02/01/2017

Dualidade

Fogo de artifício a assinalar o Novo Ano:
Duas estrelas
Ao ler a introdução de Joel Serrão no livro, Fernando Pessoa Cartas a Armando Côrtes-Rodrigues, encontrei como resposta possível para os estados de alma de Pessoa, uma citação de António Sérgio sobre  Antero e os seus Sonetos, a qual determinava a "dualidade irredutível" do escritor. Esta dualidade fascinou-me sempre, daí a vontade em a registar e partilhar. O homem tem sempre algo de apolíneo e de dionisíaco. O resultado entre esses dois mundos depende do livre arbítrio.


Imagem relacionada«Dois Anteros, imagino eu»; - continua o ilustre ensaísta - chamemos-lhe, por comodidade, o Apolíneo e o Nocturno (ou Romântico). Ao primeiro, domina-o o espírito crítico do filósofo; ao segundo, o temperamento mórbido do homem. Canta o primeiro a lucidez do intelecto, o heroísmo apostólico, o claro-sol; prega o auto-domínio e a consciência plena a concentração da personalidade e da actividade pensante; afirma ao mesmo tempo uma filosofia da imanência, intelectualista e aristocrata, e exalta o Amor e a Razão, concebidas como sendo irmãs, fontes de ordem e de harmonia no indivíduo e na sociedade; o segundo pelo contrário, canta a noite, o sonho, a submersão, a morte, «as regiões do vago esquecimento», a dissolução da personalidade, e o repouso da alma no Deus transcendente, na «humilde fé das obscuras gerações».*

Fernando Pessoa, Cartas a Armando Côrtes- Rodrigues. (*Introdução de Joel Serrão) Lisboa: Editorial Inquérito Lda, 1984 (2ª Edição) p. 29-30


9 comentários:

  1. Respostas
    1. Pedro,
      Muito obrigada.
      Tudo de bom para si neste 2017!:))
      Beijinho.:))

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  2. Respostas
    1. Margarida,
      Estou a gostar muito destas cartas.:))
      Beijinho grato.:))

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  3. Concordo e ninguém se atreverá a negar.
    A não ser o mentiroso.
    Belo trabalho. Vejo que a Ana regressou em força. Com força.
    Saúde! é hoje o meu voto.

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    1. Obrigada, Agostinho.
      Brindemos à saúde. :))
      Beijinhos. :))

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  4. Fernando Pessoa é simplesmente fascinante, estou precisamente a ler a sua correspondência na edição da Assírio e Alvim e como lamento a perda das suas cartas para Mário Sá Carneiro.
    Boa Tarde!

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  5. :)) Estamos então em uníssono. Também lamento essa perda.
    Boa noite.:))

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