27/01/2009

Le Corbusier, Viagem do Oriente 3

Palácio de Schönbrunn , a Gloriette do parque vista a partir da fonte de Neptuno

VIENA

“Os ricos para ajudar os pobres, divertem-se. Respeitemo-los! Seria ridículo que eles também se entediassem. Com isso os pobres seriam privados do espectáculo de seus divertimentos e nem a menor parcela da humanidade se alegraria. (…)
Assim, hoje é “Blumen Tag”, festa das flores, transbordamento de cores e ostentaçãode luxo. As ruas que levam ao Prater estão repletas de uma multidão imunda. (…)
Viena vale por esta música ( que aproveitei muito outrora, quando Mahler regia a orquestra) e por sua arquitectura barroca. Elas desaparecem hoje, as nobres igrejas, as casas principescas dos séculos XVII e XVIII, sob a invasão da engenharia moderna, o ambiente é massacrado sem piedade e precisamos buscar refúgio nos retiros dos velhos parques à francesa – Schoenbrunn, e quase melhor ainda, os jardins de Baldevere. (…)
De modo que, em última instância, a impressão de Viena permanece tristonha, mais uma vez e não obstante esforços de assimilação sinceros, abafados por uma atmosfera de grandeza financeira sem gosto, que pesa, esmaga e ofusca. Tristonha permanece a Viena de hoje, para nós que apenas passamos por ela, sem penetrar até sua alma”


Le Corbusier - A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Nayfi, 2007 (apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro), p. 29-35.

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