Os livros são uma viagem no tempo e no espaço. Na feira do livro comprei este título:
A Infanta e o Pintor, A relação entre a infanta Isabel de Portugal e o pintor Van Eyck. Editado pela Quetzal em 2005.
Imagem retirada da net
- Que olhais?
- A luz.
Makhiel olhou por sua vez. Perguntou ainda:
- Como é que se pode olhar a luz? Só vejo coisas.
- Olha entre as coisas. Depois a matéria das coisas. Aí encontrarás a luz.
Calam-se a noite chega.
Chega em força, de todo o lado do horizonte, lançada desde o fundo do mundo sem que nada lhe possa resistir. Sobe do chão, ergue-se hirta diante deles. Forma uma massa bem precisa mas de uma dimensão tão fantástica que ninguém poderá nunca medi-la. Magnetiza a luz,
toda a luz na sua opacidade.
Jean Daniel Baltassat, A Infanta e o Pintor, A relação entre a infanta Isabel de Portugal e o pintor Van Eyck. (Tradução de Inês de Castro). Lisboa: Quetzal, 2005, p. 99.
Daqui foi fácil chegar ao retrato da infanta D. Isabel, filha de D. João I.
Reprodução aguarelada do retrato da infanta D. Isabel, filha de D. João I, pintado em Avis, em Janeiro de 1429, por Jean van Eyck, moço de câmara de Filipe o Bom, duque de Borgonha e de Brabante, conde da Flandres. Torre do Tombo
Inclui a reprodução dos emolduramentos que acompanharam o quadro, com legenda, fusis e pedoneiras da Ordem do Tosão de Ouro e o monograma de Filipe e Isabel.
Legenda: "C'est la pourtraiture qui fu envoiée a Philippe duc de Bourgogne et de Brabant, de Dame Isabel, fille de roi Jean de Portugal et d'Algarbe, seigneur de Septe par lui conquise, qui fu depuis femme et épouse de dessus dit duc Philippe."
E ainda a questão da luz:
viagem até ao Museu Nacional de Machado de Castro
Sob Outra Luz: ver para além do olhar, explicação da Dra, Virgínia Gomes
«O diagnóstico de UV na análise de
pinturas baseia-se no facto de haver materiais que fluorescem (emitem radiação
no domínio do visível sob o efeito da radiação UV) e outras substâncias em que
isso não se verifica. Nas pinturas verificou-se que os vernizes antigos
fluorescem, enquanto que isso não acontece com os modernos. Para além disso, o
que acontece é que os repintes são feitos sobre a pintura antiga e os materiais
modernos têm um comportamento completamente diferente. Assim, é muito fácil ver
os repintes, que aparecem pretos na imagem fotográfica enquanto que o resto da
pintura aparece brilhante com um tom ligeiramente esverdeado. O método
tradicional consiste na iluminação da obra com uma lâmpada de radiação UV e
fazer um registo fotográfico da pintura com um filme especial sensível à
radiação UV emitida pelos materiais da superfície da obra.»
http://www.ciul.ul.pt/~luisa/PLDTR/UV%20method.pdf
Em suma há acasos felizes, a compra do livro, a altura em que o comecei a ler, o gosto pela pintura e o museu que interage com o público levando-o a verdadeiras viagens pela arte.
Gostei do livro.
ResponderEliminarMR,
EliminarEstou a gostar muito.
Boa noite. :))
Gosto de luz e gosto de Van Eyck. Não conheço o livro mas fiquei curiosa. Beijinhos!
ResponderEliminarMargarida,
EliminarEncontrei-o na feira do livro.
Estou a gostar muito.
Beijinhos. :))
"Há acasos felizes, a compra do livro, a altura em que o comecei a ler, o gosto pela pintura e o museu que interage com o público levando-o a verdadeiras viagens pela arte".
ResponderEliminarDe facto, assim é, embora eu considere que os acasos não o são (não caem do céu aos trambolhões). Este trabalho é revelador da interligação das artes - pintura, literatura, museologia, música - e a história (incluindo a nossa). Soberba viagem, Ana.
Obrigada, Agostinho, pelo seu gentil comentário.
EliminarAcredito no acaso, na circunstância, na interligação dos dados.
Boa noite. :))
Sempre interessante! Um beijo
ResponderEliminarObrigada, Maria João.
EliminarBeijinhos. :))
Sabe que sempre nutri um fascínio por esta princesa anglo-portuguesa, que, casando tarde (com mais de 30 anos), fez furor na corte de Filipe o Bom, onde se fez notar como uma mulher de fibra.
ResponderEliminarOs dois retratos que dela foram pintado por Van Eick perderam-se.
Aliás, um dos poucos retratos pintados, credíveis, que representam esta mulher, e que chegou até aos dias de hoje, encontra-se no museu J. Paul Getty; julga-se ter sido baseado num outro, igualmente perdido, pintado por Rogier van der Weyden.
Apesar de, num desses retratos de van Eyck, ser denominada de "La belle portugaloise", consta que não o era assim tanto, no entanto compensava largamente essa condição com uma inteligência fora do comum, uma cultura pouco usual numa mulher à época, quando a educação do mundo feminino era tão negligenciada, e capacidades de diplomacia que lhe permitiram privar e ser reconhecida por todas as forças do xadrez político do tempo.
Ingressou numa corte fortemente dinâmica e dominada por um mecenato artístico, e foi a terceira mulher de um príncipe que, apesar de não lhe ser nada fiel (e disso logo a informou aquando da sua chegada à corte), apoiou-se nela várias vezes como sua representante em legações oficiais, e mesmo como regente, o que mostra o apreço que tinha pelas suas capacidades, num mundo a sair de uma Idade Média em que o papel da mulher estava limitado à esfera do espaço íntimo e privado.
Esteve sempre atenta à política portuguesa, interferindo nela ocasionalmente, mas, antes de mais, era uma diplomata consagrada e reconhecida.
E, claro, foi mãe desse príncipe da Renascença, Carlos o Temerário, com o qual sempre manteve as relações mais próximas, e que, apesar de ter sido o único filho que lhe sobreviveu, acabou por morrer, de forma traiçoeira, às mãos da "aranha universal", Luis XI.
Peço desculpa pelo longo comentário, mas esta personalidade não me consegue deixar indiferente!
Um bom final de semana, que já se vislumbra ao longe
Manel
Manuel,
EliminarAgradeço imenso o seu comentário. A" Ínclita geração" exerce um grande fascínio. Gostava de a estudar mas não há tempo para tudo. Em agradecimento deixo-lhe uns versos de Camões:
Lusíadas. Canto IV. 50
«Não consentiu a morte tantos anos
«Que de Herói tão ditoso se lograsse
Portugal, mas os coros soberanos
Do Céu supremo quis que povoasse.
Mas, pera defensão dos Lusitanos,
Deixou Quem o levou, quem governasse
E aumentasse a terra mais que dantes:
Ínclita geração, altos Infantes.»
Um bom fim-de-semana no seu Alentejo.:))
Manuel,
EliminarEsqueci-me de dizer que nunca fui ao Museu J. Paul Getty. Vou visitá-lo virtualmente.
Obrigada.
Boa noite. :))
Uma bela viagem de luz e sombras
ResponderEliminarSempre um prazer encontrá-la por aqui
neste espaço de serviço público
Bj
Mar Arável,
EliminarCortesia a sua.
Beijinho. :))
~~~
ResponderEliminar~~ Um feliz acaso que originou esta excelente publicação...
~~ Grata pelas suas generosíssimas partilhas culturais.
~~~~~ Beijinho. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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Majo,
EliminarPois foi, obrigada.:))
Beijinho.