15/07/2017

A luz - "em sonho"

O que se procura é a luz!

Sagrada Família, Barcelona



A inacção consola de tudo.    [Será?]


A inacção consola de tudo. Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo, desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho. E cada um de nós, se deveras se conhece, quer ser rei do mundo.
Não ser, pensando, é o trono. Não querer, desejando, é a coroa. Temos o que abdicamos, porque o conservamos, sonhando, intacto eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver.

s.d.


Bernardo Soares, Livro do Desassossego. Vol.I,(Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990. p.221.


16 comentários:

  1. Se PJ brilha é porque tem luz
    que actua e consola
    logo é consola
    suporte da imaginação.
    Imaginemos!

    Olhemos a fotografia
    (que presumo da Ana)
    e elevemos-nos ao alto
    em convergência com o infinito:
    veremos a luz
    Imaginemos!

    BS paradigma do paradoxo
    solução do impossível
    na acção que se desmaterializa Imaginemos!

    Bj, Ana.

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    1. Obrigada, Agostinho.
      Apreciei sobremaneira este seu poema.
      Beijinho.:))

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  2. Que foto linda!!
    Oh e a composicao musical.... Nunca tinha ouvido Philippe Jarousssky.
    Obrigada, Ana.
    Tenho conhecido tantos compositores e cantores aqui neste seu blogue!
    Bjos

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  3. Enquanto sonhamos, podemos ser tudo, mas a inacção também pode ser muito perigosa.

    Gostei muito da foto!
    Beijinhos, bom domingo e espero que já estejas com menos trabalho:)

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    1. Pois pode, Isabel.
      Obrigada.
      Beijinhos e bom domingo este desta semana. :))

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  4. Tenho visto esta catedral crescer nos últimos 20 anos, acompanhando-a a par e passo.
    Sofreu, infelizmente, intervenções menos felizes, como o pórtico/fachada da paixão, que, confesso, não me faz olhar para ele mais que dois minutos, e mesmo esses, a pensar como Josep Subirachs perdeu uma hipótese única de fazer algo que pudesse estar à altura do génio de Gaudí, apesar de perceber que qualquer intervenção naquele edifício seria muito complicada face à magia que o mestre tinha inculcado através da sua imaginação e fantástica criatividade.
    No entanto, as intervenções no interior creio estarem à altura do grande mestre, porquanto o espaço é leve, luminoso, etéreo, com uma sensação de leveza elegante, mercê do uso de uma estrutura que está de acordo com o que Gaudí tinha imaginado, apesar dos materiais utilizados serem adaptados às novas tecnologias, tornando a edificação mais comportável em termos económicos, não perdendo nada em beleza.

    Gostaria de salientar que o recanto que Gaudí tinha como preferido em Barcelona, porque era devoto do santo, é igualmente aquele de que mais gosto (e eu gosto de muiiiita coisa em Barcelona) - a praça de San Felipe Neri, com a fachada da igreja do mesmo nome cravejada de buracos de balas com que a praça foi bombardeada em 38, durante a Guerra Civil espanhola. Impressionante.
    E a praça é uma jóia, apesar da sua frequência ser duvidosa, sobretudo à noite, quando a sua magia é maior.
    Tem tido intervenções para a tornar mais segura e parece estar a resultar. Veremos ...
    Um bom tempo para si
    Manel

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    1. Claro que não necessito de lhe dizer como gosto da música pois está a usar dois elementos que me encantam, o génio de Vivaldi e a voz de Jaroussky, nesta ordem.

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    2. Manuel.
      Obrigada e foi muito bom vê-lo por aqui.
      Gosto muito do interior e tem razão quanto ao pórtico /fachada da paixão.
      Não conheço a Igreja de S. Filipe Néri, nem estive na Praça com o mesmo nome, o que me parece lamentável pois a história da guerra civil é um momento tão interessante.
      Obrigada pela sua partilha. Vou anotar para quando for a uma próxima visita a Barcelona.
      Boas férias. :))

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    3. Sim, Manuel, sei que aprecia Vivaldi e Jaroussky. Obrigada.:))

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    4. Gostaria, se não se importar, de lhe deixar aqui o nome de um livro que li recentemente, e com muito gosto, escrito por uma senhora que tenho o prazer de conhecer, com formação em História e que neste momento se encontra a lecionar História da Arte, e da qual tenho as melhores referências; a escritora baseia-se nos estudos e pesquisas que levou a cabo para a sua tese de mestrado.
      Está relacionado com o período da Guerra Civil espanhola e das relações com Portugal: "Os silêncios dos Wehmeyer", de Fernanda Sande Candeias. A edição é da Ego Editora.
      É possível que a sua leitura lhe agrade, a mim encantou-me, sobretudo pelo ambiente de intimidade que a autora conseguiu criar ao longo da narrativa.
      Manel

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    1. Obrigada, Margarida.
      Este livro de FP, na pele de Bernardo Soares, espécie de Bíblia, é um livro tão rico.
      Beijinhos. :))

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  6. Há inacções produtivas e necessárias. E outras que até dão raiva e "metem espécie" a quem as assiste. É quase verdade que desejando somos reis e sonhando temos o mundo que a realidade não se cansa de negar. Mas o desalento espreita sonho e desejo eternos. Bernardo Soares espanta-me sempre num dos livros que não li todo.
    Aprecio os contratenores nem sei porquê, nem gosto de ópera. Julgo que seja da colocação de voz que acho muito bela, uma transcrição enlevada do que há de melhor na alma humana. A Sagrada Família é obra que não se esquece, há coisas assim, marcam-nos. E nem parecem saídas de mente humana.

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  7. Não sei se é assim, Ana.
    Cada vez tenho mais dúvidas e menos certezas.
    Vamos vivendo, acertando aqui, errando acolá, sem trono nem coroa. De que servirá o sonho, se disso não passar?
    Beijinho e boas férias

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