29/07/2018

Moldura de Verão- Leituras de Verão II - Kazuo Ishiguro

Um Verão com um começo nipónico, Ishiguro segue-se a Mishima. Gostei do romance com sabor histórico.

O romancista Kazuo Ishiguro na sua casa, em Londres, logo após o anúncio do Nobel - Alastair Grant / AP Fotografia tirada daqui

 O romancista Kazuo Ishiguro em uma coletiva de imprensa em sua casa, em Londres, logo após o anúncio do Nobel Foto: Alastair Grant / APResultado de imagem para um artista do mundo flutuante

Imagem do livro retirada da net da Wook

A preocupação de um artista é captar a beleza onde quer que a encontre. Mas, por mais hábil que seja, terá sempre muito pouca influência no tipo de questões que falas*. De facto, se a Okada-Shingen é a tal como a descreves, então parece-me que estás equivocada nos seus propósitos. Parece fundar-se em expectativas ingénuas sobre o poder da arte.

Kazuo Ishiguro. Um Artista do Mundo Flutuante. (Trad. Rui Pires Cabral). Lisboa: Gradiva, 2018, p. 207, (1ª ed. em Portugal 2018, título de 1986).

*[poder político/lutar conta a pobreza]


27/07/2018

Sobreviver... nadar...

Sobreviver



Sea Sorrow, 2017, documentário dirigido por Vanessa Redgrave, foca a crise actual dos migrantes e faz um paralelismo com a angustiante vida dos que migraram por causa dos horrores da guerra ao longo dos tempos. Mais, enuncia os Direitos do Homem, algo que no século XXI ainda não se conseguiu atingir.

Um documentário que vi recentemente na íntegra e que aconselho a verem.

21/07/2018

Moldura de Verão, leituras de Verão -Yiuko Mishima

Leituras de Verão - comecei as leituras de Verão com um livro de contos de Mishima no qual desvenda a alma humana e a dificuldade em lidar com a dor de uma grande perda. É um livro profundo e bonito.

A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte, citação retirada do The Guardian. 
Mishima suicidou-se segundo o ritual seppuku, conhecido no ocidente por haraquíri (1970).





La mort… nous affecte plus profondément 
sous le règne pompeux de l’été.
Baudelaire
 Les Paradis Artificiels

"A praia de A., próxima da extremidade sul da península de Izu, ainda está intacta. Lá pode‑se tomar banho. É certo que o fundo do mar é desigual e cheio de calhaus e que as ondas são fortes, mas a água é limpa e a terra entra pelo mar num suave declive, tendo no conjunto excelentes condições para se nadar. Sobretudo por estar afastada, a praia de A. não sofre nem do barulho nem da sujidade das estâncias balneares mais próximas de Tóquio. Fica a duas horas de autocarro de Itō.
(...)
As crianças cansaram‑se do castelo de areia. Desataram a correr para que a água jorrasse das poças à beira das ondas. Acordada do pequeno e tranquilo universo pessoal para o qual tinha resvalado, Yasue correu atrás delas. 
Mas não estavam a fazer nada que fosse perigoso. Tinham medo do bramido das ondas. Havia um pequeno redemoinho para lá da rebentação. Kiyoo e Keiko de mão dada, com água até à cintura e os olhos brilhantes, faziam frente à água, sentindo a areia mexer debaixo dos pés nus. 
— Parece que alguém nos está a puxar — disse Kiyoo à irmã. 
Yasue aproximou‑se deles e proibiu‑os de irem mais longe. Mostrou‑lhes Katsuo, não o deviam deixar sozinho, deviam ir brincar com ele. Mas não lhe prestaram atenção. Estavam de pé, de mãos dadas, felizes, e olhavam‑se sorrindo. Tinham um segredo: a areia que sentiam mexer debaixo dos pés."

Yiuko Mishima, Morte em Pleno Verão. Torres Vedras:Editorial Estampa, dezembro de 2006 p.11 e 12.

15/07/2018

Homenagem a Myra!

In memoriam:
A Myra agradeço a arte e a sensibilidade.
Até sempre!

Myra Landau, Derrota dos Pesadelos

"envelhecem apenas os que não olham e não escutam 
o caminhar de anos se veste de sonhos 
é a derrota dos pesadelos". 
Myra Landau 


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