28/04/2018

De onde é quase o horizonte


De onde é quase o horizonte

De onde é quase o horizonte
Sobe uma névoa ligeira
E afaga o pequeno monte
Que pára na dianteira.

E com braços de farrapo
Quase invisíveis e frios
Faz cair seu ser de trapo
Sobre os contornos macios.


Um pouco de alto medito
A névoa só com a ver.
A vida? Não acredito.
A crença? Não sei viver.

4-3-1931


. Fernando Pessoa, Poesias. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995), p.133.


8 comentários:

  1. Terão os gatos virado as costas ao horizonte? Não, têm sempre alternativa. Não tivessem eles sete foles! O Pessoa é como os gatos: fez-se ou, ou, ou ...
    BFS.

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  2. Tão bonito este poema simples de Pessoa. E o imagine cantado por David Bowie. Da foto, julgo-a como o dia de hoje, a acinzentar, limpo de brilhos. Os gatos não me parecem descansados. Diria que mesmo com sete vidas, alguma coisa os inquieta.

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  3. A foto está gira! Os gatitos parecem prontos a atacar a comidinha!!

    O poema é bonito.

    Beijinhos e boa semana:)

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  4. Bowie a cantar Lennon.
    Se calhar estão os dois lá no Além em dueto.
    Beijinhos, boa semana

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  5. Esses gatos parecem posar para qualquer grande arquitecto ou escultor da antiguidade, tal é a sua atitude intemporal e alheia às modas.

    Fico sempre fascinado com a gataria.

    Bjos

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  6. Os gatos só gostam de água
    pelas costas

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  7. Que foto fantástica!
    Beijinho e obrigada pelo "santo" ;)

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