"BLITZ - É considerado de forma quase unânime uma das pessoas mais amáveis da música em Portugal. Essa forma de estar é, também, gratidão pelo que foi recebendo?
JOSÉ PEDRO - Sempre fui educado nessa fórmula do dar e receber. Em cima do palco, então, essa maneira de estar é crucial. Recebemos muita energia e, quando não conseguimos dar, eu e os meus colegas ficamos um bocado pírulas. Aí aparecem os egocêntricos do «grande artista», ficamos com acumulação de energia que as pessoas te dão. Tocar para muita gente tem essa parte: é uma força muito forte, e a maneira mais fácil, mais natural e mais saudável de lidar com isso é dar e retribuir essa energia. Isso aplica-se no dia-a-dia. Se uma pessoa recebe, e eu realmente recebo muito carinho, muita admiração, muita proteção e muita força, especialmente em momentos mais difíceis, essas coisas têm de ser retribuídas."
Esta obra foi vendida pela leiloeira Christie`s por cerca de 505.250 libras (573.964 euros). (Noticiado pela agência Lusa)
Começou imediatamente a louvar a sua devoção. Não entrara porque não quisera perturbar o
seu recolhimento. Mas aprovava-a muito! A falta de religião era a causa de toda a imoralidade
que grassava...
- E além disso é de boa educação. Vossa Excelência há de reparar que toda a nobreza
cumpre...
Calou-se; aprumava a estatura, todo satisfeito de descer o Chiado com aquela linda senhora,
tão olhada. Mesmo, ao passar por um grupo, curvou-se para ela misteriosamente; disse-lhe ao
ouvido, sorrindo:
- Está um dia apreciável!
E ofereceu-lhe bolos à porta do Baltresqui. Luísa recusou.
- Sinto. Todavia acho muito sensata a regularidade nas comidas.
A sua voz vinha agora a Luísa com a impertinência de um zumbido; apesar de não fazer calor,
abafava, picava-lhe o sangue no corpo; tinha vontade de deitar a correr, de repente; e todavia
caminhava devagar, infeliz, como sonâmbula, cheia de necessidade de chorar.
Sem razão, ao acaso, entrou no Valente. Era hora e meia! Depois de hesitar pediu gravatas de
fular a um caixeiro louro e jovial.
- Brancas? De cor? De riscas? Com pintinhas?
- Sim, verei, sortidas.
Não lhe agradavam. Desdobrava-as, sacudia-as, punha-as de lado; e olhava em roda
vagamente, pálida... O caixeiro perguntou-lhe se estava incomodada: ofereceu-lhe água,
qualquer coisa...
Não era nada; o ar é que lhe fazia
bem; voltaria. Saiu. O Conselheiro, muito solícito, prontificou-se a acompanhá-la a uma boa farmácia tomar água de flor de laranja...Desciam então a Rua Nova do Carmo, e o Conselheiro ia afirmando que o caixeiro fora muito polido; não se admirava, porque no comércio havia filhos de boas famílias; citou exemplos.
Eça de Queirós, O Primo Basílio. Lisboa: Colecção Livros do Brasil, p. 197. s.d.
A Paixão de Van Gogh resume-se à beleza da tela animada e a uma história através de uma paleta virtual.
1. “Vincent,” painted by Anna Kluza. Robert Gulaczyk as Vincent van Gogh, inspired by van Gogh's self portrait. Photo courtesy of Good Deed Entertainment and BreakThru Films.
2. “What Dr. Gachet? No, I Wouldn’t Have Said That,” painted by Christos Marmeris.The second of five Adeline Ravoux (Eleanor Tomlinson) close-ups at the window. Here she is commenting on the supposed friendship between Dr. Gachet and van Gogh. Photo courtesy of Good Deed Entertainment and BreakThru Films.
3. “Chaponval,” painted by Anna Wydrych Design painting combining van Gogh’s paintings “Houses at Auvers” and “Thatched Cottages at Cordeville.” Photo courtesy of Good Deed Entertainment and BreakThru Films.
4. “Dr. Gachet,” painted by Piotr Dominiak.
5. “How I Remember Him,” painted by Marlena Jopyk-Misiak.
In this “Noir Vincent” shot, Armand Roulin (Douglas Booth) enters “Bedroom in Arles” and is confronted by the spectacle of Vincent covered in blood on the "night of the ear."
Photo courtesy of Good Deed Entertainment and BreakThru Films.
6. “Marguerite Gachet,” painted by Bartosz Armusiewicz
Saoirse Ronan as Marguerite Gachet, the mecurial doctor's daughter. Inspired by van Gogh's “Marguerite Gachet at the Piano.” Photo courtesy of Good Deed Entertainment and BreakThru Films.
A inacção consola de tudo. Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo, desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho. E cada um de nós, se deveras se conhece, quer ser rei do mundo.
Não ser, pensando, é o trono. Não querer, desejando, é a coroa. Temos o que abdicamos, porque o conservamos, sonhando, intacto eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver.
s.d.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Vol.I. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990, p. 221.