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22/12/2022

Chove. É dia de Natal!

  Feliz Natal!

François Boucher - La Lumière du monde (Adoration des bergers), 1750
Museu do Louvre, Paris 
https://collections.louvre.fr/en/ark:/53355/cl010054819


Chove. É dia de Natal.

Chove. É dia de Natal.

Lá para o Norte é melhor:

Há a neve que faz mal.

E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente

Porque é dia de o ficar.

Chove no Natal presente.

Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse

O Natal da convenção,

Quando o corpo me arrefece

Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra

E o Natal a quem o fez,

Pois se escrevo ainda outra quadra

Fico gelado dos pés.

25-12-1930

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 

 - 127.

 


Maria Betânia, Alberto Caieiro -Guardador de Rebanhos 

VIII - Num meio-dia de fim de Primavera


23/12/2016

Feliz Natal!

A todos um Feliz Natal! 


Numa bola de sabão ...
uns flocos de neve pairam
sob um presépio
que tem uma base barroca: 
 uma caixa de música que canta alegria.


Em re-re-reposição porque gosto muito de ouvir este poema neste dia

26/12/2012

NATAL ... de partida

Há sempre um Natal em que se parte! 


In memoriam
Claudionor Viana Teles Veloso


ORAÇÃO DA MÃE MENININHA

Ai! Minha mãe Minha mãe Menininha
Ai! Minha mãe Menininha do Gantois
A estrela mais linda, hein
Tá no Gantois
E o sol mais brilhante, hein
Tá no Gantois
A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois
E a mão da doçura, hein
Tá no Gantois
O consolo da gente, ai
Tá no Gantois
E a Oxum mais bonita hein
Tá no Gantois

Olorum quem mandou essa filha de Oxum
Tomar conta da gente e de tudo cuidar
Olorum quem mandou eô ora iê iê ô

Dorival Caymmi

01/12/2011

Sapatinhos vermelhos

Festejei o 1º de Dezembro, dia da Restauração da Independência, (ano de 1640, fim do domínio filipino em Portugal), como faço sempre a vestir a casa de Natal.



Os sapatinhos vermelhos cantam as memórias de infância: as danças perdidas, a neve caída, o passeio à floresta luxuriante.

Um bibe, um gorro, casacos de fazenda de lã e um cestinho de verga para trazer as pedrinhas brancas que fariam os caminhos, os fetos que se transformariam em palmeiras, o azevinho que daria cor e o musgo que calafetaria o cenário. Tudo para montar o templo onde nasceria o Menino.


Era tudo tão simples, tão exacto: a alegria espontânea, a ânsia da festa que se aproximava e era tudo éfemero de ano para ano.
O Menino fugiu...
***


(...)

Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem

(...)

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade

Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

(...)
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?


Alberto Caeiro " O Guardador de Rebanhos", 1914



Onde está esse Menino, por que terras viaja? Porque é que se esqueceu desta Terra cujos rios correm em atropelo?
Continua efémero!


Já colocado há uns tempos mas sempre renovado nesta época do ano.

07/09/2011

Fauna Humana! Um jeito estúpido de ser...

Vicente Esparza é um pintor e desenhador alicantino. Nasceu em Huesca em 1946. Começou os estudos na Escuela de Artes y Oficios, em Alicante e terminou a formação no Circulo de Bellas Artes de Madrid.

Em Alicante encontrei uma exposição com as suas obras intitulada: Entre lo urbano y lo escénico. O tema e a pintura de Esparza encantaram-me, talvez por causa da luz e da face humanizada do animal que espalha entre a multidão. Por vezes há animais que são mais humanos do que as pessoas.

Notas retiradas da exposição.

Vicente Esparza, Fauna Humana.


Alicante, Espanha

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