O começo da simplificação da nossa vida!
Não tive nenhum. :((
II - O meu olhar é nítido como um girassol.
II
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
- 24.
Uma postagem incomum tal a sua riqueza.
ResponderEliminarComeças com Alberto Caeiro (E a única inocência é não pensar ) a que juntas
( não inocentemente ) EVERYBODY HURTS ( por acaso uma música lindíssima e que eu adoro há anos ).
"Porque o vejo. Mas não penso nele "
O dia está sempre a nascer mas em momentos e sítios diferentes.
Procuro captar o que não sei, Ana.
Um grande e muito amigo beijo fora de horas.
Nunca tive nenhum Mac, mas quem trabalha num Mac não quer outro. Parece ser mais amigável.
ResponderEliminarEste poema de Alberto Caeiro é especialmente belo.
Gosto imenso do grupo REM (infelizmente extinto) e desta canção.
Bom domingo! Boa semana!
O Mac nasceu num bom dia. 😉
ResponderEliminarBom Ano!
Gostei muito do poema. Bom dia!
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