29/12/2018

Da Terra...

Da Terra  para o Céu, 
um
 Feliz Ano Novo!



O passado,                        o presente,                                 o futuro





O futuro é uma equação desconhecida, por isso escolhi as cores quentes para que ele nos
traga harmonia, calor e amor.






22/12/2018

08/12/2018

Máscara na caixa quadrada



Depus a máscara e vi-me ao espelho.

Depus a máscara e vi-me ao espelho.
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sou a máscara.
E volto à personalidade como a um terminus de linha.

18-8-1934


Álvaro de Campos, Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 61.


Já se canta o Natal...

01/12/2018

"Ó ditosa ventura!"

Noite Escura
Em uma Noite escura,
com ânsias em amores inflamada,
ó ditosa ventura!
saí sem ser notada,
estando minha casa sossegada.

A ocultas, e segura,
pela secreta escada, disfarçada,
ó ditosa ventura!,
a ocultas, embuçada,
estando minha casa sossegada.
Em uma Noite ditosa,
tão em segredo que ninguém me via,
nem eu nenhuma cousa,
sem outra luz e guia
senão aquela que em meu seio ardia.

Só ela me guiava
mais certa do que a luz do meio-dia,
aonde me esperava
quem eu mui bem sabia,
em parte onde ninguém aparecia.
Ó Noite que guiaste!,
ó Noite amável mais que a alvorada!,
ó Noite que juntaste
Amado com amada,
amada nesse Amado transformada!


No meu peito florido,
que inteiro para ele se guardava,
quedou adormecido
do prazer que eu lhe dava,
e a brisa no alto cedro suspirava.
Da torre a brisa amena,
quando eu a seus cabelos revolvia,
com fina mão serena
a meu colo feria,
e todos meus sentidos suspendia.

Quedei-me e me olvidei,
e o rosto inclinei sobre o do Amado:
tudo cessou, me dei,
deixando meu cuidado
por entre as açucenas olvidado.
São Jão da Cruz, Transcrito de Poesia de 26 Séculos, (Tradução de Jorge de Sena) Coimbra: Fora do Texto, 1993.

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