24/02/2018

Tecnologia versus Humanidade

Tecnologia versus Humanidade, é um velho debate, um debate intemporal, chegou-me através de um marcador. Porém, é a realidade que nos cerca, a inteligência que nos toca, mas nada chega para  apagar a beleza da rosa.

Tecnologia versus Humanidade, o Robot e a Rosa


Estou cansado da inteligência.

Estou cansado da inteligência.
Pensar faz mal às emoções.
Uma grande reacção aparece.
Chora-se de repente, e todas as tias mortas fazem chá de novo
Na casa antiga da quinta velha.
Pára. meu coração!
Sossega, minha esperança factícia!
Quem me dera nunca ter sido senão o menino que fui...
Meu sono bom porque tinha simplesmente sono e não ideias que esquecer!
Meu horizonte de quintal e praia!
Meu fim antes do princípio!
Estou cansado da inteligência.
Se ao menos com ela se percebesse qualquer coisa!
Mas só percebo um cansaço no fundo, como baixam internas
Aquelas coisas que o vinho tem e amodorram o vinho.


18-6-1930

Álvaro de Campos, Livro de Versos  (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993, p. 125.


10 comentários:

  1. Como sempre, um 'post' de qualidade e bom gosto.

    Ainda em recesso, ando a dar uma volta distribuindo abraços...

    Beijinho
    ~~~~

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    1. Obrigada, Majo.
      Eu ainda um pouco isolada.:))
      Beijinho.:))

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  2. Um poema tão bonito. Verdade, dormir é bom quando se tem apenas sono.

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    1. Gostei muito deste poema de Álvaro de Campos.
      Bom domingo!:))

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  3. A tecnologia não é um mal em si mesma.
    O abuso da tecnologia é que é.
    Beijinhos, boa semana

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  4. Com muito gosto. Chegou no ponto.

    Entre tanto desenvolvimento e inteligência, o homem adormecido vive
    A ditadura do cifrão convive, perigosamente, com o obscurantismo
    e a estupidez platinada
    Os direitos humanos, os valores do humanismo,
    são relativizados
    A ONU sofre de autismo
    e o Conselho de Segurança de cinismo.
    A inteligência da emoção salvará (ainda) o homem?

    Saúde e bj, Ana.

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    1. Não sei, Agostinho...
      Era bom pensar que sim, mas...
      Beijinho.:))

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