Apanhados à porta de casa, vizinhos em amena conversa
Ah, como incerta, na noite em frente
Ah, como incerta, na noite em frente,
De uma longínqua tasca vizinha
Uma ária antiga, subitamente,
Me faz saudades do que as não tinha.
A ária é antiga? É-o a guitarra.
Da ária mesma não sei, não sei.
Sinto a dor-sangue, não vejo a garra.
Não choro, e sinto que já chorei.
Qual o passado que me trouxeram?
Nem meu nem de outro, é só passado:
Todas as coisas que já morreram
A mim e a todos, no mundo andado.
É o tempo, o tempo que leva a vida
Que chora e choro na noite triste.
É a mágoa, a queixa mal definida
De quando existe, só porque existe.
14-8-1932
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1930-1935). (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990), p. 86.
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1930-1935). (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990), p. 86.
Boa, VIZINHANÇA !
ResponderEliminarObrigada, João.
EliminarBeijinho. :))
Por vezes acontece, os vizinhos tornam-se bons amigos. Outras vezes nem por isso. E também há amigos que se tornam vizinhos. E há vizinhos que são só isso: vizinhos, e nem interessa que sejam outra coisa.
ResponderEliminarBea,
EliminarA sua ideia de vizinho é a actual forma de convivência entre vizinhos. Achei curiosa a sua asserção.
Boa noite. :))
Bons vizinhos são como família. Mas hoje em dia cada vez mais os vizinhos são apenas desconhecidos.
ResponderEliminarBeijinhos e um bom domingo:)
Pois é Isabel.
EliminarBeijinhos e boa semana!:))
Belo poema este do Mestre Fernando Pessoa. Sou ainda do tempo em que os vizinhos eram uma espécie de família. Já neste século XXI revelam-se uns perfeitos estranhos, a maioria nem responde a um simples bom-dia.
ResponderEliminarBom domingo
Mister Vertigo,
EliminarMudam-se os tempos e mudam os homens... Realmente, na minha meninice, brincava-se na rua com vizinhos, hoje é impossível.
Boa semana!:))
Vizinhos! Toda a vida, onde vivi, havia sempre o vizinho cusco que tudo sabia e divulgava! E que dava algum pitoresco à vida do prédio!
ResponderEliminarPaula Lima,
EliminarO vizinho indiscreto também é terrível. Lá pitoresco é. :))
Boa semana!
Gostei de todos os elementos e da sua perfeita conjugação.
ResponderEliminarParabéns pela foto, pelo poema de FPessoa que aos 31 anos
parece um já derrotado da vida e pela recordação do tema das
séries australianas.
Beijinhos, querida Ana.
~~~~~~~~~~
Obrigada.
EliminarBeijinhos querida Majo.:))
Boa noite, Ana! Fico contente por te ver por aqui. E os vizinhos são iguais sempre, estejamos onde estivermos...Pura curiosidade? Também necessidade de companhia!
ResponderEliminarBoa música!
Obrigada. :))
ResponderEliminarAcho que hoje já é rara esta companhia, mas é um bem quando existe.
Beijinho, Maria João.:))
Há vizinhos para todos os gostos, é o que é...
ResponderEliminarbeijinhos :))
:)) Pois é.
EliminarBeijinhos.