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26/04/2019

Árvore, cujo pomo, belo e brando


Árvore, cujo pomo, belo e brando

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruito debuxando.

Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões


27/10/2016

Incerteza

Incerteza

desliza levemente
no sopro quente de outono
a folha dourada, tesouro ostensivo
da natureza morta.

Com ela vão os registos inscritos,
as promessas de amor
incerteza constante
de sonhos perdidos.

Castelo numa rocha suspensa,
Magritte  com olhos e boca amordaçados
não vê, não grita quão incerto é o amor.

Eva mordeu a maçã da árvore proibida
Adão é inocente e Eva é julgada
na assembleia dos deuses.

ana

Gosto muito desta interpretação de Yves Montand

15/11/2015

A voz do mar

Nem o mar ao longe, nem as árvores serenas,
acalmaram a tarde de Outono, quebrada pela notícias francesas do atentado islâmico.



Foto de Thibault Camus/AP
Em honra das vítimas do atentado, Cafetaria Carillon, Paris

Homem se emociona diante de objetos de tributo deixados em frente à cafeteria Carillon, em Paris, onde um dos ataques terroristas ocorreu (Foto: Thibault Camus/AP)

O lançamento do livro de poesia : Não sei se o Vento de Rui Miguel Fragas, um amigo, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz.



A voz do mar 

pertence ao mar. E o  canto dos pássaros não te
pertence. Ouve os pássaros e ouve o mar e o vento
que sopra ao longe. Escuta os sinos da tua voz, lá
dentro do teu peito: há em tudo o que escutas

o mesmo rumor.

Mesmo que seja só uma promessa de sílaba uma
vogal apenas ou o rasto de uma vogal. Mesmo que
não chegue para dizer o teu nome, mesmo

que não chegue para me chamar.

O que está dentro do teu peito é mais do que tu: e o
que ouves é sempre mais

do que és capaz de dizer. A demora da luz e os
rituais da distância têm voz

mas não têm nome.

Só o rosário do silêncio me chama e ainda sou
capaz de ouvir as baleias do outro lado do mundo.
Só sei responder ao vento: por isso se me chamares

não te responderei.

Não queiras mais nada para além dessa sílaba
adiada, dessa vogal ou eco e do eco dessa vogal.

O teu nome é um nebuloso sussurro: vem de longe
e vai para longe, para lá de todas as luas de 
saturno. És uma invocação sem apelo.

não tens nome quando te chamo.

 Rui Miguel Fragas, Não sei se o Vento.Óbidos: Poética Edições, 2015, p. 61.

Na apresentação do livro, o Rui disse que o mundo é em si poesia.
Respondo só o é para quem a vê. Poucos são os que a vêem, perdoem-me a arrogância.
A escolha do poema inscreve-se no nome anónimo dos que morreram no atentado  em França. O mar é agora a sua liberdade, mas pagaram-na bem cara.

A minha homenagem às vítimas do atentado de sexta-feira 13 em Paris: que a vida não seja apenas as folhas mortas que caem...,
na voz de Yves Montant



27/09/2015

Apesar de ser Outono

também pode haver luz


«Uma folha quando cai da árvore, não cai, dança. Devagarinho ela vai voando numa dança de adeus e alegria, a dança de roda das quatro estações. (…)»
-
Graça Vilhena, «Uma roda que não pára»

Viva o Outono!

Retirado de Memórias e Imagens


07/01/2015

O poder dos livros...

Comecei a ler o livro: No Café da Juventude Perdida de Patrick Modiano. Dá vontade de encontrar um café assim...
Causa, no entanto, alguma nostalgia juntamente com o Inverno. Apetece dizer: Carpe Diem, pega na mochila e parte.
Janelas de Paris


O ano começa no mês de Outubro. É o início das aulas e julgo ser a estação dos projectos. Portanto, se Louki entrou no Condé pela primeira vez em Outubro, foi por ter rompido com uma parte da sua vida  e querer COMEÇAR DE NOVO, como se lê nos romances.

Patrick Modiano, No Café da Juventude Perdida. Lisboa: Asa, 2014 (2ª edição), p. 17.




Três vozes incontornáveis

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