28/05/2013

Les fenêtres

Parce que j' aime les fenêtres
William Coldstream, Window in Hampstead 1981
Les fenêtres
Celui qui regarde du dehors à travers une fenêtre ouverte, ne voit jamais autant de choses que celui qui regarde une fenêtre fermée. Il n’est pas d’objet plus profond, plus mystérieux, plus fécond, plus ténébreux, plus éblouissant qu’une fenêtre éclairée d’une chandelle. Ce qu’on peut voir au soleil est toujours moins intéressant que ce qui se passe derrière une vitre. Dans ce trou noir ou lumineux vit la vie, rêve la vie, souffre la vie. Par-delà des vagues de toits, j’aperçois une femme mûre, ridée déjà, pauvre, toujours penchée sur quelque chose, et qui ne sort jamais. Avec son visage, avec son vêtement, avec son geste, avec presque rien, j’ai refait l’histoire de cette femme, ou plutôt sa légende, et quelquefois je me la raconte à moi-même en pleurant. Si c’eût été un pauvre vieux homme, j’aurais refait la sienne tout aussi aisément. Et je me couche, fier d’avoir vécu et souffert dans d’autres que moi-même. Peut-être me direz-vous : «Es-tu sûr que cette légende soit la vraie?» ce que peut être la réalité placée hors de moi, si elle m’a aidé à vivre, à sentir que je suis et ce que je suis?

Charles Baudelaire - Le Spleen de Paris, Petits Poèmes en prose, édition posthume 1869.

Klaus Nomi

10 comentários:

  1. A ana surpreende-nos com estes posts e deixa-nos, literalmente, sem comentários.
    Beijinhos

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  2. amo teu blog, e ADORO o Ch. Baudelaire! lindissimo!
    mtos mtos beijos!

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  3. Também gostei muito. Bonita reflexão.
    Confesso, que desde que vivo aqui, tenho o hábito de olhar mais para as janelas das casas das pessoas. Sobretudo, à noite, num passeio de barco pelos canais de Amesterdão, pode ser muito interessante, muito cinematográfico. :-)A arquitectura interior, os candelabros, as bibliotecas, as pessoas à mesa a rir, ou encostadas às janelas a tomar um copo, sentadas num cadeirão a folhear um livro...Muito giro!:-)
    Bjs!!

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  4. Ana, o quadro é belíssimo!

    As janelas um mistério... Tanto podem ocultar como mostrar!
    Interessante e curioso este texto de Baudelaire. Nunca li a obra, e penso que nem tenho.

    Um beijinho.:))

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  5. Pedro,
    Obrigada pela sua presença sempre gentil. :)
    Beijinho.

    Myra,
    Muito obrigada pelas palavras e pela visita que me encanta.
    Beijinho. :)

    Sandra,
    Achei tão giro o teu comentário. Tentarei ter essa percepção. :)
    Beijinho.

    Cláudia,
    Eu tenho o livro, neste momento um pouco perdido, daí estar aqui em francês.
    Cortesia do Google porque não me lembro donde o colhi. :(
    As janelas têm a ambivalência que afirma e são mistério também.


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  6. Ana,
    Baudelaire é, para mim, uma referência na literatura francesa.
    O post? Sabe que as janelas, principalmente as das casas antigas, sempre exerceram em mim um enorme fascínio? Olho-as e interrogo-me sobre quem teria visto o mundo através delas, que tipo de pessoas teriam sido, o que fariam.
    A janela e o seu lado opaco que tudo esconde, ou o escancarar que tudo mostra, sem pudor.
    Beijinho.

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  7. GL,
    Compreendo-a perfeitamente pois a mim também me fascinam e também me interrogo acerca de quem está atrás da cortina. O que fazem?, o que foram e o que serão?
    Uma janela com flores, uma janela solitária, sem cortina e sem vasos... Todas me encantam,
    Beijinho. :)

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  8. Gosto de janelas - o texto de Baudelaire é uma maravilha! Bom dia!

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  9. Margarida,
    Adoro demais.
    Obrigada pela visita e desejo que regresse o mais rápido possível às Memórias e Imagens.
    Beijinho. :)

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