Entardecer
A cidade dormiu cedo.
A lua ilumina o céu, vem a voz de um negro do mar em frente.
Canta a amargura da sua vida desde que a amada se foi.
No trapiche as crianças já dormem.
A paz da noite envolve os esposos.
O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima.
Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor.
Mas no coração dos dois meninos não há nenhum medo.
Somente paz, a paz da noite da Bahia.
Então a luz da lua se estendeu sobre todos,
as estrelas brilharam ainda mais no céu,
o mar ficou de todo manso
(talvez que Iemanjá tivesse vindo também a ouvir música)
e a cidade era como que um grande carrossel
onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia.
Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos,
soltando palavrões e fumando pontas de cigarro,
eram, em verdade, os donos da cidade,
os que a conheciam totalmente,
os que totalmente a amavam,
os seus poetas.
Jorge Amado, Capitães da Areiahttp://mundodelivros.com/poemas-de-jorge-amado/
Olá Ana
ResponderEliminarOs Capitães da Areia é uma das minhas obras de eleição.
Uma Ave Maria sempre emocionante de ouvir.
beijinhos
tão bonita, esta Avé Maria de schubert cantada por Pavarotti. E tanto gostei do livro Os Capitães da Areia, comprado num momento de inspiração:).
ResponderEliminarDesejo-lhe boa semana
Gostei muito. Aproveito para deixar votos de Feliz Ano de 2020!
ResponderEliminarMaravilhoso poeta e linda imagem...
ResponderEliminarDuas preciosidades, aqui.
ResponderEliminarSalvador: polo numa geometria que se dilui.
Beijo