01/10/2018

No dia da música: A REVOLUÇÃO DAS FLORES

Jan Brueghel, o Velho, detalhe -
Still Life with a Cop, a Crown of Flowers and a bouquet,
(retirado do site assinalado na imagem: arte.sunlight.com)

Still Life with a Cop, a Crown of Flowers and a bouquet of F - Jan Brueghel the Elder


A REVOLUÇÃO DAS FLORES
Correspondendo a um apelo subterrâneo há vários dias que as dálias, as cinerárias, os gerânios e as hortências se recusam a florirem e os jasmineiros e as violetas a exalarem o seu aroma penetrante. De entre as rosas foram as vermelhas as primeiras a aderir. Comités de flores que se formaram espontaneamente em todos os jardins reivindicam o direito de florir em qualquer estação do ano, medidas eficazes contra as arbitrariedades das floristas, a extinção pura e simples das estufas. Uma nuvem de pó cobre a cidade. Em vão a polícia controla os portos e as fronteiras. A exportação de bolbos e sementes foi suspensa entretanto. Na Madeira o movimento foi desencadeado pelas estrelícias. Tulipas que viajavam de avião e se destinavam a abastecer o mercado londrino murcharam colectivamente. No Extremo Oriente, crisântemos negros invadem as ruas de cidades como Tóquio e Pequim. Apanhadas desprevenidas as borboletas, abelhas, vespas e outros insectos ensaiam agora perigosos voos sobre os transeuntes. Às dezasseis horas numa conferência de imprensa realizada no Jardim de S. Lázaro, um grupo não identificado de flores, mas entre as quais se podia reconhecer alguns amores-perfeitos, proclamou o estado de felicidade permanente nos jardins.

Jorge Sousa Braga, Lisbon Revisited, Dias de Poesia (Leitura na Casa de Fernando Pessoa 14 e 15 de Junho). Lisboa:  Casa Fernando Pessoa, 2018, p. 30


Uma das  músicas  do Feiticeiro de Oz

17 comentários:

  1. Hoje é também o Dia da Arquitectura...

    Beijo amigo, Ana.

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  2. João,
    Não sabia, pois tinha referido a efeméride com uma foto de arquitectura.
    Beijinhos muito amigos. :))

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  3. Sem flores, tire esse pedaço de cortiça que lhe cobre o rosto
    e assuma-se, Ana!
    Não viva condicionada, sem liberdade de ser autêntica.
    Tenho uma pena imensa de si... digo isto, por grande amizade.
    Abraço triste.
    ~~~~

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    1. Majo,
      Desculpe mas não percebi o seu comentário.
      Beijinho.
      Ana

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    2. Eu sei que percebe, Ana.

      Aplaudo este belo e expressivo 'post'...
      Beijinho
      ~~~

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    3. Sinceramente, não.:((
      Beijinho.

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  4. A revelação perfeita. Veja-se que até as flores se rebelam em qualquer lugar e circunstância. Sendo assim podem abandonar tesouras e canivetes que são instrumentos impiedosos imbuídos de manias, nomeadamente de cortar coerce flores e ideias. Viva a revolução.
    Excelente "post", Ana.
    Bj.

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    1. Que doçura a sua imagem.

      Beijinhos e bom Domingo!:))

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  5. Gostei muito, ana.
    Um post muito bonito.
    Beijinhos

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    1. Obrigada, Pedro.
      Desejo que esteja tudo mais calmo relativamente ao clima.
      Beijinho.:))

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  6. Gostei imenso de ler as palavras poéticas de Jorge Sousa Braga e que foram bem acompanhadas pelo excerto do filme de Victor Fleming, o fabuloso "Feiticeiro de Oz"!
    Muito boa tarde!

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    1. Boa noite!:))
      É um filme de culto cá de casa. :))
      Obrigada.

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  7. Gosto muito do "Feiticeiro de Oz", que revejo de longe em longe.
    Gostei muito da originalidade da foto!

    Beijinhos e bom fim-de-semana (quase, quase a chegar e prolongado!)

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    1. Isabel,
      O meu fim de semana teve mais um dia pois exerci um direito que achei ser justo. :))
      Beijinhos. :))

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