19/10/2012

"A morte saiu à rua". Homenagem a Manuel António Pina

Perplexa e em estado choque, confesso, foi como recebi a notícia da morte de Manuel António Pina.
Uma morte que saiu à rua  precocemente.

A minha homenagem:

Luz

Talvez que noutro mundo, noutro livro,
tu não tenhas morrido
e talvez nesse livro não escrito
nem tu nem eu tenhamos existido

e tenham sido outros dois aqueles
que a morte separou e um deles
escreva agora isto como se
acordasse de um sonho que

um outro sonhasse (talvez eu),
e talvez então tu, eu, esta impressão
de estranhidão, de que tudo perdeu
de súbito existência e dimensão,

e peso, e se ausentou,
seja um sonho suspenso que sonhou
alguém que despertou e paira agora
como uma luz algures do lado de fora.

Manuel António Pina, Livros. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 32.

7 comentários:

  1. Ana, também recebi a notícia com tristeza.
    Já sabia que estava doente mas custa sempre a aceitar.
    Já alguém cantou:
    "only the good die youg".
    Fica a sua obra a fazer jus ao homem.
    Um beijinho.

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  2. Cláudia,
    Não sabia da sua doença. Acho que me passou ao lado. De forma que me custou ainda mais.
    Mudei a música do Andreas Scholl para outra também por ele interpretada.
    Um dia triste.
    Obrigada por me ter arranjado este livro.
    Beijinho, não consigo sorrir.

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  3. Volltei a enganar-me. estou nervoso !


    Colei uma letra. Aqui não podia ser !

    ( Continuando...)

    Ofereceu-me um livro escrito por ele e ilustrado pela Paula Rego...

    Era de uma simplicidade tremenda ! Até me atrapalhava...
    Éramos ambos Sportinguistas. ( Coitados de nós )

    Um beijo.

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  4. João,
    Não sabia que o poeta era sportinguista, também sou e junto-me ao lamento.
    Beijinho.

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