16/03/2019

Transparência



Plano

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.


Retirado daqui: https://www.escritas.org/pt/t/1650/plano

 

8 comentários:

  1. A foto é muito bonita.

    Andas desaparecida...

    Beijinhos e bom domingo:))

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    Respostas
    1. Ando desaparecida por excesso de trabalho. :))
      Beijinhos e obrigada. :))

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  2. Os contra tenores entusiasmam-me a sério, sei lá bem porquê. É um entusiasmo triste, feito de lonjuras e distância, uma coisa assim como saudade e impossíveis, tudo bailando dentro da alma.
    BFS

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  3. Requintadamente belo este post.
    De cima a baixo afaga-se-lhe
    a superfície. Toda.
    Todos os planos, perspectivas
    e pontos de fuga com a palma
    dos sentidos, achamos-lhe enfim
    a maravilha da transparência.

    Bj.

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