Detalhe de O Desterrado, Soares dos Reis, 1872
Tenho que retomar o peso e a medida da palavra humana, quanto mais não seja para dizer com clareza que estamos a matar as almas à custa de pôr o homem a falar em voz alta e a fazê-lo viver desse discurso estéril. Que estamos a cair numa astenia geral, numa sociedade de fantasmas que, à custa de dizer palavras perderam a linguagem do ser. Gostaria de tentar redescobrir as ribeiras subterrâneas e as orações secretas que se diziam baixinho, as meias palavras que evocavam o estofo misterioso do tempo, as palavras segregadas dos amantes que comunicavam talvez a pulsação do cosmos, talvez a linguagem e o silêncio de Deus.
António Alçada Baptista, Os Nós e os Laços, Lisboa: Editorial Presença, 1985, p. 127.
António Alçada Baptista, Os Nós e os Laços, Lisboa: Editorial Presença, 1985, p. 127.
Ana,
ResponderEliminarAgrada-me essa preocupação, porque necessária.
Beijo :)
Muito belas as palavras. Bjs!
ResponderEliminarE, isto escrito em 1985...
ResponderEliminarJá não há "espaço" para se ser, para sonhar, para amar.
Há que contrariar as tendências!
Também depende de nós...
Beijinho terno
Que texto tão bonito e verdadeiro. Uma boa amostra daquilo que apologiza.
ResponderEliminarBom fim de semana, ana.
Louvada seja a lucidez d'alma. Pois não precisamos da outra, entretanto precisamos que o ouvido perca a audição para para recuperarmos os sentidos do som, o silêncio de Dhiel.
ResponderEliminarbjs grandes de todas nós.
AC,
ResponderEliminarJulgo que iria gostar deste livro.
Obrigada pela visita. Não consigo publicar um comentário no seu blogue.
Beijo. :)
Margarida,
Que bom vê-la por aqui. Obrigada!
Bjs. :)
Cláudia,
Temos que contrariar sim e encontrar a linguagem do ser!
Beijinho terno!;)
Sara,
Sorri.
Bom fim de semana! :)
Cozinha dos Vurdóns,
Obrigada pela "lucidez d'alma" e sigamos o silêncio de Dhiel.
7 Beijinhos grandes!:)))))))
Tem toda a razão o A.B.
ResponderEliminarVamos-nos "desumanizando". Temos que manter o sonho, o sentimento, as palavras...
beijinhos
MJ,
ResponderEliminarQue contentamento em a ver por aqui a falar do sonho e da humanização.
Beijinhos. :)
Parece que consigo estar de volta ao Blogger, ana.
ResponderEliminarBjs e boa semana
Fala-se demais, é verdade! Tagarelar ensudece ao ponto de desaprendermos a audição. E se não nos ouvirmos como saberemos quem somos?
ResponderEliminarAlçada Baptista, sempre atento.
L.B.
Uma reflexão que urge fazer.
ResponderEliminarA palavra torna-se vazia se não se deixa preceder dos silêncios capazes de justificar um dizer.
L.B.
Na verdade
ResponderEliminarSociedade de fantasmas
Pedro,
ResponderEliminarEu não consigo comentar no seu blogue. Gostei de o ver por aqui. beijinhos. :)
Olívia,
Obrigada pela visita e pelo comentário que apreciei. Tentei retribuir mas não vi qual é o seu blogue.
Abraço! :)
Ládia Borges,
Obrigada pela visita e sim, urge fazer-se uma reflexão.
Abraço!:)
Puma,
Infelizmente é o que nos estamos a tornar...mas talvez ainda haja esperança.
Obrigada pela visita!
Abraço. :)
A fala deixa tantas vezes "a palavra" envergonhada.
ResponderEliminarJá não há um pensar prévio, fala-se por falar, sem sentido, sem orientação.
Beijo
Carlota,
ResponderEliminarÉ tão verdadeiro o que diz que fico sem palavras.
Beijo. :)