17/01/2012

Miguel Torga - "Oração"




Aguarela de Manuel Tavares, O Mártir da Cruz, 1958. Colecção Carlos do Carmo.



Retirado do livro de Fernando Tordo e Manuel de Sousa, As Cores da Crucificação, Lisboa: Oro Faber, 2005, p. 170.
Fotografia - Pedro Saraiva

Adolfo Correia da Rocha, Miguel Torga, faleceu a 17 de Janeiro de 1995. A minha homenagem a um homem que passou pelo mundo com a discrição de um gentleman.





Coimbra, 14 de Julho de 1974

ORAÇÃO

Peço-te lucidez, Senhor.
Rogo-te humildemente,
Em nome da terrena condição,
Que me não cegues neste labirinto
De paixões.
Que nele, aos tropeções,
Eu nunca chegue até onde, perdido,
O homem já não pode
Saber até que ponto é consentido
O jugo que sacode.

Miguel Torga, Diário XII, Coimbra, (2ª edição) p. 73.



Agradeço a Cláudia da Livraria Lumière que me recordou o poeta, escritor e ensaísta.

13 comentários:

  1. Excelente o pensamento
    as palavras

    e a obra

    Bjs tantos

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  2. A Isabel me apresentou Torga de uma forma que jamais havíamos visto. Belo. Agora vc nos traz algo que demanda tempo para se dar o devido valor, daqueles que guardaremos para ler no ano que vem e com certeza terá outros e mais significado.

    obrigada.

    bjs nossos

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  3. Hoje estou a conseguir comentar, ana.
    Para encontrar aqui o Torga.
    Que encontrei, pessoalmente, tantas vezes na Baixa em Coimbra.
    E que o meu padrinho conhecia pessoalmente.
    Reservado, era muitas vezes tido por antipático.
    Não era o caso.
    Bjs

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  4. Como era importante que esta oração fizesse eco na mente do ser humano!!

    Miguel Torga é um dos meus autores de eleição. E, até teve direito a uma montra só para ele. Não é para todos...

    Um beijo terno

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  5. Muito belo o poema. Junto-me nessa oração. Bjs!

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  6. Desatêrro

    Não te posso mentir: o teu desenho é feio;
    E a minha assinatura
    Só ia sem receio
    Para a bonita altura
    Da curva do teu seio...

    Mas tens corpo são, moreno e forte
    Com promessas no rosto e na bacia;
    e a sorte
    Quando te fez assim morena e forte
    Lá pensou no que fazia!...

    Eu, que sonhei contigo certa noite
    Em que tudo aconteceu,
    Digo, sinceramente:
    O teu corpo é rijo e quente
    E amoldou-se ao meu...

    Porém.
    Deus não me fez poeta e D. João
    Para ser pai:
    O meu amor é raro e nunca vai
    Confirmar as palavras de ninguém...
    Amo a estéril mulher loira e criança
    Que joga a minha vida e a minha herança...
    ...E tu só podes ser Mãe!...

    Adolpho Rocha, Coimbra, 1929

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  7. Linda Oração.
    Gosto muito do Miguel Torga
    Beijinhos, Ana

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  8. Conheço melhor a sua prosa, de que gosto muito. Mas esta oração talhada em verso é um tesouro.
    Um beijinho e um bom resto de semana.

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  9. Mar Arável,
    Bjs tantos :)

    7 amigas,
    Obrigada e é uma oração para orar muitas vezes.
    7 Beijinhos. :)))))))

    Pedro,
    Não consigo comentar no seu blogue. Sim ele era muito reservado e tinha uma ar misterioso. Também me cruzei com ele.
    Beijinhos. :)
    `
    Cláudia,
    Então parabéns pela montra! Lá do céu pode ser que ele veja a torga, planta que escolheu para nome.
    Obrigada, bj caloroso.
    :)

    Carlota,
    ... diz tudo nada acrescento senão obrigada!
    Bjs. :)

    Margarida,
    Juntemo-nos então!:))
    Bjs.

    George Sand,
    Muito obrigada por esse, outro poema!
    Bj.:)

    Isabel,
    Este Diário tem prosa e versos belíssimos.
    Saudades e bjs. :)

    Zerafim,
    Obrigada pela rendição! :)

    Sara,
    Também conheço melhor a prosa mas tem poemas lindíssimos!
    Não consigo comentar no seu blogue, coisas da blogosfera. :)
    Bj e boa semana!

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  10. É um autor memorável, sem dúvida. E a pintura, belíssima também.

    Um abraço lembrado, ana.

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  11. R,
    Eu é que agradeço a sua passagem por aqui.
    Não consigo comentar no seu blogue por isso digo aqui que a causa do euro é meritória e vamos todos contribuir.

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