02/02/2019

Um poema em doze!

O mar monocromático

Deriva


Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flôr das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri


Sophia de Mello Breyner Andresen, DOZE POEMAS uma edição da Divani & Divani, sd

[É uma caixinha muito bonita que comprei na Livraria Lumière quando visitei a Cláudia].

20 comentários:

  1. E que bela surpresa me fez!!
    Sophia de Mello Breyner e o mar são indissociáveis!
    Boa música!
    Estava a ouvir Silence de Beethoven.
    Um beijinho e bom fim-de-semana.:))

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    1. Cláudia,
      O livrinho é uma graça com as palavras belas da Sophia.:))
      Beijinho e boa semana!

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  2. Belíssima paisagem marinha !
    Vai muito bem , tanto com a Sophia, como com o Luís da Cláudia !
    Com tão boa companhia espero que sejas bem notada.

    Um beijo grande e muito amigo.

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  3. Ai o mar que nunca vi
    Ai Sophia das praias que li
    Ai Listz mãos concha que ouvi!

    Esperando por mais, Bj.

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    1. Obrigada, Agostinho,
      Deixou-me uns versos muito bonitos.
      Beijinho. :))

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  4. Elementos de muito bom gosto, numa postagem muito bela,
    Beijinho
    ~~~~

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  5. Que bom ver-te outra vez por aqui. Lindo poema! E boa música...sempre!

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    1. Querida Maria João,
      Ando a ler o seu livro. Está a dar-me muito prazer. :))
      Bjs.

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  6. Três coisas boas à nossa espera:), obrigada. Talvez para suprir o tempo em que a janela esteve em suspenso...

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  7. Com esta música maravilhosa apetece acrescentar um pouco mais do seu Abismo:

    Vácuo, o momento, o lugar. Tudo de repente é oco —
    Mesmo o meu estar a pensar.
    Tudo — eu e o mundo em redor —
    Fica mais que exterior.

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  8. Joaquim Ramos,
    Muito obrigada pelo seu apontamento.
    Bom fim de semana!:))

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