25/02/2017

"A cada qual..."


A cada qual dá Deus o frio conforme anda vestido.

Carlos Pittella e Jerónimo Pizarro, "Como coleccionar Provérbios" in Como Fernando Pessoa pode mudar sua vida, primeiras lições.  Lisboa: Tnta da China, 2017, p.61.



19/02/2017

padrão/paradigma

padrão = modelo, paradigma.                                      Mário Cesariny, Naniôra, Uma e Duas, 1960, Centro Aarte Moderna Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian


O paradigma humano é dos mais difíceis de entender. Porém, há um conjunto de sinais que se repete, que se constrói, que vêm a delinear e a desenhar um rosto.
Nem sempre queremos ver o rosto que sai do papel, embora, o tenhamos presente, não o queremos ver. Os olhos traem a nossa mente.
Do esboço, no entanto, sai um rosto real que nos observa, que nos trai, que nos interpela de diferentes maneiras, que nos distrai, que nos confunde e que no final fica só.
Há o fio umbilical ligado a si próprio, tal narciso, nem da posição fetal se recorda. 
Há um princípio e um fim mas a realidade fica à margem deste ciclo e acaba... mal.

ana


16/02/2017

"Basium, osculum e suavium"


“Beije-me ele com os beijos da sua boca: Porque teu amor é melhor do que o vinho”
 Cântico dos Cânticos, Bíblia

Há muito, muito tempo, beijar era um acto que se dividia em várias dimensões. Tudo podemos sistematizar e organizar julgando que assim criamos conhecimento. Os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes.
No beijo ao anel dos bispos ainda temos uma herança do mundo romano. Contudo, é o suavium que aqui nos interessa, a mesma raiz linguística que nos remete para o belo texto religioso musicado para coros por muitos dos mais magistrais mestres em composição.
Ao contrário da mundivivência latina, hierarquizada e quase por castas, o beijo nos lábios, na boca, remete-nos para o campo da partilha, e não da hierarquia. No beijo todos são iguais. No beijar, as duas bocas são a imagem da igualdade na dádiva.
E o que são dois amantes? Recordo um amigo que há uns meses dizia numa conferencia que a base da palavra francesa para conhecimento era exactamente a ideia de «nascer com...». "Connaître" = "con"+"naître". No fundo, só conhecemos aqueles com quem nos damos de tal forma que tornamos a nascer. Se o êxtase sexual pode ser solitário, o beijo dificilmente é masturbatório. Há sempre um outro no beijar. É sempre com...
Há beijos que ficam na memória. A intensidade, a doçura, tudo neles nos deixa recordações inesquecíveis. Os lábios, a pele, os jeitos de entrega e de partilha. Sim, recordo a imagem do texto gnóstico em que o beijo de Jesus a Maria Madalena era... de amante ou de transmissão de sabedoria?...
Mais que igualdade, o beijo é, de facto, conhecimento – e agora não o cartesiano, não hierarquisador, mas interior, do ser irrepetível que cada um expressa no beijo. É do campo da Verdade, o in vino veritas, ou inebriamento desse mesmo néctar como o Cântico dos Cânticos nos indica.
O beijo possibilita, numa catadupa de sentimentos, aceso ao íntimo, ao recôndito e tantas vezes escondido ou esquecido. O beijo marca. Um beijo deixa marca como a que ficara no ombro – “toquei-te no ombro e a marca ficou lá”, dizia Sérgio Godinho; se esse toque tivesse sido um beijo, desejo eu, Estrela!
No limite, na troca de um beijo intenso, nas humidades e fluídos variados, há um renascer com a parceira, há um baptismo vivido, uma imersão, na intensidade do Eu e do Tu que se misturam.
Sim, o Beijo é um conhecimento que é entrega, porque partilha. É o «Com» que dá sentido. Um sentido recíproco que torna todos os momentos verdadeiramente únicos, irrepetíveis e de constante re-nascimento.
Renascer, crescer, viver. Tudo se conjuga com beijar.»
Paulo Mendes Pinto, In Visão

14/02/2017

naïve

Qual deles escolher?

naïve  - having or showing unaffected simplicity of nature or absence of artificiality;
- unsophisticated;
- ingenuous.

Elena A. Volkova, Young Girl from Sibera. Daqui



12/02/2017

Em torno do beijo

Francesco Hayez, O beijo, 1859, Pinacoteca de Brera, Milão

Detalhe retirado do Guia da Pinacoteca de Brera

Wikipédia

O beijo uma tela de Hayez, romântica no cenário, na emoção e no brilho azul celeste do vestido.
A luz emana da mulher; a sombra da figura masculina projecta-se no enlace fulgoroso, na pujança varonil; a fragilidade e a doçura feminina exaltam a entrega. Modelos intemporais.

O que estou a ouvir:

10/02/2017

Janela aberta

Em especial para a minha amiga Alexandra, a quem 
deixo os meus parabéns com um "Magritte" real e com 
o desejo de um dia perfeito!

Janela aberta

O que posso desejar?
Que seja Feliz!

04/02/2017

Cansaço

Um simples banco vermelho de jardim vazio...


Devido a algum cansaço agradeço a todos a presença amiga.
Logo que possa reapareço.



02/02/2017

Narciso


Narciso


Narciso
amarelo
que redundância...
pequeno
na mão
grande 
aos olhos.
Belo na imagem
terrível no ser,
mas tão necessário por vezes,
mesmo que entristeça
o seu autismo.

Força de vencer.


Arquivo