As coisas nítidas confortam, e as coisas ao sol confortam.
As coisas nítidas confortam, e as coisas ao sol confortam. Ver passar a vida sob um dia azul compensa-me de muito. Esqueço indefinidamente, esqueço mais do que podia lembrar. O meu coração translúcido e aéreo penetra-se da suficiência das coisas, e olhar basta-me carinhosamente. Nunca eu fui outra coisa que uma visão incorpórea, despida de toda a alma salvo um vago ar que passou e que via.
s.d.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego por Vol.II. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982, p. 266.
MR, sei que gosta de livros de viagens e de viajar. Aqui fica um trecho do livro que ando a ler: Egipto, Notas de Viagem, de Eça de Queirós. (Optei por transcrever com o português da época por achar engraçado.)
Quando a tarde cahía, fomos vêr a columna de Pompeu. É uma alta columna grega, de granito rosado, que se ergue sobre uma colina d'areia. Foi elevada em honra de Diocleciano por um Prefeito do Egypto.
Alli, n'aquella solidão, tem uma melancholia altiva e cheia de passado. Ao pé, negreja uma estátua de granito do tempo de Ramsés, meia enterrada na areia,coberta de immundicies.
Eça de Queiroz, O Egipto, Notas de Viagem. Porto: Lello & Irmão, 1945 (4ª Edição) p.42
Sou garoto curioso, e pra bem me instruir, o que me é misterioso, tento logo descobrir. Sem certeza ou sem fé, indago desde pequeno: se a vaca bebesse café, o leite seria moreno?