03/08/2011

Vulnerabilidade...

Visitei recentemente o Museu de Arte Contemporânea, Museu do Chiado, e fotografei esta escultura de António Teixeira porque o tema entristece: A Viúva, uma mulher nova com um filho para criar. Ainda não a tinha colocado, embora figure do lado esquerdo do écran, porque queria um texto especial. Encontrei esse texto no blogue A Linguagem dos Pássaros. Atrevidamente retirei um excerto, poderão ler o texto na íntegra no link assinalado. Porquê ligar esta escultura ao texto?

Uma mulher só, com um filho para criar... uma mulher que espera da vida ver o filho a crescer, torna-se vulnerável. Não conheço a história desta escultura mas atribuo-lhe uma a partir do título dado pelo escultor. O criador é ele mas eu crio com a minha fantasia uma história. Não importa se é verdadeira ou falsa, ela não passa de uma história, não é ciência.

Sorridente esta mãe alimenta o filho, dá-lhe o amor unilateral porque a criança perdeu o pai, ela pode ser manipuladora ou manipulável. Ninguém gosta de ser manipulado mas o remoinho das águas, a corrente do rio leva sem entender o remexer das águas.

Obrigada Blue pela beleza do texto! Não gosto de manipulações. Mas será que num dado momento não caímos nesse erro?

António Lopes Teixeira, A viúva, 1893


Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu Chiado, Lisboa

A escultura é uma beleza romântica: desde a expressão, o movimento, até à obrigação de mãe.





Debaixo daquela árvore, olha para o céu. Neste breve momento os pensamentos dela explodem. Coisas que ela não suporta a invasão, a invasão do seu ser, a tentativa de manipulação, quando pensa em tentativa, não passam de tentativas. Mas em redor existe sempre a tentativa de manipulação sobre alguém. Pensou nas pessoas que tinham a prepotência, de achar que através da escrita de alguém se achavam capazes de pensar, de ser, ou conhecer essa pessoa por dentro, quase na íntegra. A análise do texto, das palavras, do contexto. Da forma como essas pessoas conseguiam colocar outras pessoas numa constante prova, como se alguém lhes devesse qualquer tipo de prova. Que prepotência, que ousadia. Querer entrar dentro dum outro ser, começando devagar, de mansinho. Mas a ânsia vai aumentando e esse exercício imposto nunca pode durar muito tempo. Nunca sobre ela, ela nunca permitiria. A invasão. «Vamos cá ver, se eu conseguir estar perante um quadro de x, vou conseguir sentir o que ele sentiu quando o pintou» ou «se eu ler a poesia de y, vou conseguir saber exactamente como ele é, o que sente e pensa?» Como é possivel alguém ter a presunção de pensar algo assim ou semelhante?
Até onde chega a loucura? Até onde chega a doença? Até onde chega aquilo que ela não consegue conceber, nem quer compreender. Perante uma Obra de um Artista, sente-se. Pode ter visto as obras e ter lído sobre a vida de x ou y, ela não pode sentir o que x sentiu, pode ser x, y, z ....Mas que disparate! E como existem pessoas assim? Porque pessoas assim não sabem criar, não têm criatividade, nem nunca saberão sentir o que se pode quase chamar o transcendental.


Texto da minha amiga Blue, Linguagem dos Pássaros


Barenboim - Bach Goldberg Variations - Aria

2 comentários:

  1. A escultura e o texto são lindíssimos, ana.
    A escultura até arrepia!
    Bjs

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  2. É verdade Pedro, a escultura é impressionante. O texto da minha amiga é excelente e fez-me reflectir.
    Bjs. :)

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