Barbara Regina Dietzsch (1706-1783), Cardo com Insectos.
Guache sobre velino, Alemanha
Cardo
Os contornos das suas folhas espinhosas espetam e rasgam como pequenos picos, desencorajando o toque. No entanto, a vistosa flor que coroa a haste tem uma doce fragrância, atraindo borboletas, insectos, abelhas e pássaros. (...) Na mitologia, o cardo não cresceu no Jardim do Éden; pelo contrário, os cardos e os espinhos apareceram como castigos depois do Pecado, em oposição à bênção dos figos e das uvas do Paraíso. (...) na crença popular ele é visto como uma oferta do Diabo. No entanto, o cardo também transmite as ideias de amor que sobrevive ao sofrimento e do trabalho que sobrevive às privações. O cardo é associado ao amor mundano de Afrodite bem como à amorosa compaixão da Virgem Maria. (...)
A Escócia, que tem o cardo como símbolo nacional, celebrava o carácter deste numa lenda do século X. Os invasores viquingues, esperando atacar furtivamente o castelo de Staines, tiraram as botas. Mas os escoceses tinham enchido de cardos a fossa seca do castelo e os gritos do inimigo traíram a sua presença. Organicamente, as raízes do cardo dão origem a uma flor doce e a haste rude, pelo que se diz que essas raízes propagam a melancolia.
Marina Heilmeyer, The Language of Flowers: Symbols and Miths, Munique e Londres, 2001, p. 26.
Imagem e texto retirado de
O Livro dos Símbolos, Reflexões Sobre Imagens Arquetípicas, Taschen, Katthleen Martin, pp.166-167.
LÁGRIMAS DA PÁTRIA / ANNO 1636
Está tudo devastado e mais que devastado!
as hordas agressivas, a trombeta que arrasa,
A espada a beber sangue, a metralha que abrasa,
Consomem todo o esforço, trabalho e pão guardado.
As torres num braseiro, a igreja está no chão,
A Câmara em ruínas, os fortes já os não vemos,
Donzelas violentas - para onde quer que olhemos
Há fogo, peste e morte varrendo o coração.
Muralhas e cidade sempre em sangue ensopadas.
Três vezes já seis anos as ribeiras pejadas
De cadáveres que impedem a água correr.
Para não falar daquilo que é pior do que a morte,
Mais terrível que peste e fome e fogo forte:
Que os tesouros da alma se deitem a perder!
Andreas Gryphius, (1616-1664), in O Cardo e a Rosa, Poesia do Barroco Alemão,
selecção, tradução e prefácio de João Barrento, Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 19
Auto-retrato de Albrecht.Dürer. Ele segura na mão planta do género Eryngium (cardo) - 1493