro de Faro. É especial pois tem o desenho e a capa de Mário Botas e só foram publicados 700 livros.
Os poemas são interessantes diferentes, a originalidade é um ponto a favor. Conhecia mal este poeta.
O senhor que mo vendeu disse que era uma raridade e que estava com muito bom preço. Comprei por 10 euros e vi na net com preço superior.
Beijinho. :))
Como é que seria viável não visitar este cantinho? É que se aprende, sempre!
ResponderEliminarNão conheço Manuel Cintra, mas fiquei curiosa.
Um pedido, se é que posso.
Quando achar oportuno publicará um outro poema de sua autoria?
Beijinho.
Mário Botas ?
ResponderEliminar- Não é dos meus preferidos...
Manuel Cintra ?
- Não conhecia nada dele...
Um beijo.
Não conheço o livro.
ResponderEliminarFica a sugestão.
Beijinho
Boa leitura, minh querida! Nada como pegar num livro e seguir com ele, sabe-se lá para onde.. Vou fazer a minha lista de livros para férias ...e parto uns diazinhos!
ResponderEliminarBEIJOS
Como gosto dos desenhos de Mário Botas, e este auto-retrato é muito feliz
ResponderEliminarManel
GL,
ResponderEliminarCom todo gosto sairá outro daqui a pouco para gozar um momento de descanso. :)
Obrigada pelas palavras gentis. :))
João,
Manuel Cintra é «poeta, tradutor, jornalista, actor, Manuel Cintra tem vindo a dedicar-se à encenação de espectáculos teatrais desde 1984, ano em que se dirige em o «Diário de um Louco» a partir de Gogol. Além de textos próprios, Manuel Cintra encenou textos de Lagervist, Cendrars, Cocteau, Satie, Novarina, Rimbaud e Wesker. A sua mais recente interpretação ocorreu em 1998 na peça «Marsal, Marsal» de José Sinisterra, no Teatro Taborda, com encenação de Amadeu Neves.» daqui
Beijinho. :))
Pedro,
É um livro pequeno como as edições etc mas é muito bonito. :)
Beijinho.:)
Querida Maria João,
Que bom, boas férias e boas leituras.
Beijinho. :))
Manuel (Manel),
Gostaria muito de lhe agradecer a sua visita mas não sei como fazê-lo. Espero que volte para ler a minha resposta. :)
Também gosto de Mário Botas. E deste homem pássaro. Todavia, não tenho a certeza se é um auto-retrato. Parece de facto Mário Botas mas Manuel Cintra quando era novo era parecido. Gostaria de ter a certeza.
Boa noite! :)
GL, Beijinho. :))
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMares nunca antes navegados
ResponderEliminarObrigado, ANA, por tanta informação !
ResponderEliminarPassarei aestar atento.
Um beijo muito grato.
Gosto muito deste seu canto, ainda que nem sempre lhe deixe comentário.
ResponderEliminarRefere coisas que por vezes mexem muito comigo, como foi o caso desta obra de Mário Botas.
Pareceu-me um autoretrato, mas não tenho forma de lhe assegurar que o seja.
Conheço relativamente bem a obra do artista e parece-se muito com os outros autoretratos que fez, e foi este o facto que me levou a considerá-lo como tal.
No entanto não sou de forma alguma um expert na sua obra.
No entanto não quero deixar de lhe agradecer as coisas que aqui vai colocando e que, tantas vezes, sinto que estão, de alguma forma, relacionadas comigo (uma pessoa sente que não está só; não que a solidão me incomode de forma especial, mas a partilha é sempre agradável de se sentir)
Manel
Mar Arável,
ResponderEliminarGostou de navegar nestes mares?
Boa noite!:)
João,
É sempre um prazer partilhar consigo o pouco que sei. :))
Beijinho.
Manuel (Manel)
Apareça sempre. A solidão por vezes é boa, é como ouvir o silêncio. Outras nem tanto. Apareça sempre que quiser.
Boa noite! :))
Não consigo resistir à Françoise Hardy. Confesso que ainda gosto de música francesa, uma coisa tão fora de moda.
ResponderEliminarUm abraço