com ânsias em amores inflamada,
ó ditosa ventura!
saí sem ser notada,
estando minha casa sossegada.
pela secreta escada, disfarçada,
ó ditosa ventura!,
a ocultas, embuçada,
estando minha casa sossegada.
Em uma Noite ditosa,
tão em segredo que ninguém me via,
nem eu nenhuma cousa,
sem outra luz e guia
senão aquela que em meu seio ardia.
ó Noite amável mais que a alvorada!,
ó Noite que juntaste
Amado com amada,
amada nesse Amado transformada!
No meu peito florido,
que inteiro para ele se guardava,
ó ditosa ventura!,
a ocultas, embuçada,
estando minha casa sossegada.
Em uma Noite ditosa,
tão em segredo que ninguém me via,
nem eu nenhuma cousa,
sem outra luz e guia
senão aquela que em meu seio ardia.
Só ela me guiava
mais certa do que a luz do meio-dia,
aonde me esperava
quem eu mui bem sabia,
em parte onde ninguém aparecia.
Ó Noite que guiaste!,mais certa do que a luz do meio-dia,
aonde me esperava
quem eu mui bem sabia,
em parte onde ninguém aparecia.
ó Noite amável mais que a alvorada!,
ó Noite que juntaste
Amado com amada,
amada nesse Amado transformada!
No meu peito florido,
que inteiro para ele se guardava,
quedou adormecido
do prazer que eu lhe dava,
e a brisa no alto cedro suspirava.
Da torre a brisa amena,
quando eu a seus cabelos revolvia,
com fina mão serena
a meu colo feria,
e todos meus sentidos suspendia.
Quedei-me e me olvidei,
e o rosto inclinei sobre o do Amado:
tudo cessou, me dei,
deixando meu cuidado
por entre as açucenas olvidado.
do prazer que eu lhe dava,
e a brisa no alto cedro suspirava.
Da torre a brisa amena,
quando eu a seus cabelos revolvia,
com fina mão serena
a meu colo feria,
e todos meus sentidos suspendia.
Quedei-me e me olvidei,
e o rosto inclinei sobre o do Amado:
tudo cessou, me dei,
deixando meu cuidado
por entre as açucenas olvidado.
São Jão da Cruz, Transcrito de Poesia de 26 Séculos, (Tradução de Jorge de Sena) Coimbra: Fora do Texto, 1993.
Interessante a tua imagem, Ana.
ResponderEliminarFiquei maravilhado com a genial e divertida ( é mesmo o caso ) destes quatro pianistas à volta dos Concertos de Bach !
Quem poderá não ficar "agarrado" à sua interpretação ?
Um beijo e um obrigado por estes momentos fantásticos com que nos brindas.
Até me esqueci de referir a beleza poética contida em Ó DITOSA VENTURA ! numa "tradução" primorosa de Jorge de Sena !
ResponderEliminarOutro beijo ( por bem merecido ).
Dois grandes mestres: Bach e S. João da Cruz. Obrigada. Bom Domingo
ResponderEliminarObrigada, Bea.
EliminarSeja sempre bem-vinda, apesar das minhas ausências. :))
Tudo sempre bonito, por aqui.
ResponderEliminarBeijo
Lídia