Ando a ler Agustina Bessa-Luís, O Mosteiro, mas tive que fazer uma pausa pois a densidade da escrita assim mo impôs. O cansaço talvez seja o motivo maior.
Numa passagem pela FNAC encontrei um livro que me despertou o interesse, cheguei até ele através da capa que trazia o quadro: A Morte de Marat. O título do livro, um tanto bizarro, levou-me a folheá-lo e acabei por o comprar. Tenho o direito de me destruir de Kim Young-ha começa assim:
«Estou a olhar para o quadro de Jacques-Louis David de 1793, A morte de Marat, reproduzido num livro de pintura. O revolucionário Jean-Paul Marat jaz assassinado na banheira. Tem a cabeça envolta numa toalha, como se de um turbante se tratasse, e a mão, caída ao lado da banheira, segura uma pena. Marat apagou-se, esvaído em sangue, por entre tons brancos e verdes. A obra transmite uma sensação de calma e silêncio. Quase se pode ouvir um requiem. A arma fatal, uma faca, está abandonada no chão, ao fundo da tela.
Já tentei várias vezes fazer uma cópia deste quadro. A parte mais difícil é a expressão de Marat; fica sempre com um ar demasiado sedado. No Marat de David, não se vê o desânimo de um jovem revolucionário perante um ataque inesperado, nem o alívio de um homem que se libertou finalmente das dores da vida. (...)
David compreendeu o imperativo estético dos jacobinos: uma revolução não pode avançar sem ser incendiada pelo terror.»
Kim Young-ha, Tenho o direito de me destruir. Lisboa: Teorema, 2013, p. 7 e 8.
Jacques-Louis David, A morte de Marat, 1793, Musées Royaux des Beaux-Arts
( Wikipedia)
(Imagens retiradas da Wikipedia)
Kim Young-ha nasceu em 1968 em Hwacheon, na Coreia do Sul. Licenciou-se em gestão na Universidade de Yonsei, Seul, mas acabou por se dedicar à escrita. (...) Foi professor na Escola de Teatro da Universidade Nacional das Artes da Coreia. (...) Actualmente, é cronista do International New York Times. O livro assinalado venceu o Prémio Munhak-dogne na Coreia do Sul. (*Informações retiradas do livro).
Críticas nos principais jornais:
Kim é um esteta do crime. Com um cinismo irresistível, oferece-nos um romance ímpar sobre a arte, o amor e a morte.[*]
Le Monde
O romance de Kim é arte sobre arte. O seu estilo tem reminiscências de Kafka, Camus e Sartre, território arriscado para um jovem escritor. [*]
Los Angeles Times
Com este romance, Kim ganhou um lugar de culto nas letras coreanas. [*]
Der Spiegel
Críticas nos principais jornais:
Kim é um esteta do crime. Com um cinismo irresistível, oferece-nos um romance ímpar sobre a arte, o amor e a morte.[*]
Le Monde
O romance de Kim é arte sobre arte. O seu estilo tem reminiscências de Kafka, Camus e Sartre, território arriscado para um jovem escritor. [*]
Los Angeles Times
Com este romance, Kim ganhou um lugar de culto nas letras coreanas. [*]
Der Spiegel
Os livros que tu descobres, Ana !
ResponderEliminarE depois nas tuas postagens parecem coisa leve...
Curioso, sem dúvida.
Um beijo.
A maneira como o autor começa o livro, de duas, uma - ou nos prende de imediato, ou nos afasta de imediato.
ResponderEliminarÉ muito raro o meio termo.
Beijinhos
Fiquei com curiosidade sobre este livro de Kim.
ResponderEliminarTenho lido tão pouco! Quem diria...
Magistral, como ligou tudo!
Um beijinho.:))
Não sei se gostaria do livro, mas gosto muito desse quadro de David. Bom dia!
ResponderEliminarJoão,
ResponderEliminarFoi a capa e o título que me levaram até ele e é uma descrição perfeita da vida contemporânea: vazia, por vezes...
Beijinho. :))
Pedro,
Nunca li escritores coreanos, é o primeiro e estou a gostar...
Beijinho. :))
Obrigada Cláudia,
São os seus olhos queridos que vêem assim. :))
Beijinho.
Margarida,
O quadro é lindo e foi ele que me levou ao livro.
Beijinho.
Um bom dia, Margarida!:))))
ResponderEliminarCláudia,
ResponderEliminarLembra-se que o "Mosteiro" veio da sua Lumière? Só agora é que o ando a ler vai a meio. :))
É um belo quadro! Percebo que deixes a Agustina por uns dias, depois vais outra vez...
ResponderEliminarNão conhecia este Kim!
Um beijo
Ana,
ResponderEliminarboas escolhas e primoroso alinhamento. Tudo apresentado com delicadeza.
Há casamentos quase perfeitos
ResponderEliminarMaria João,
ResponderEliminarO livro não é fácil mas a arte que aparece num ou noutro capítulo suavizam. É uma escrita contemporânea onde sobressai uma sociedade onde o vazio surge por falta de valores. Viver é sobreviver.
Beijinho.:))
Agostinho,
Obrigada pelo seu gentil comentário.
Boa noite!:))
Mar Arável,
Pois é. :))
Beijinho.
Impressionante, este título !
ResponderEliminarComo impressionante o quadro que não conhecia.
E o início do livro, onde até a palavra "Requiem" citada por Kim, encontra eco no fim do post...
Cada postagem, cada bela e consistente construção.
Lê-se e aprende-se com gosto.
Obrigada, Ana.
Um beijinho
Obrigada, Manuela!
ResponderEliminarGostei muito da sua porta e do poema.
Um beijinho. :))
Viver não pode ser sobreviver! Mas é, sometimes é...
ResponderEliminarBeijo