03/10/2013

O vazio político

Mapa da Península Ibérica numa bandeja atribuída a Wenzel Jamnitzer, c. 1553, Rijksmuseum *

A abstenção, o voto em branco e o voto nulo, três formas de actuação que acentuam o vazio que a política tem cultivado nos últimos tempos.
A aridez das ideias e das soluções encontradas para fazer face à crise anunciam a descrença na governação e no arquétipo do político português.

Um cansaço interiorizado, um despegar da cidadania, um mar revolto sem rumo.
Portugal é um penhasco sem farol.
Os argonautas partem sem vontade de regressar.
Um dia,  talvez se volte a dar valor à polis e a retórica se torne numa linguagem corrente. Sim, talvez os cidadãos regressem e participem no governo da "cidade".

A oligarquia banqueira em que vivemos acabará por definhar quando a palavra humanidade triunfar. Então o liberalismo selvático terá os dias contados. Não chegaremos à Cidade do Sol mas a iluminação chegará para alimentar os homens bons e trazer de novo sentido à palavra democracia.

A ampulheta, no rotativismo que lhe é próprio, fará com que os regimes se renovem.

*



10 comentários:

  1. 100% de acordo com o teu texto, Ana !

    Outro beijo.

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  2. Leia hoje no meu blogue a definição de politicamente correcto, ana :))
    Beijinho!

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  3. Ana,

    Faço minhas as suas palavras, comungo a análise lúcida mas, desgraçadamente, não tenho a sua esperança. O poder do dinheiro crescerá na mesma proporção em que a humanidade definhará.

    Beijinho

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  4. Um tema preocupante. Também estou assustada, não só por causa do domínio do dinheiro sobre os valores humanos; como também pela alienação das pessoas relativamente às eleições. Acho que há muita gente que ainda não entendeu que embora o rotativismo não seja solução, a alternativa (ditadura) é ainda pior... Será que o percebem a tempo de evitar um desastre, do género dos que existiram na primeira metade do século XX (e em Portugal, até 1974)?

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  5. Quando retornar ao Rijks, vou ver se encontro esta peça. É linda!
    Tal como a Margarida, também temo as ditaduras. Preocupa-me o estado actual da Europa. Muito, mesmo.
    Beijinho, Ana!

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  6. Tens toda a razão, Ana! E que pena que dá. O descontentamento e a desconfiança podem levar-nos ao precipício final. Votos nulos, brancos & abstenção são não um protesto como se julga mas uma forma de suicídio!
    E a ida sem regresso dos nossos novos Argonautas não alegra ninguém, a começar por eles!
    Tens razão...
    "Um cansaço interiorizado, um despegar da cidadania, um mar revolto sem rumo.
    Portugal é um penhasco sem farol.
    Os argonautas partem sem vontade de regressar."
    Mas não podemos esquecer as frases de revolta: "Não somos únicos, quando nós passarmos, há-de haver outro que nos virá substituir"... (vide "To Have and Have Not", filme de Howard Hawks sobre texto de Hemingway e guião escrito por Faulkener. Sim, outros argonautas voltarão...Há sempre alguém depois de nós. Há sempre alguém que diz não, como na canção! Um beijo!Gostei!

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  7. Ó ANa, quase me sinto idiota a dizer o que disse...mas não quero desesperar!
    Acredito firmemente que há-de haver uma solução!Não podemos (NUNCA) baixar os braços e ter medo!

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  8. Democraticamente é urgente resistir

    também nas ruas

    Bjs

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  9. A todos agradeço a presença e os comentários construtivos que me ajudam a entender um fenómeno para mim estranho.
    Beijinho para todos.:))

    Agradeço também a quem escolheu este texto como referência.

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