Ramon Casas (1866-1932), Jove decadeant (Després del ball). Oli sobre tela, 46,5 x 56 cm, 1899. Museu de Monserrat, Abadia de Monserrat, Espanha
Conheci esta tela através da capa do livro de Pamuk, O Romancista Ingénuo e o Sentimental. Um livro que comecei a ler ontem, após me ser oferecido.
1. O que se passa na nossa cabeça quando lemos romances
Os romances são vidas segundas, vidas paralelas às nossas. Como os sonhos de que fala o poeta francês Gérard de Nerval, os romances revelam o colorido e as complexidades das nossas vidas e estão cheios de gente, rostos e objetos que pensamos reconhecer. Tal como nos sonhos, quando estamos a ler romances somos, por vezes, tão fortemente atingidos pela natureza extraordinária das coisas com que nos deparamos que chegamos a esquecer onde estamos e vemo-nos no meio do acontecimento e pessoas imaginárias que se nos apresentam pela frente. Nessas alturas, sentimos que o mundo ficcional com que deparamos e a que nos encarregamos com entusiasmo é mais real do que o próprio mundo da realidade quotidiana. Que essa vida paralela, essa vida segunda possa parecer-nos mais real do que a realidade significa frequentemente que substituímos a realidade pelos romances, ou pelo menos confundimos a realidade do romance com a vida real. Mas nunca nos queixamos, nunca nos arrependemos dessa ilusão, dessa ingenuidade. Pelo contrário, como quando temos certos sonhos, queremos que o romance que estamos a ler continue e esperamos que essa vida paralela provoque em nós um sentido sólido, consistente da realidade e da autenticidade.
Orhan Pamuk, O Romancista Ingénuo e o Sentimental, Barcarena: Editorial Presença,(trad. de Álvaro Manuel Machado) 2012, p. 11.
Gosto muito desta composição. O romance é, muitas vezes, uma fase da nossa vida que gostaríamos de ter vivido tal e qual o romancista nos conta... se tiver um final feliz!
ResponderEliminarNão sei por que, Ana, mas ao ver a belíssima pintura lembrei-me de Luísa, de Primo Basílio. Seria assim que Eça de Queiroz idealizava o enlevo de Luíza? Boa semana, abraços.
ResponderEliminarEssa é a reacção (normal) que se tem quando se lê um bom romance, ana.
ResponderEliminarBeijinho e votos de boa semana!
Quantas vezes, ao ler um romance, nos sentimos parte integrante dele.
ResponderEliminarParece que as nossas vivências estão no papel... é estranho de tão real! Existem escritores capazes disso.
Uma boa semana. Beijinhos
Gostei muito do texto - bem verdadeiro. Por vezes até temos pena de ver o livro a acabar e ficamos com saudades das personagens. Bjs!
ResponderEliminarAntigamente quando lia um livro que me apaixonava, ficava tão embrenhada na leitura, que perdia a noção do tempo e do espaço. Agora isso não me acontece tanto, por dificuldade de concentração. Acontece-me ainda de vez em quando no cinema.
ResponderEliminarParece um livro interessante.
Um beijinho e boa semana
O que acontecia à isabel, ainda hoje me acontece com certos livros, tanto que passo noites inteiras a lê-los e só dou pelas horas quando o despertador toca para ir trabalhar, eheheh.
ResponderEliminarBeijo
Catarina,
ResponderEliminarOfereceram-me este livro que é o resultado de seis conferências de Pamuk na Universidade de Harvard partindo do ensaio de Schiller Sobre Poesia Ingénua e a Sentimental.
Abraço! :)
Jane,
Não me lembrei dessa possibilidade mas consigo imaginá-la sim.
Boa semana também, um abraço ! :)
Pedro,
Às vezes faz mal ler um romance pois vivemos num mundo ficcional e quando descemos à realidade é mais triste!
beijinho e boa semana!:)
Cláudia,
Há escritores que nos levam a entrar no romance sim e é bom enquanto lá entramos.
Beijinhos! :)
Margarida,
É verdade. Quantas vezes temos pena do que acabamos de ler... É interessante a visão de Pamuk.
Beijinhos. :)
Isabel,
Anda me acontece mas às vezes cedo ao cansaço do trabalho. É interessante.
Beijinhos.:)
Carlota,
O mesmo se passa comigo. Às vezes durmo pouquíssimo. Agora por causa do trabalho estou mais disciplinada.
Beijinhos. :)
Belíssima pintura
ResponderEliminarQuanto ao resto
tudo depende do romance
e da nossa cabeça
Bj
Ler um romance é pensar que é possivel e quando ao descrevê-lo, a vida ganha corpo, penso: como foi bom, é possivel.
ResponderEliminarMesmo por segundos ele existiu, então, existe.
Bjs meus
Mar Arável,
ResponderEliminarDepois do baile vem a fadiga!:))
Obrigada e penso que tem toda a razão.
Bj.
Amigas Vurdóns,
Que comentário tão belo, como o queria agarrar.
Obrigada!
9 Bjs. :)))))))))
Que interessante aquele quadro! Não li nada de Pamuk.
ResponderEliminarbeijinhos
MJ,
ResponderEliminarVai gostar com certeza. Este livro é o resultado de seis conferências sobre romance. É um livro muito interessante e bem escrito.
Leva-nos aos bastidores do romance. Foca o seu olhar em alguns romances clássicos e magníficos.
Beijinhos. :))